Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

24 de setembro de 2021
Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

O gênero Souls-like e Metroidvania ganharam mais um novo representante vindo do cenário independente, trata-se de Tails of Iron, um game muito divertido de surpreendente!

Vamos conferir então como ele acabou se saindo, em um mundo de fábula que conta a história do reino dos ratos contra o cruel e grotesco reino dos sapos!

Uma surpreendente história de reinos e perdas

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Tails of Iron conta a história de Redgi, o herdeiro mais novo do trono do Reino dos Ratos, irmão de três outros ratos mais velhos e competentes em outras áreas. E a história começa no dia da disputa pela coroa, em que Redgi lutaria contra um de seus irmãos mais velhos, com o vencedor sendo coroado o novo rei.

E no momento de maior alegria do reino, quando a coroa seria finalmente passada adiante, o Reino dos Ratos foi atacado de surpresa pelos Sapos, que mataram o velho rei, destruíam todo o reino e executaram um verdadeiro genocídio.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Redgi, que conseguiu sobreviver o ataque, agora havia se tornado um rei sem trono e sem reino. E então inicia sua jornada de reconstrução, para salvar o seu povo do sofrimento e da opressão, e em busca de vingança, pois mesmo que o reino seja reerguido, o perigo do exército dos Sapos ainda é real.

A história então acompanha o jovem Redgi viajando pelas terras dos ratos e além para salvar seu povo, ajudando-os a se libertarem dos ataques dos sapos e de outras criaturas perigosas, ajudando-os a reconstruírem seus lares e também encarando muito sofrimento e perdas.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Toda a história é narrada por um observador externo e onisciente, fazendo com que a história seja apresentada como um conto, deixando tudo ainda mais interessante e adicionando muito mais peso e pessoalidade aos eventos de extrema violência que os jogadores testemunham. E para uma história entre ratos e sapos, a violência é realmente enorme!

Um “Souls-lite” e “Metroidvania-lite”

Tails of Iron pega elementos dos gêneros Souls-like e Metroidvania e os combinam de uma forma diferente, criando um híbrido que não pende mais para um lado ou para o outro.

O que quero dizer com isso é que, apesar de ter mecânicas semelhantes, não se limita a elas em nenhuma forma. Para explicar melhor sobre isso, vou falar sobre seu gameplay com foco nessas mecânicas de forma isolada.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Começando por seu lado Souls-like, Tails of Iron possui um sistema de combate baseado no uso de armas, escudos e armaduras. Não há barra de estamina nem stats de personagem, assim, a build de Redgi é 100% composta por suas armas e equipamentos.

Os combates do game são num estilo mais ou menos Beat’em Up, no sentido de que quando um grupo de inimigos aparece, você precisa derrotar todos antes de seguir adiante. Porém, uma coisa bem interessante no game é que os inimigos não revivem quando você revisita uma área. Os inimigos aparecem baseados em eventos da história, com exceção de insetos, que podem respawnar em certas áreas.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Por fim, o sistema de cura do game é baseado em um item reutilizável, um frasco de “suco de inseto”. Esse item não é de múltiplos usos, mas conforme você bebe do frasco, ele vai se esvaziando gradativamente enquanto sua vida é recuperada. Esse é um sistema bem interessante, que permite que o jogador decida o quanto de vida quer recuperar. Isso ajuda em combate a não travar o jogador na animação de cura, ou gastar um item inteiro para recuperar pouca vida. E o frasco é recarregado com barris de suco, ou matando insetos.

No entanto, o gameplay é um tanto devagar na movimentação de Redgi quando fora dos combates. Principalmente em relação aos pulos. Você pode pular no game, mas os pulos são um tanto inconstantes, meio estilo Prince of Persia Cclássico, em que você precisa de momentum (ou velocidade de movimento) para pular longe. Isso torna alguns trechos de plataforma um pouco mais complicados do que deveriam, pois uma diferença de milímetros de distância em um pulo podem fazer muita diferença.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Na parte Metroidvania, o game possui mapas interligados entre si, porém, não são mapas labirínticos ou muito grandes. Além disso, os mapas são divididos em áreas separadas, apesar de serem interligados por pontos de fast travel e áreas de transição.

