Análise Arkade: Guilty Gear Strive tem visual incrível e gameplay mais acessível

8 de junho de 2021
Análise Arkade: Guilty Gear Strive tem visual incrível e gameplay mais acessível

Esta semana, um novo Guilty Gear está chegando aos PCs e consoles da família Playstation. Tivemos a oportunidade de experimentar o game antes do lançamento, e agora você confere nossa análise completa sobre Guilty Gear Strive!

Um jogo com muita história para contar

Embora a série Guilty Gear pareça ser relativamente nova, ela já existe há mais de 20 anos, e passeia por diversas timelines. Isso significa que cada novo jogo da série traz uma tonelada de conteúdo, apresentado na forma de muitos textos para ler e muitas sequências animadas para assistir.

Como em Guilty Gear Xrd REV 2, aqui temos um modo história enorme… e um pouco chato. Não me leve a mal, mas eu não gosto da forma que a Arc System Works escolheu contar a história da franquia.

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Enquanto jogos como Mortal Kombat e Injustice trazem histórias cinematográficas e empolgantes, inserindo confrontos aqui e ali, Guilty Gear literalmente avisa que você deve deixar o controle de lado: seu Modo História está ali apenas para ser assistido, não jogado. E isso é um saco.

Eu não sou um grande apreciador de animes, mas sei que eles ocasionalmente apresentam batalhas memoráveis. Embora seja um jogo de luta, a história de Guilty Gear Strive é muito mais focada em bate-papos do que na troca de socos.

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Então, se você espera uma análise aprofundada da história de Guilty Gear Strive, infelizmente não é isso que eu vou te entregar, por dois motivos: o primeiro é que o código de review antecipado me deu acesso somente ao Capítulo 01 do Modo História — o patch que saiu hoje, 08/06, vai trazer o restante. O segundo motivo é que eu simplesmente não iria ter paciência de assistir a tudo de qualquer jeito… e, honestamente, nem me importo tanto assim com a trama mirabolante do game.

Pancadaria mais cadenciada

Como grande fã de jogos de luta 2D, sempre acompanho os jogos da Arc System Works com muito interesse — e já até analisei muitos deles aqui no site. Guilty Gear Strive parecia incrível desde os primeiros trailers, por isso eu estava muito animado para experimentá-lo.

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E agora, depois de ter curtido o game por um bom número de horas… tenho opiniões conflitantes, especialmente no que diz respeito ao gameplay. Explicando: eu sempre gostei de jogos de luta 2D mais acelerados, como Marvel Vs. Capcom e Skullgirls (que ainda são meus jogos de luta favoritos).

A Arc System Works sempre entregou jogos com essa pegada: com gameplays um tanto técnicos, mas muito rápidos e cheios de possibilidades. Entendo que essa abordagem talvez afaste um pouco o público que não é entusiasta do gênero, então era de se esperar que a produtora fizesse algum esforço para tornar o jogo mais acessível.

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O veterano Axl x a novata Giovanna

Guilty Gear Strive é isso: um jogo mais acessível, com gameplay mais cadenciado, mais amigável. Com quatro botões principais de ataque e um sistema de cancelamento bastante simples de ser utilizado, eu diria que este jogo é um ótimo ponto de partida para quem nunca teve contato com a série.

Com 15 personagens selecionáveis, Guilty Gear Strive consegue algo raro hoje em dia: sobram botões “sem uso” na configuração padrão do console. Isso não necessariamente quer dizer que a jogabilidade está mais simples, mas sim que o jogo está fazendo um esforço consciente para ser mais amigável, menos complicado.

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Os efeitos de luz dos golpes deixam o jogo ainda mais bonito

Muitos dos golpes especiais e habilidades dos personagens mantém seus comandos tradicionais, mas no geral, a pancadaria tem um feeling um pouco mais pé no chão. Air combos são mais raros, mas acredito que os pro players vão conseguir extrair ao máximo o que o novo jogo oferece em termos de mecânicas, visto que há profundidade de sobra para quem quiser mergulhar de cabeça.

Confira abaixo um pouco de gameplay do “protagonista” Sol Badguy:

Confesso que não sou nenhum especialista, nem pro player de Guilty Gear, mas até re-joguei umas partidas de jogos anteriores da série para ter certeza, e é fato: o novo jogo está um pouco menos acelerado. Não acho que isso compromete a qualidade das mecânicas, mas demanda um período de adaptação dos jogadores mais calejados.

Modos de jogo

Além de seu Modo História para assistir, Guilty Gear Strive traz um pacote enxuto, porém decente de conteúdo. Quem quer curtir o jogo offline vai ter acesso a um Dojo de treinamento, um modo Missões (meio pentelho porque cada comando precisa ser repetido 5 vezes, e você deve acertar pelo menos 3 delas para ter sucesso) e a pancadaria sem firulas de um modo Arcade e um modo Survival. Ah, e também tem o PvP local para 2 players, claro.

