Análise Arkade: God of War no PC tem excelente visual, mas é para novos jogadores
Seguindo a tendência dos últimos lançamentos da PlayStation Studios que migraram para os PCs, chega talvez o lançamento “requentado” mais aguardado por muitos. God of War finalmente está disponível para PC, entrando para o grupo do qual Horizon Zero Dawn, Death Stranding e Days Gone já fazem parte há mais tempo. O icônico retorno de Kratos que se tornou o jogo do ano de 2018 é um marco para a franquia que, depois de 17 anos, está pela primeira vez disponível em uma plataforma que não é da Sony.
Assim como ocorreu em outros lançamentos do estúdio para PC, God of War conta com algumas previsíveis melhorias gráficas que não chegam a ser tão surpreendentes quanto às de outros lançamentos semelhantes, mas cumprem seu papel. Mas vamos ver o que vale e o que não vale a pena ao visitar (ou revisitar) God of War em uma nova plataforma.
O Game of the Year de 2018
Se você esteva em coma ou preso em uma caverna desde bem antes da pandemia, talvez não entenda muito bem o peso que God of War, em sua versão de 2018, possui. Acontece que o game é uma espécie de revival/continuação da franquia que, até então, havia sido encerrada no PlayStation 3.
O novo game (que tem uma continuação a ser lançada ainda em 2022 para PS4 e PS5) acompanha a vida de Kratos após o fim do panteão grego, mostrando de forma misteriosa que o personagem não morreu ao final do apoteótico God of War III. Passados bons anos após derrotar Zeus, vemos um Kratos diferente, velho, cansado e barbudo, assombrado pelos fantasmas do passado e tentando ser alguém diferente para que seu filho, Atreus, não cometa os mesmos erros que ele.
O jogo possui uma pegada única, com uma narrativa contínua e mostrada “sem cortes”, algo completamente diferente do que havia sido apresentado na franquia até então. A fórmula deu super certo, tanto que garantiu ao game mais de 60 premiações ao redor do mundo (incluindo 5 BAFTAs e 3 Game Awards), fora diversas outras indicações e também vendeu mais de 20 milhões de cópias durante seus quatro anos como exclusivo do PlayStation 4.
Por todo esse peso, ter a oportunidade de jogar um game desse escalão sem a obrigatoriedade de adquirir um console PlaySation para isso é incrível. Com isso, a história, poderio técnico e experiência de jogo simplesmente dispensam comentários, uma vez que tudo que foi vivido com o título no PS4 está presente e em excelente qualidade no PC, ainda mais com as melhorias pontuais na jogatina.
As atualizações de performance
Quando falamos de uma versão para PC de um jogo de console, a principal diferença acaba sendo na sua performance. Isso porque os consoles de gerações passadas possuíam capacidades de processamento relativamente inferiores ao máximo que os PCs aguentavam na época, deixando todos os títulos “estagnados” na dobradinha 1080p e 30fps. Alguns poucos conseguiram ser jogados em 4K quando o PlayStation 4 Pro e o Xbox One X chegaram.
God of War para PC felizmente possui o pacote básico de atualizações gráficas que se espera. O game consegue alcançar patamares visuais mais impressionantes do que no PS4 Pro e até no PS5, o que é excelente para os amantes de polígonos de plantão. Ele conta com resolução máxima de 4K, 60 fps, melhoria de resolução em sombras, reflexos melhorados efeitos de iluminação aprimorados. Além disso, também temos o suporte à DLSS e ao NVIDIA Reflex, ambos exclusivos para as placas de vídeo da linha RTX.
Entretanto, caso você não tenha um PlayStation 4 e seu PC não seja de última geração, pode ficar despreocupado. Isso porque God of War surpreende nas duas “pontas” de suas configurações gráficas. Ao mesmo tempo que o game tem capacidade para ser rodado em configurações superiores às do PS5, ele também conta com otimizações consideráveis para alcançar um bom desempenho em uma versão inferior (tecnicamente falando) à do próprio PlayStation 4.
Com isso, o game dá conta de rodar até em máquinas com processadores Intel Core i5-2500k ou AMD Ryzen 3 1200, com apenas 8 Gb de memória e placas de vídeo equivalentes à Nvidia GTX 960 (4GB). Para os moldes atuais, essa é uma configuração bem modesta para rodar um título com o escopo de God of War, ainda mais mantendo os 30 fps.
