Análise Arkade: Nefarious é um jogo de plataforma 2D que nos coloca no papel do vilão

15 de outubro de 2018

Análise Arkade: Nefarious é um jogo de plataforma 2D que nos coloca no papel do vilão

Embora o mundo dos games esteja sempre nos dando narrativas emergentes cheias de possibilidades, poucos são os jogos que nos permitem assumir o papel do vilão. Nefarious chega para quebrar este tabu, confira nossa análise!

Raptando Princesas

O protagonista de Nefarious é Crow, típico vilão que vive em uma fortaleza voadora e tem um plano megalomaníaco para conquistar o mundo. O plano em questão envolve um raio mortal; o problema é que para este raio funcionar, ele precisa da energia vital de cinco princesas.

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Assim, parte do nosso objetivo é visitar diferentes reinos, para raptar as princesas que vivem lá e usar o poder delas para alimentar nosso raio da morte. O que, convenhamos, é meio que um dia normal na vida de um vilão, né?

Poder e carisma

Em termos de gameplay, Nefarious se comporta como um jogo de plataforma 2D bem comum. Ele é até um tanto genérico eu diria: seu sistema de combate é bem precário, seu gameplay não é tão preciso quanto deveria e seu level design não é especialmente inspirado, o que não destaca Nefarious entre tantos outros jogos do gênero.

Mas calma, pois ele tem, sim, aspectos positivos: quando invadimos um reino para raptar uma princesa, obviamente que não podemos simplesmente sair pela porta da frente carregando a moçoila nos ombros. Aí é que Nefarious apresenta suas boas ideias.

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Acontece que cada princesa nos concede alguma habilidade única enquanto é carregada, e isso torna a segunda metade destas fases muito mais interessantes. Podemos, por exemplo, ganhar o poder de planar, ou mesmo de caminhar sobre o rastro de fumaça deixado por um projétil.

Isso para não mencionar o carisma das princesas: nada de mocinhas em perigo ao estilo Disney, aqui temos moças que esbanjam personalidade, e vão ter alguns diálogos realmente inspirados com nosso protagonista-vilão tanto em seus reinos quanto na base de operações de Crow!

Boss Battles invertidas

Falemos então de outro detalhe criativo de Nefarious: suas boss battles. Você com certeza já jogou algum jogo do Sonic, certo? Sabe como, ao final de cada fase, enfrentamos o Dr. Eggman/Robotnik dentro de alguma geringonça maluca? Pois então, aqui temos esse tipo de batalha… com o diferencial que nós é que estamos dentro da geringonça maluca!

Tipo assim, ó:

Sacou que quem controla o “mocinho” é o computador, e o jogador/Crow é quem está dentro do robô gigante? Pois é, aqui o mocinho é quem apanha do vilão, e nós somos o vilão!

Isso é muito interessante, e abre espaço para situações muito interessantes, que, apesar de serem clichês, estão invertidas: costumamos ser o mocinho que destrói os robôs, não o vilão que controla a máquina! Assim, temos combates quase “fáceis demais” contra os heróis de cada reino, com direito a batalhas que passeiam por outros gêneros, emulando o que vemos em RPGs por turnos, por exemplo.

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Convenhamos: uma das coisas mais legais dos vilões costuma ser justamente seu arsenal, cheio de armas de destruição em massa, robôs gigantes e coisas afiadas. Nos dar o controle dessas máquinas é algo que sem dúvida conta pontos para Nefarious.

Claro que o jogo não se resume em raptar princesas: há fases comuns, também, mas elas acabam sendo ofuscadas justamente por, em sua maioria, não trazerem os aspectos realmente criativos do game — as habilidades das princesas e as boss battles ao contrário.

Audiovisual

Aqui é mais um aspecto onde temos erros e acertos: o visual cartunesco e colorido do game sem dúvida chama a atenção, mas as animações são um tanto desajeitadas, e os power ups que podemos comprar são mais estéticos do que efetivos para o gameplay. Além disso, os personagens muitas vezes parecem pequenos demais na tela, especialmente quando jogamos no Switch em modo portátil.

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Não temos vozes aqui, mas a trilha sonora é boa, ainda que um tanto repetitiva a longo prazo. Infelizmente, o game não recebeu nenhum tipo de localização para o nosso idioma, então se quiser rir das conversas entre Crow e sua trupe, é fundamental que seu inglês esteja em dia.

Conclusão

Se fosse apenas um jogo de plataforma 2D “comum”, Nefarious deixaria bastante a desejar simplesmente porque mecanicamente ele é bem pouco inspirado, não conseguindo se destacar dentro de um gênero que é quase tão antigo quanto os videogames.

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Porém, o fato dele colocar um vilão como protagonista injeta uma bem-vinda dose de criatividade ao game, e os produtores aproveitaram ao máximo isso, pontuando a aventura com diálogos sagazes, personagens carismáticos e boss battles divertidas.

Nada disso mascara as limitações do game, mas agrega carisma e personalidade suficientes para tornar Nefarious recomendável para quem sempre quis ser o vilão neste tipo de jogo.

Nefarious está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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