Preview Arkade: minhas primeiras 10 horas com Final Fantasy VII Remake
Depois de anos de espera, Final Fantasy VII Remake vai ser lançado nesta sexta-feira, dia 10 de abril. Eu já estou com o jogo desde segunda-feira, e embora ainda esteja longe do fim, já joguei o bastante para dividir algumas impressões iniciais com você!
Antes de mais nada
Uma coisa que talvez vá deixar os puristas um pouco chateados: há muitas novidades em Final Fantasy VII. E não estou me referindo ao gameplay, que antes era por turnos, e agora é quase todo em tempo real. Falo de novos elementos narrativos, mesmo.
Como já é sabido desde 2015, este Final Fantasy VII Remake que está para ser lançado é, na verdade, a primeira parte de uma série episódica que vai recontar a épica jornada de Cloud e seus colegas da AVALANCHE contra a Shinra e o maléfico Sephiroth.
Uma “nova” história
Só que, a Square decidiu não apenas recontar a mesma história, mas aproveitar a oportunidade para aprofundá-la, expandindo os horizontes do game. O plot principal ainda é o mesmo, mas mesmo quem jogou Final Fantasy VII vinte vezes terá muitas surpresas nesta releitura moderna.
Por exemplo: uma das novidades que mais estão me deixando curioso é
[CUIDADO SPOILERS LEVES]
a presença de “Dementadores” (alô Harry Potter!), espectros encapuzados que passam a atormentar Cloud e parecem “perseguir” alguns personagens. Inicialmente “invisíveis”, logo todo mundo passa a vê-los.
Na primeira vez que Cloud e Aerith se encontram, estes seres misteriosos já dão as caras, olha só — vídeo legendado em português brasileiro:
Eu ainda não sei qual é a desses “Dementadores“, mas é algo que não existia no jogo original, e parece ter bastante importante nesta “”nova” história que a SquareEnix resolveu contar. Estou bem curioso para ver aonde isso vai dar.
[FIM DOS SPOILERS LEVES]
“Novos” companheiros
Outro ponto interessante desta releitura de Final Fantasy VII é o quanto a SquareEnix aproveitou para dar vida e personalidade a personagens que, no original, eram meros coadjuvantes. É o caso, principalmente, de Jessie, Biggs e Wedge, companheiros da AVALANCHE que participaram da invasão ao primeiro reator.
No Final Fantasy VII original, eles eram personagens super secundários. Não tinham desenvolvimento, profundidade. Isso mudou radicalmente aqui. Ainda que nunca tornem-se integrantes da sua party, eles passam muito tempo ao seu lado, e mostram-se personagens extremamente interessantes e carismáticos.
Jessie, desde os primeiros minutos de jogo, não esconde seu “crush” por Cloud, e aproveita todas as oportunidades para mandar umas (in)diretas ao ex-Soldier. Já Wedge é meio que o alívio cômico da turma, e está sempre se envolvendo em situações engraçadas e sendo salvo pelo seu amigo Biggs.
É muito legal ver como estes personagens tentam “quebrar o gelo” com Cloud, que no geral se comporta como um grande babaca. Estou no capítulo 5 da campanha, e Cloud já está começando a “amolecer”. Acompanhar a releitura e a evolução de um personagem tão emblemático está sendo incrível!
Uma “nova” cidade
No Final Fantasy VII de 1997, passávamos pouquíssimo tempo em Midgar. Eram passadas ali basicamente as primeiras 3 ou 4 horas do jogo original. Aqui o escopo mudou e, como vamos passar esta “parte 1” toda em Midgar agora a cidade está muito maior, mais viva e cheia de pessoas cuidando de suas vidas e de lugares para conhecermos.
Ainda que Final Fantasy VII Remake não seja um jogo de mundo aberto, e Midgar seja uma sucessão de corredores predefinidos pelos quais podemos transitar, ela é enorme, imponente e muito impressionante. Nem mesmo o filme Final Fantasy VII Advent Children nos permitiu conhecer tão a fundo esta importante cidade.
