Com novo presidente, espera-se que a Nintendo volte ao Brasil
A Nintendo não possui representante oficial no Brasil desde 2015, fato que dificulta assistências técnicas, suporte ao consumidor e faz com que o preço dos consoles fique lá nas alturas. Consoles como Super Nintendo (SNES), Nintendo 64 (N64) e GameCube já foram fabricados nas terras tupiniquins plea Gradiente, que interrompeu essa atividade em 2003.
Desde então, a distribuição dos novos consoles — Nintendo DS, Wii, 3DS e Wii U — ficaram sob responsabilidade da Latam e Gaming do Brasil. Em 2015, devido a problemas financeiros gerados pela grande quantidade de impostos e burocracias do sistema econômico brasileiro, essa atividade também foi encerrada.
Não demorou para que a Nintendo anunciasse, oficialmente, a interrupção da venda de consoles no Brasil, o que também sofreu influência da gestão interna da empresa e das crises financeiras que ela passou — uma vez que Microsoft e Sony, por exemplo, mantiveram as atividades no Brasil.
Hoje, o badalado Nintendo Switch custa em torno de R$ 1,7 mil devido às taxas de importação, enquanto no site oficial da marca sai por, aproximadamente, $ 300. Além do preço afastar o público dos produtos, o site da Nintendo Brasil não oferece prestação de serviço adequada e suas lojas virtuais não possuem versão com a moeda brasileira, o que aumenta o custo dos jogos.
Outro fato relevante é a ausência da Nintendo na Brasil Game Show (BGS), que é a maior feira de jogos eletrônicos da América Latina. A única vez que a marca levou um estande ao evento foi em 2012. E isso não acontece por falta de esforços dos organizadores da feira.
Em matéria publicada pela IGN, Marcelo Tavares, criador da BGS, diz que realiza reuniões com a Nintendo nas edições da E3 — maior feira internacional de jogos eletrônicos — para tentar trazê-la de volta ao evento brasileiro. Segundo ele, é uma oportunidade que a empresa perde. “Pegando dados da GFK, o market shareda Nintendo está caindo. O brasileiro está carente de Nintendo”, afirma.
MOTIVO HIPOTÉTICO
Ponderando, é possível citar que essa ausência da Nintendo tem a ver com as dificuldades financeiras que a empresa passou ao longo de todo o início desse século. Mas não é motivo suficiente, uma vez que interromper a venda de consoles em outros países e deixar de participar de feiras representa um risco à recuperação econômica da marca.
Por isso, existe um consenso de que isso está relacionada à estrutura tradicional de políticas da Nintendo, na qual todas as decisões devem passar pela cúpula da empresa lá no Japão. Sem filosofias modernas de trabalho, os membros dessa cúpula acabam gerando burocracias que atrasam a implantação de estratégias comerciais.
O panorama dessa hipótese começou a mudar ainda no início do século, quando Satoru Iwata assumiu a presidência em 2002. Após seu falecimento, em 2015, Tatsumi Kimishima assumiu o cargo e garantiu boa continuidade ao trabalho.
De 2016 a 2017, por exemplo, sua aprovação entre os acionistas da marca passou de 87,14% para 97,70% — o que certamente sofreu influência do sucesso do Switch. Embora isso não tenha feito a Nintendo traçar estratégias favoráveis ao público brasileiro, a progressiva melhora no ambiente de trabalho da empresa abre espaço para boas perspectivas.
BOAS PERSPECTIVAS
Na conferência de resultados financeiros de 2018, a Nintendo anunciou seu novo presidente: Shuntaro Furukawa. A mudança foi uma surpresa a aumenta as expectativas do público para que a empresa volte a atuar no Brasil.
Há diversas curiosidades sobre o novo presidente que justificam essa esperança. Além de jovem (tem 46 anos), Furukawa trabalha desde 1994 na empresa e possui uma formação voltada ao marketing e gestão estratégica.
Na conferência em que foi anunciado como novo presidente, ele ressaltou que suas intenções consistem em “desenvolver a companhia ao máximo e balancear as tradições da Nintendo com originalidade e flexibilidade”.
Com bom currículo de liderança — é diretor externo da Pokémon Company desde 2012 e responsável pelo departamento de marketing global da Nintendo —, há um aceno nas entrelinhas de sua trajetória e discurso para a retomada da marca no Brasil. Pelo menos, é o que se espera.
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