Primeiras impressões: Kirby and the Forgotten Land é fofo, acessível e tem o DNA Nintendo
Quando anunciado (com bastante destaque) na Nintendo Direct de setembro de 2021, Kirby and the Forgotten Land dava a impressão de que daria a um dos tradicionais mascotes da gigante japonesa um jogo à altura das grandes marcas da empresa. Colorido e cheio de carisma, o game prometia um mundo vasto, cheio de aventuras e exploração em três dimensões, algo que já havia se provado alguns anos antes em um tal de Super Mario Odyssey — ao contrário do Mario, Kirby se aventurou bem pouco pelo mundo 3D ao longo dos anos.
As comparações com o último jogo do bigodudo não paravam por aí, porém. Ao incorporar poderes e habilidades de seus inimigos depois de devorá-los, os paralelos seriam inevitáveis com a forma como Mario “incorporava” seus adversários arremessando-lhes o chapéu. Bastava saber, porém, se o jogo final conseguiria se destacar de seu primo mais famoso e mostrar potencial e identidade próprios, mesmo que inspirações visuais ou de mecânica sejam não só possíveis como muito bem-vindas, desde que utilizadas com moderação.
Eis que não mais que de repente, a Nintendo libera uma demo gratuita e aberta, disponível na eShop oficial do Switch, para que possamos experimentar na prática o que essa nova jornada da bolinha rosa mais fofa do mundo pode oferecer. Considerando essa pequena degustação, que se soma a um material de divulgação bastante generoso ao apresentar as diversas funcionalidades presentes, estamos diante de mais uma obra a se destacar em um segmento onde a Nintendo parece reinar soberana.
A demonstração conta com (ao que tudo indica) as três primeiras fases do mundo inicial do game. Somos introduzidos ao enredo — que não vai fugir muito da ideia de cidadãos inocentes sendo sequestrados por vilões malvados e da necessidade de nosso protagonista desbravar um universo de perigos para resgatá-los sãos e salvos — e não demora para que sejamos apresentados à base do gameplay: momentos de plataforma 3D, armadilhas e obstáculos dos mais diversos e, claro, a possibilidade de adquirir poderes úteis e surpreendentes ao ingerir certos inimigos e objetos.
Aliás, o destaque do primeiro trailer, quando Kirby consegue abocanhar um carro, é parte dessa degustação, mas não é só ele. Podemos incorporar guerreiros de espada no melhor estilo clássico Zelda, habilidosos manipuladores de chakrans, esquiadores com poder congelante, cones de trânsito e, acreditem, máquinas de refrigerante, cada qual com sua serventia específica e especial.
Essas fases iniciais são bastante explícitas e didáticas ao mostrar para que cada um desses equipamentos serve, mas a tendência é que com o avançar da trama, tenhamos mais liberdade ao buscar aquilo que melhor se adapta ao nosso estilo.
A demo ainda se divide em duas dificuldades básicas, escolha que deve ser feita ao início de cada fase. A primeira delas, a padrão, é bastante leve e se adapta bem a crianças pequenas — teste feito com a ajuda de minha filha de 5 anos, que não teve problemas do começo ao fim –, que devem ser o público-alvo principal da obra.
A segunda dificuldade disponível promete um nível de desafio um pouco mais elevado, mas ao menos nessa rápida introdução não mostrou nada tão diferente assim, a não ser uma resistência maior dos dois chefões presentes e uma quantidade de inimigos comuns um pouco mais elevada no meio das fases. Contudo, é possível que essa distância seja mais evidente nos pontos agudos da versão completa, tal como vemos em outros jogos first party da empresa.
Não daria para fugir das mais recentes discussões nas redes sociais, impulsionadas pelas confirmações (até o momento) de que jogos grandes da Nintendo como o vindouro Pokémon Scarlet and Violet ou o denso Xenoblade Chronicles 3 não contarão com o bom e velho português brasileiro. Kirby and the Forgotten Land, como já se esperava, está padronizado somente para o inglês aqui no ocidente, o que acaba sendo um incômodo considerando o nicho ao qual se dedica. Nada de tão grave, claro, já que o jogo não obriga o entendimento dos diálogos para fluir, mas bem… já falamos mais sobre o tema alguns dias atrás por aqui.
Pelo lado positivo, o jogo cumpre aquilo que já é de praxe: o mundo é saturado, intenso, e não economiza nas cores, nem no carisma. Os cenários são belamente construídos, ainda que se mantenham simples e diretos. Nem tudo, claro, é passível de ser engolido e utilizado como munição pelo personagem, e o nível de interação com a cenografia é reduzido ao necessário. Tudo muito objetivo, sem complicações excessivas, relegando para a rasa exploração a meta de encontrar alguns itens extras como moedas e colecionáveis que lembram embalagens de ovos-surpresa.
O coração da jogabilidade também segue o mesmo padrão da elaboração audiovisual, fazendo aquilo que é simples funcionar primorosamente. São comandos responsíveis, precisos e aprimorados que, uma vez mais, lembram uma mistura entre Super Mario Odyssey e Super Mario 3D World, sobretudo em um trabalho de posicionamento de câmera bastante otimizado que varia entre a lateralidade clássica de jogos de plataforma com a liberdade da câmera em terceira pessoa em ambientes abertos.
É só o começo de tudo, é só uma sessão quase tutorial daquilo que vem pela frente, mas a se julgar pelo que a demo apresentou, o hype se mostra muito justificável, principalmente para quem gosta do jeito Nintendo de se fazer jogos de mascote: para crianças de todas as idades; e para marmanjos que gostam de compartilhar uma jogatina leve e lúdica com a família. Felizmente, eu acabo me encaixando em ambas as categorias. 😀
Previsto para chegar em sua versão definitiva em 25 de março de 2022 exclusivamente para o Nintendo Switch, Kirby and the Forgotten Land já pode ser reservado em pré-compra na eShop, e essa demonstração continua disponível para todos também na página oficial do game. Sugestão? Aproveitem!