Esse é um game focado em sua história, possuindo missões principais e missões secundárias espalhadas em cada uma dessas áreas. As missões secundárias normalmente são encontradas em quadros de avisos, com missões para eliminar inimigos em alguma área. Mas há algumas missões menores para ajudar alguns ratinhos, como por exemplo encontrar um ursinho de pelúcia perdido de dois filhotes, ajudar um fazendeiro a consertar sua carroça e etc.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Dessa forma, há sim backtracking no game, mas não ao ponto de ser repetitivo. Inclusive, a maioria dessas missões secundárias são opcionais, de forma que você não precisa cumpri-las se você quiser, podendo focar apenas na missão principal. Porém, essas missões secundárias, bem como a exploração do mapa, premia o jogador com armas e equipamentos muito melhores, deixando Redgi realmente poderoso.

Audiovisual

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Tail of Iron possui um incrível visual todo desenhado à mão. Cada rato, sapo, inseto e até outras criaturas possuem visuais incríveis e alguns até realistas, mas misturados com uma forte temática medieval de armaduras, e roupas de nobres e camponeses.

Os cenários são belíssimos, tanto em sua beleza quanto em sua desolação causada pela invasão dos sapos. Eles ainda são compostos de diversos elementos de fundo com efeito parallax, misturando os cenários 2D com efeitos 3D, fazendo parecer até que estamos vendo aqueles livros animados.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Há ainda toda a qualidade visual dos combates, pois o game possui muito, muito sangue! Conforme os inimigos de Redgi sofrem dano, eles começam a sangrar, sendo até mesmo desmembrados ou mortos de formas muito grotescas. E enquanto isso, as armas, escudo e armadura de Redgi vão ficando mais e mais sujas de sangue conforme as batalhas prosseguem.

Na parte sonora o game conta com músicas medievais belas, mas tímidas, preenchendo o ambiente somente durante as batalhas ou ao visitar cidades ou assentamentos, onde sempre há um ratinho bardo tocando algumas melodias. Inclusive, como essa é uma história sobre um mundo medieval povoado por animais, nenhum deles tem vozes, mas falam através de sons de instrumentos, principalmente flautas.

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

A única voz presente no game é a do narrador onisciente, que conta cada passo e feito de Redgi durante a aventura. E ele é interpretado por Doug Cockle, que é ninguém menos do que a icônica voz de Geralt of Rivia de The Witcher, nos video games!

Tails of Iron conta ainda com localização em português brasileiro em seus menus e legendas. Há alguns pequenos erros de concordância e mesmo de tradução em certos textos, além de algumas falas do narrador que não se encaixam perfeitamente com as falas originais em inglês. Talvez essa tenha sido uma escolha proposital, ainda que seja diferente. Mas são poucas as falas em que isso ocorre, e isso não atrapalha a narrativa. Com isso, num geral o trabalho de localização foi muito bem executado.

Conclusão

Análise Arkade: A guerra entre ratos e sapos em Tails of Iron

Tail of Iron é um game muito surpreendente. Divertido, com uma boa história e muitas recompensas para os jogadores que explorarem o seu mundo a fundo. Sua estética é belíssima e concede uma identidade muito forte ao game, conseguindo inclusive fazer com que nos afeiçoemos pela sociedade de ratinhos que tenta sobreviver à invasão dos sapos.

Apesar de seu gameplay ser um pouco “duro”, o que representa um pouco de dificuldade no começo, quando você se acostuma com seus comandos, fica bem mais divertido de jogar, ainda que pelo menos o sistema de pulos merecesse melhorias, pois depende muito de posicionamento e movimentação para funcionar adequadamente.

Mas no fim, esse é um game que vale a pena conferir, tendo grande capacidade de divertir jogadores que não são fãs de Souls-like e Metroidvanias, mas que gostariam de experimentar superficialmente ambos os gêneros.

Tails of Iron foi lançado no dia 17 de setembro com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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