Editorial: Enquanto todo mundo fala de Google Stadia, a Microsoft trabalha em uma proposta bem melhor
Hype é bom, mas tem hora que enche, sejamos sinceros. Às vezes, determinado produto, projeto ou iniciativa recebe uma atenção bem exagerada, fazendo-o parecer muito mais do que realmente é. E algo neste sentido acontece com o Google Stadia. O projeto, anunciado recentemente e perto de ser lançado, é fruto de um hype completamente exagerado. Assim como diversos outros elementos do mundo gamer.
A iniciativa é, de fato, interessante. Oferecer jogos via streaming, utilizando dispositivos que você já tem em casa, como um Chromecast, é uma boa. Facilita o acesso aos games, serve como porta de entrada para algumas pessoas, além de oferecer a praticidade de se jogar em qualquer dispositivo. Mas, o projeto do Google, apesar de merecer atenção, não é “inovador”, e nem propõe o “melhor projeto de todos os tempos”.
Sobre jogar em vários dispositivos, o Apple Arcade já faz isso. Mesmo sem ser via streaming, você pode compartilhar saves entre dispositivos ligados a uma conta da Apple. E o streaming, apesar de ser a palavra do momento, já conta com serviços como o Playstation Now (que não tem no Brasil). Só o The Verge listou 15 serviços de games por streaming, via servidor ou console, que já estão disponíveis.
Até a Nintendo, mais focada em diversão do que em tecnologia, como eles mesmos dizem, já atua com serviços do tipo. Desde o Satellaview, o conhecido serviço de games por satélite para o Super Famicom nos anos 90, até iniciativas que levam Resident Evil 7 e Assassin’s Creed Odyssey para o Switch, tudo apenas no Japão.
Mas um grande problema foi sobre o “entendimento” da comunidade. Quando foi anunciado o Stadia, o hype tratou de vender a mensagem de que o projeto era uma “Netflix dos games”. Vários vídeos e matérias puxando para este lado, com o tom alarmista de boa parte da mídia. No fim, entendemos que você terá acesso direto à plataforma, mas terá que: ou comprar seus jogos, ou assinar um serviço, semelhante a PS Plus, ou a Xbox Live Gold, ganhando um jogo novo por mês, enquanto assinante.
Além disso, foi dado ao projeto o status de “vanguardista” da tecnologia por streaming. Não, não é. Apesar da expectativa quanto ao serviço, e para ver como ele vai se comportar, ainda mais em um país de internet tão primitiva quanto o nosso, já há serviços funcionando por aí. E, enquanto isso, uma outra empresa, sem o mesmo hype, segue propondo ideias que, em um primeiro momento, se mostram bem mais interessantes.
Estou falando da Microsoft e de seus dois projetos: o xCloud, que é uma concorrência ao Stadia. E o Console Streaming, que evolui o que o Xbox App faz, levando os games do Xbox One aos PCs. E o PS4 Remote Play, que leva o sinal do Playstation 4 aos PCs e smartphones. Ambos dentro da própria rede interna.
O xCloud, como bem sabemos, será mais uma opção de gameplay para a família Xbox. O que foi muito questionado no passado, como a ida dos games Xbox para os PCs, na prática, tem se mostrado que a Microsoft quer conquistar um público maior do que os donos de console. Com o seu know-how em serviços online, o Game Pass que é um sucesso absoluto, e as portas abertas da Microsoft com seus games, o xCloud ganha uma boa vantagem, na “largada” da corrida dos games por streaming.
E eu nem falo de desempenho, 4K, som digital, essas coisas. Sei que ambas as iniciativas buscam levar alto nível em gameplay. Falo mais de questões práticas mesmo. Sobre a biblioteca de jogos, sobre o funcionamento do serviço, sua disponibilidade online, e coisas assim. Quem tem Xbox sabe que a Microsoft capricha neste sentido, há muito tempo, o que gera boas expectativas.
Enquanto o Google Stadia, por razões óbvias, segue obscuro, vivendo apenas por promessas. Além de que não podemos esquecer que o Google tem um histórico bem esquisito quanto a projetos novos. O xCloud tem games, tem comunidade, tem o Windows 10 ao seu lado, e os consoles Xbox. Tudo conspira a favor do serviço da Microsoft. E, além disso, o Console Streaming, pelo menos pra mim, é de fato, a maior novidade.
Pois, jogar, de vez, seus games em qualquer lugar, é uma ótima iniciativa. Não necessariamente precisando ficar preso dentro da mesma rede do console, será legal, para os donos de Xbox, conquistar seus G’s durante um dia fora de casa, e continuar a jogatina depois, em seu console. Hoje, é o serviço mais próximo da realidade, e que, se funcionar bem no Brasil (internet ruim e blá blá blá), será uma ótima novidade.
Pois bem! Hype é interessante, faz a comunidade ganhar interesse em um produto. Mas às vezes ele é exagerado, e faz com que mídia e público, às vezes, se esqueçam de olhar com mais atenção o contexto de um jogo, ou projeto. Tratam o mais bem falado como o “uau, a melhor coisa do século”, assim como já fizeram em várias outras situações.
Espero, de verdade, que o Google Stadia seja um sucesso, e que conquiste o seu público. O mundo do videogame ganha com bons projetos. Mas, não tem como negar que haja propostas que contam com recursos bem melhores, e que não é todo mundo que fala a respeito, como o xCloud. Temos que esperar pra ver, na prática, como ambos os serviços funcionarão.
Mas, pra quem já é referência há tempos no mundo dos serviços online em games, como a Microsoft, não há como negar que neste ambiente, eles largam com vantagem. O Google Stadia chega no dia 19 de novembro, enquanto o xCloud está em testes no momento, e provavelmente chega em 2020, aproveitando o lançamento do Scarlett, o próximo Xbox.