É muito legal percebermos o contraste social que há aqui: lá em cima, “na pizza”, temos os ricos e trabalhadores da Shinra, vivendo em subúrbios elegantes e desfrutando de ruas asfaltadas e casas charmosas. Lá embaixo, onde fica o clássico bar/sede da AVALANCHE Seventh Heaven, encontramos uma verdadeira favela, com chão batido, casebres caindo aos pedaços, cães e gatos de rua pelos cantos, e muito mais.
Já era assim no jogo original (slums, afinal, são favelas), mas aqui podemos ver com muito mais profundidade e riqueza de detalhes esta disparidade social. E, vemos inclusive as ações da AVALANCHE repercutindo nos cidadãos, algo que torna a experiência ainda mais autêntica.
“Novas” formas de evolução
Aqui talvez tenhamos coisas que não são tão novas assim, e seja a minha memória que está ruim, mas vamos lá: os personagens sobem de nível ganhando XP, como em qualquer RPG que se preze. Mas não para por aí: suas armas e magias evoluem com você, adquirindo novos poderes e habilidades.
Se eu me lembro bem, antigamente tínhamos uma Materia Fire, outra Fira e outra Firaga. Agora, as Materias evoluem conforme são usadas, e a mesma Materia que inicialmente soltava uma magia de fogo simples, logo passará a soltar uma versão aprimorada da habilidade.
Isso também se aplica às armas: diferentes armas possuem diferentes habilidades, e quando você “domina” uma arma, sua habilidade passa a integrar, em definitivo, o rol de habilidades do personagem. Armas ganham pontos de experiência específicos, que melhoram seus atributos em uma espécie de “Crystarium” próprio de cada arma.
“Novas” coisas para se fazer
Ao expandir o escopo do jogo, a SquareEnix obviamente se viu obrigada a criar novos conteúdos para incorporar ao jogo. E, ainda que isso seja compreensível, nem tudo é realmente legal de se fazer. Há desde novos mini-games — como jogar dardos no Seventh Heaven — até desafios de eliminar monstros (semelhantes às caçadas de Final Fantasy XV) e missões pontuais que são restritas à região que você está.
Sim, como em todo RPG que se preza, há NPCs que podem nos passar sidemissions, mas nem todas essas missões são interessantes, e boa parte delas segue aquele padrão “garoto de recados”: encontre tal coisa e devolva ao dono. Há até uma missão de encontrar gatos perdidos na favela! O bom é que o jogo poupa o backtracking e, quando completamos a missão, podemos nos teleportar diretamente para onde o solicitante está.
Conclusões iniciais
Como já dito, ao transformar o que deve ser apenas o início de uma longa jornada em um jogo “próprio” com mais de 40 horas, os produtores precisaram dar um jeito de injetar conteúdo nele. Acho que nem todas as novidades são realmente boas — sidemissions bobas, chefes tipo “esponja de balas” que demoram demais para cair (o próprio Scorpion que a gente enfrentou na demo é um pouco assim –, mas no geral estas minhas primeiras 10 horas com Final Fantasy VII Remake foram muito positivas.
É engraçado como este jogo consegue ser nostálgico ao mesmo tempo que está sempre nos surpreendendo. É uma história que a gente já conhece, sendo contada de um jeito completamente novo, com muito mais profundidade, muito mais detalhes. Não é apenas um remake, mas uma reimaginação completa de um dos maiores clássicos do mundo dos games.
Nos próximos dias, irei publicar uma análise mais completa e detalhada sobre o game, mas acho pouco provável que ela saia antes do lançamento. Estou num dilema: ao mesmo tempo que quero trazer conteúdo o mais rápido possível, também quero curtir o game no ritmo que ele merece, sem correria. ¯\_(ツ)_/¯
O fato é: fique de olho no site, que logo teremos uma análise completa no ar. Ah, e fica aqui nosso agradecimento ao pessoal da SquareEnix, que nos concedeu acesso antecipado ao game. <3