Pouco conteúdo “bônus”
Apesar de ser um game belíssimo no PC e, ao mesmo tempo, acessível para configurações mais modestas, é importante ressaltar que não temos muitas novidades por aqui. Ao contrário do que vimos em outros lançamentos como Horizon Zero Dawn (que contava com todo o conteúdo do seu DLC em seu lançamento no PC) ou então Death Stranding (que recebeu diversos conteúdos extras exclusivos para PC), não temos muita coisa de diferenciada no lançamento de God of War para PC.
Um dos principais e mais lógicos motivos é o fato do jogo não ter recebido praticamente nenhum conteúdo após seu lançamento no PS4. Desse modo, jogadores de PC terão, no máximo, os trajes disponibilizados na pré-venda do game lá em 2018. Isso é importante de ser pontuado uma vez que, pra quem jogou o título no PS4, ele não possui grandes mudanças que justifiquem a aquisição do jogo em sua versão de PC. A novidade vale a pena de verdade para quem está visitando o game pela primeira vez.
O foco aqui é justamente arrebatar novos jogadores e levar o título a novos horizontes. Por isso, não espere nada de novo ao jogar God of War em sua versão PC, no máximo algumas atualizações de performance mesmo. Entretanto, se você nunca teve a oportunidade de jogar esse título antes, tem em mãos a chance de experimentar uma obra-prima que é considerada até hoje um dos melhores títulos lançados para o PlayStation 4.
Um lançamento consistente
God of War em sua versão de PC não chega a surpreender. Não por não possui um conteúdo excelente, mas sim por entregar justamente aquilo que se esperava: um port da versão de PS4 com algumas melhorias básicas de performance. O game não tenta apelar para o usuário hardcore de PC, como Death Stranding fez, e nem tenta se reinventar em suas configurações como foi com Days Gone.
Aqui temos o básico de algo que já era excelente muito antes de chegar ao PC. A adaptação dos comandos do game para o teclado e mouse funciona muito bem, principalmente por podermos editar os controles como bem entendermos. Além disso, pode-se utilizar qualquer controle compatível com o sistema Steam ou Epic Games (inclusive controles de Xbox, hehe). Na verdade, é até recomendado o uso de um gamepaad, uma vez que o jogo foi pensado para ser jogado em controle.
Apesar disso, não dá para negar que arremessar o machado de Kratos ou mirar as flechas de Atreus utilizando o mouse é muito mais confortável e preciso para quem está habituado com o combo teclado + mouse. Porém, com a porradaria acontecendo em sua maioria em curta distância, não é má ideia ter um gamepad à mão.
Mas independente de qualquer detalhe técnico, a chegada de God of War ao PC é um marco. Seja para os jogadores de PC que finalmente possuem um exclusivo de peso liberado para eles, seja para a PlayStation Studios, que deu conta de lançar um dos seus melhores jogos com qualidade em uma nova plataforma, seja para a indústria de games como um todo, que está claramente revendo toda essa (polêmica) questão de títulos exclusivos.
God of War sempre será jogável
Como ressaltei algumas vezes no decorrer dessa análise, God of War é uma obra-prima que merece ser jogada, independente da plataforma. Seja você um fã da franquia desde o PlayStation 2; um curioso que nunca teve a oportunidade de visitar os games da série; ou um marinheiro de primeira viagem que nunca ouviu falar nesse jogo. God of War é um jogaço, e sua grandiosidade tem conteúdo que pode ser interessante para diversos públicos.
Mas cabe o aviso aos jogadores antigos, que já “platinaram” o jogo lá em 2018. Essa versão de PC não traz nada realmente novo. Com exceção dos “PC Master Racers” que possuem um PC com configurações superiores às do PS5, não há muitos motivos para um jogador que já possui ou já experimentou o game no PS4 revisitá-lo agora, principalmente com o valor de R$199,90 pelo qual ele está sendo vendido. Ainda é uma baita experiência, mas você já jogou isso antes.
God of War foi lançado originalmente em abril de 2018 com exclusividade para o PlayStation 4, e hoje está disponível também para PlayStation 5 via retrocompatibilidade. Na próxima sexta, dia 14 de janeiro, ele chega aos PCs via Steam e Epic Games, com as já mencionadas melhorias de performance. Para esta análise, rodamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 (4GB) e SSD de 450gb.
*Agradecimentos à PlayStation por disponibilizar uma chave antecipada do game para esta análise.