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O modo Arcade traz uma sequência de 8 lutas, cuja dificuldade é nivelada de acordo com o seu desempenho. Se na primeira luta da série você mandar muito bem, o jogo vai te colocar em uma rota extrema, contra uma IA mais esperta e agressiva. Se você não mandar tão bem assim, o jogo te coloca em uma rota mais amigável, que vai te permitir prosseguir sem apanhar tanto. Uma abordagem bem interessante e diferenciada.

O modo online, infelizmente, não pode ser testado porque o jogo ainda não foi lançado oficialmente. Mas, seguindo um padrão Arc System Works — que sempre traz hubs simpáticos e mini-games em seus jogos — aqui temos um avatar com visual retrô, que pode ser customizado com itens e acessórios antes de entrar em um lobby.

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O sistema de avatares do modo online é… curioso

Em uma primeira olhada, me pareceu algo raso e bobinho, mas como não joguei nenhuma partida online, não sei dizer se esse avatar tem alguma função mais aprofundada. De qualquer modo, o negócio é torcer para que o netcode do jogo consiga sustentar as jogatinas online com fluidez e estabilidade.

Audiovisual

A Arc System Works sem dúvida é uma das melhores produtoras de fighting games do mercado atualmente. O que ela consegue fazer — criando jogos 2D com uma engine 3D, modelos de personagens e cenários 3D que são “achatados” no plano bidimensional — é algo muito único, muito bonito e visualmente espetacular. Os produtores sabem disso, e coroam as lutas com efeitos de zoom, mudanças de perspectivas e movimentos de câmera que valorizam o conjunto da obra. Guilty Gear Strive é visualmente deslumbrante.

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Olha que coisa linda <3

O character design da série Guilty Gear sempre foi um de seus pontos mais positivos, e isso continua forte aqui. Entre lutadores veteranos e novos rostos, cada personagem é extravagante, exótico e talvez até um pouco bizarro. Confira abaixo um pouco de gameplay com Giovanna, uma das novas lutadoras, que entra em combate acompanhada de seu estiloso lobo espectral:

Minha única ressalva em relação ao visual é que o jogo é bem menos colorido e vibrante que os títulos anteriores. Me parece uma escolha estética consciente: a iluminação e o contraste entre luz e sombra afeta consideravelmente a paleta de cores dos cenários e personagens. Eu gostaria que as cores fossem mais saturadas, e espero que, em futuros patches, possamos aplicar filtros de imagem mais interessantes.

A trilha sonora segue a pegada metaleira típica da série, com muitas músicas cantadas e foco na pauleira. Os sons de combate são ótimos e, se por enquanto só pude experimentar o jogo com a dublagem em japonês, não tenho do que reclamar da qualidade das vozes, que é ótima.

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Infelizmente, Guilty Gear Strive não recebeu nenhum tipo de suporte ao nosso idioma: as legendas e menus estão disponíveis apenas em inglês. Considerando que o Modo História envolve uma quantidade absurda de diálogos, é importante que o jogador domine o idioma para não ficar boiando.

A versão do jogo que testei foi a de PS5, e o jogo roda lisinho, com framerate estável e nenhum tipo de problema técnico. Os loadins são bem rápidos, mas o jogo nem tenta utilizar os recursos do DualSense. No dia de hoje (08/06), o jogo recebeu um update que acrescenta vozes em inglês e outros recursos, mas é fato que mesmo antes desse patch, o jogo já estava rodando muitíssimo bem.

Conclusão

Guilty Gear Strive é mais um jogo de luta extremamente competente, feito com carinho e cuidado por uma das produtoras mais hábeis dentro do gênero fighting games 2D. Mas também é um jogo relativamente diferente dos anteriores, com um ritmo menos frenético, mais cadenciado.

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May summona golfinhos e outras criaturas marinhas

Pessoalmente, prefiro jogos de luta 2D mais acelerados. O próprio Dragon Ball FighterZ, da mesma Arc System Works, tem uma pegada que me agrada muito mais. Mas isso é pura questão de gosto pessoal, e não comprometeu minha percepção de que estamos diante de um jogo caprichado, polido e esforçado em ser mais abrangente.

Fico curioso par ver como a comunidade vai se comportar com Guilty Gear Strive. A série sempre foi meio “underground”, de nicho, longe do panteão dos queridinhos onde temos Street Fighter, Mortal Kombat, The King of Fighters e outros clássicos. A galera que é fã de Guilty Gear é MUITO fã, e leva o jogo a sério.

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Que esse novo approach da série não afaste os fãs mais hardcore, pois, passada a estranheza inicial pela questão do timing dos combates, o jogo ainda tem qualidade de sobra, e justamente por isso, merece alcançar um público mais amplo.

Guilty Gear Strive será lançado no dia 10 de junho, com versões para PC, Playstation 4 e Playstation 5 (versão analisada).

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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