Análise Arkade: Spinch, um jogo 2D que mistura psicodelia, beleza e desafio
Spinch é um jogo de plataforma que esbanja estilo… e também dificuldade. Confira nossas impressões nesta análise completa!
Cores famintas
Spinch se passa em um universo onde as cores são seres vivos. Porém, o metabolismo delas é muito acelerado, de modo que elas estão sempre com fome, e precisam se alimentar constantemente.
E adivinha qual é o prato favorito delas? Filhotes de Spinch! Os Spinch são uma raça de simpáticas criaturinhas brancas que vivem em uma ilha (que deveria ser) pacífica.
No papel de uma dessas criaturinhas — que teve suas “crias” roubadas pelas cores famintas –, nosso trabalho é, basicamente, explorar cenários altamente desafiadores enquanto resgatamos nossos filhotes… e tentamos não morrer.
Jogabilidade old school
Spinch é um jogo de premissa simples, com um gameplay igualmente simples: os comandos, na maior parte do tempo, resumem-se a um botão de pulo e outro de dash. Eles podem ser combinados, ou seja, é possível dar um dash no ar, ou um pulo no meio do dash.
Este é um jogo de plataforma 2D raiz, que não tenta inventar muita moda, mas faz o básico muito bem feito. Você vai querer evitar abismos, espinhos, toras rolantes, lâminas giratórias e mais uma infinidade de obstáculos e armadilhas que aparecerão em seu caminho. Como fazer isso? Com um mix honesto de paciência e habilidade nos controles. Aqui não tem rewind, nem nada do tipo. É gameplay old school com desafio old school. Simples assim.
Vez ou outra o jogo até introduz algum novo elemento, que deixa a coisa ainda mais desafiadora, como uma “enchente” de cores que pode te matar, e coisas do tipo, trechos totalmente verticais (há wall jump aqui), e coisas do tipo.
Há, por exemplo, um tipo de criatura voadora explosiva que fica te perseguindo por certas fases. Pelo som, você consegue saber quando ela está prestes a explodir, e vai querer estar dentro de um lugar coberto quando isso acontecer, ou a explosão te mata na hora. Nessas horas, não dá tempo para ser cauteloso, e o jogo vira uma corrida tipo “chegue até o próximo lugar coberto o mais rápido possível“.
Tipo assim, ó:
No geral, tudo é bem intuitivo, mas isso definitivamente não quer dizer que o jogo é fácil: o desafio aqui é naquele estilo Super Meat Boy, e as fases relativamente longas — aliadas à escassez de checkpoints — podem transformar a diversão em um exercício de resiliência e frustração. Resista à vontade de jogar seu controle na parede!
Um “plot twist” interessante
Se na maior parte do tempo Spinch é um jogo de plataforma 2D bem tradicional, é nós chefes que ele abre espaço para uma abordagem bem divertida: cada chefe é enfrentado em uma arena fechada, equipada com uma “metralhadora”. Porém, o que usamos como munição dessa arma são os nossos filhotes, que encontramos durante as fases!
Há 3 filhotes em casa fase, e como o chefão de cada área sempre aparece na quinta fase, você pode chegar com 12 “tiros” nele, se encontrar todas as crias. Também é possível arrumar umas bombas que causam mais dano, mas para isso você deve conseguir acessar (e ter um bom desempenho) nas fases bônus — que, adivinha só, também são bem desafiadoras, e você deve resgatar seus “primos”, que são arremessados do topo da tela.
Então, como nossa criaturinha não é capaz de sair no soco nem nada do tipo, nos encontros com chefes devemos acionar essa “metralhadora” quantas vezes forem necessárias — cruzando o cenário para recuperar a munição de um lado e acionar a arma do outro — até derrubar o(s) inimigo(s).
Vale destacar ainda que os chefes são muito legais: criaturas coloridas enormes, que podem “evoluir” durante os combates, se dividir, se transformar e ganhar novos ataques. Cada boss battle te obriga a aprender os padrões de ataque e movimentação dos chefes, e aproveitar as menores brechas para se locomover e atacar.
Audiovisual caprichado
Spinch é um jogo ridiculamente lindo. Sua temática de “cores vivas” permite que cada mundo seja colorido e psicodélico de um jeito muito único, e a belíssima pixel art 2D coroa tudo isso com incontáveis elementos espalhados pela tela.
A trilha sonora segue a mesma linha, trazendo um punhado de faixas que não são necessariamente chiptune, mas carregam o mesmo conceito de antigamente, com músicas “grudentas” que se repetem em loop ao longo de casa fase. E o mais legal é que a música se altera de forma dinâmica: quando você entra na água, por exemplo, ela assume um tom diferenciado, mas mantém a melodia. É só um detalhe, eu sei, mas é deveras charmoso.
No Switch, ocasionalmente o jogo deixa a desejar em performance, com pequenas travadinhas e slow downs que podem complicar a sua vida — especialmente em trechos que demandam precisão cirúrgica nos controles. Felizmente, não é algo que acontece o tempo todo, apenas em momentos muito “carregados”.
Conclusão
Spinch é um jogo de plataforma 2D simples e muito desafiador. Isso é meio raro de se ver hoje em dia: há muitos Metroidvanias e até Souls-likes 2D, mas um legítimo jogo de plataforma que não tem vergonha de ser apenas isso — um jogo de plataforma — é algo que não se vê com frequência.
Só por isso, Spinch já seria especial. Mas, vale ressaltar que ele também é lindíssimo, e traz uma das pixel arts mais coloridas, inspiradas e psicodélicas dos últimos tempos. Se tudo isso te agrada, vai fundo, pois Spinch vai te render umas boas horas de diversão… mas esteja avisado que ele também vai te fazer passar um bocado de raiva.
Spinch está disponível para PC e Nintendo Switch (versão analisada). O game possui menus e legendas em português brasileiro.