Análise Arkade: A Hat in Time é uma aventura carismática com cara de Nintendo 64

14 de dezembro de 2017

Análise Arkade: A Hat in Time é uma aventura carismática com cara de Nintendo 64

2017 sem dúvida foi um ano e tanto para quem curte jogos de plataforma 3D daquele jeitão que o Nintendo 64 nos entregou. Tivemos Yooka-Laylee, Skylar & Plux, Super Lucky’s Tale, Super Mario Odyssey… e A Hat in Time, mais um jogo fofinho, simpático e divertido!

Ampulhetas & Mafiosos

A Hat in Time nos apresenta à simpática Hat Kid, uma garotinha que estava tranquila em sua nave, voando para casa… mas acabou se aproximando demais do planeta Mafia Town (?!), sendo abordada por um mafioso em pleno espaço (?!). O sujeito acaba causando uma baita confusão na nave, derrubando a pobre Hat Kid e todo seu estoque de Time Pieces — ampulhetas mágicas que são meio que o combustível da nave — em Mafia Town.

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Lá, ela acaba conhecendo a Moustache Girl, uma pequena encrenqueira bigoduda (?!) que se mostra disposta a ajudar nossa heroína em um primeiro momento, mas talvez tenha seus próprios interesses em jogo — incluindo aí a respeitável ambição de tornar-se uma super-heroína viajante do tempo. Assim, cabe à nossa Hat Girl passar pelos mais malucos mundos na busca pelas ampulhetas, coletando chapéus e stickers que lhe concedem novas habilidades!

Gameplay old school

A essa altura, talvez você já tenha sacado uma coisa óbvia: A Hat in Time é mais um representante do gênero Collect-a-Thon, aka aquele tipo de jogo onde cada fase é um enorme playground, repleto de coisinhas para você coletar. No caso de A Hat in Time, as coisinhas coletáveis são pedras preciosas e pedaços de lã que podem formar novos chapéus ou stickers — que são tipo botons, que você cola em seu chapéu e lhe rendem habilidades passivas, tipo mais velocidade ou a capacidade de criar projéteis de meleca explosivos.

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O gameplay é simples e funcional, e a liberdade que o jogador tem para explorar é grande. seu chapéu inicial lhe concede o poder de visualizar onde está seu objetivo principal (geralmente uma Time Piece), mas é claro que ir direto para lá nunca é um bom negócio, simplesmente porque há muito mais para ver, coletar e descobrir em cada área.

Por mais que seja um Collect-a-Thon, A Hat in Time também tem um quezinho de MetroidVania: você irá encontrar stickers em lugares impossíveis de serem alcançados… sem o chapéu/habilidade certo. Depois que você conseguir tal poder, vai perceber que já passou por diversas situações em que ele teria sido útil. Felizmente, é possível revisitar qualquer fase pela sua nave (que é meio que o hub do jogo), então não se acanhe em revisitar fases já superadas sempre que achar necessário.

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Um detalhe muito interessante é que, entre as fases tradicionais, temos também perseguições e batalhas contra chefes muito interessantes. Os bosses seguem aquele esquema “decore o padrão e aguarde uma oportunidade para atacar” típico dos anos 90, mas mesmo assim os combates contra eles são bem intensos e criativos, mantendo um nível de desafio na medida certa.

Um jogo carismático

Para um Collect-a-Thon funcionar, ele precisa ser, antes de mais nada, carismático. Não é por acaso que Mario continua sendo um ícone dos videogames, e todo mundo comemorou o relançamento de Crash Bandicoot: eles são mascotes carismáticos, que ganharam seu lugarzinho no coração dos jogadores.

A Hat in Time faz um excelente trabalho neste quesito: ainda que não seja necessariamente um primor em aspectos técnicos, seu visual é fofinho e simpático, e ele está o tempo todo surpreendendo o jogador com situações absurdas e diálogos engraçadinhos. os cenários são variados e coloridos; nada é especialmente detalhado, mas o conjunto da obra é bem agradável aos olhos.

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O character design leva boa parte do crédito por isso, mas o jogo não para por aí: existem objetos e esquisitices que estão lá somente para o jogador interagir com elas, recebendo em troca uma piadinha ou comentário irônico. Aliás, o tom de humor do jogo é ótimo, indo inocente ao humor negro com muita competência.

A trilha sonora instrumental também ajuda a criar um clima: animada, variada e “grudenta”, ela combina perfeitamente com o game, mantendo o jogador “no espírito” do jogo o tempo todo. As dublagens também são muito boas, caricatas e cheias de sotaques e trejeitos exagerados que concedem personalidade até mesmo aos chars mais secundários.

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Como em praticamente todo jogo de plataforma 3D, a câmera vez ou outra pode se tornar um tanto inconstante, especialmente em ambientes mais apertados. Nada que chegue a ser um problema sério, mas que incomoda de vez em quando, ainda que o game (sabiamente) torne a protagonista invisível quando a câmera fica muito próximo dela, para não obstruir a visão do jogador.

Este é mais um jogo financiado via Kickstarter, mas enquanto outros jogos decepcionam e parecem “mal feitos”, aqui temos um jogo muito bem polido e bem arranjado. O carinho dos produtores está claro em cada frame do jogo, e, por mais clichê e piegas que isso soe, produtos feitos com carinho deixam uma impressão muito melhor do que aqueles feitos no estilo “linha de montagem”.

Conclusão

A Hat in Time é um jogo simples, acessível e gostoso de jogar. Sem exagerar na dificuldade, seu “fator carisma” faz dele um ótimo game mesmo para crianças e pessoas que não são versadas em jogos de plataforma 3D. É aquele tipo de jogo fácil de perder a noção do tempo jogando, entre uma situação maluca e uma risada.

Análise Arkade: A Hat in Time é uma aventura carismática com cara de Nintendo 64

Se você cresceu jogando Banjo-Kazooie, Spyro the Dragon e outros games nesta linha, A Hat in Time se mostra como mais uma excelente opção para quem curte plataforma 3D e Collect-a-Thon. 2017 foi um ano cheio de jogos que parecem saídos diretamente do Nintendo 64, e A Hat in Time é mais uma grata surpresa neste nicho.

A Hat in Time foi lançado em outubro para PCs, e no começo de dezembro chegou ao Playstation 4 e ao Xbox One. Infelizmente, o game está totalmente em inglês, sem legendas em nosso idioma.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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