Análise Arkade: Horizon Zero Dawn Remastered tem melhorias gráficas… mas era necessário?

30 de outubro de 2024
Análise Arkade: Horizon Zero Dawn Remastered tem melhorias gráficas... mas era necessário?

Horizon Zero Dawn Remastered, pois é. A PlayStation Studios tem sido alvo de polêmicas nos últimos tempos por conta de decisões de produção e lançamento de títulos, no mínimo, questionáveis por parte do público.

Desde o questionável “remake do remaster” The Last of Us Part I, até o mais recente relançamento de Until Dawn, muito tem sido posto a prova sobre a real utilidade e/ou relevância dessas “novas” versões de jogos nem tão antigos assim da marca Playstation. E mal nos recuperamos do lançamento de Until Dawn e já temos em mãos nada menos que outro remaster.

Para quem não lembra, Horizon Zero Dawn é o primeiro game da franquia de Aloy, lançado originalmente com exclusividade para PlayStation 4 em 2017. No final daquele mesmo ano, chegava também seu único DLC, The Frozen Wilds, que expandiu cenário, história, equipamentos e criaturas. Ainda em tempo do natal de 2017, a PlayStation não perdeu tempo e anunciou Horizon Zero Dawn Complete Edition, a “versão definitiva” do game, que contava com o jogo base e a DLC juntos.

Análise Arkade: Horizon Zero Dawn Remastered tem melhorias gráficas... mas era necessário?

Já em 2020, o game chega em sua versão completa para os PCs, perdendo sua exclusividade e ganhando melhorias gráficas (dais quais falamos aqui no Arkade). Agora, quatro anos mais tarde e com duas versões da continuação do jogo tendo sido lançadas nesse meio tempo, recebemos uma versão remasterizada do primeiro game. A novidade é que ela utiliza de base modelos de personagens e a engine gráfica mais atual, utilizada em Horizon Forbidden West. Com essa enxurrada de lançamentos e relançamentos contextualizada, vamos enfim para a nossa review da vez.

Nada novo sob o Sol

Em termos de história e conteúdos, não temos em Horizon Zero Dawn Remastered nada de diferente em relação à Complete Edition do game. Temos a história principal completa do jogo, sem acréscimos ou nada extra, bem como também a DLC The Frozen Wilds, que nessa altura já praticamente faz parte do conteúdo base do game. O interessante aqui é acompanhar o início da história de Aloy, bem como sua jornada para se tornar a campeã de Meridiana.

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Mas não é como se houvesse muito tempo que vimos toda essa história e personagens pela primeira vez. Afinal, a última versão de Horizon Zero Dawn chegou em 2020 para os PCs. Já a versão de PlayStation 4 do título é totalmente compatível com o PlayStation 5 e, desse modo, acessível a todos os jogadores que tiveram interesse em visitar as origens de Aloy desde o lançamento do console atual da Sony.

Desse modo, em termos de narrativa e de relevância para o público, infelizmente Horizon Zero Dawn Remastered não acrescenta nada. Tendo de fato como principal atrativo a nova engine que trouxe consigo boas melhorias gráficas — se comparadas com o jogo de 2017 que, convenhamos, está longe de poder ser chamado de feito.

A falta de novidades é tão evidente que, desde o momento em que você instala o game, é possível importar seu save do jogo original (caso você o tenha em nuvem ou então inseri-lo através de um armazenamento externo).

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Visual estupendo, mas com probleminhas

Aqui não tem o que ser questionado: a melhoria gráfica de Horizon Zero Dawn Remastered é estupenda. Ver o primeiro game de Aloy rodando de uma forma muito bem otimizada e com os modelos mais parecidos com os de Horizon Forbidden West vale a pena (talvez só não valha o preço, mas chegarei lá).

E não falo só de modelos de personagens: o cenário está muito mais belo; fora as melhorias de efeitos de partículas, iluminação, densidade e o famigerado ray tracing. A água está muito mais bonita e realista, as folhagens estão mais densas. Tudo com taxas de frame excelentes.

O Digital Foundry faz uma excelente análise técnica das melhorias, com muitos comparativos entre o jogo original e sua versão remasterizada, que chega essa semana. Vale o clique:

Pra ser mais chato com essa parte, durante meus testes com o game observei alguns bugs gráficos bestas que, embora não atrapalhem a jogabilidade, quebram um pouco a imagem de “jogo atualizado” deste relançamento.

Por exemplo: várias vezes durante cinemáticas um NPC ou outro sumiam da tela do nada, principalmente aqueles que apareciam no fundo das cenas. Além disso, o cabelo de Aloy insiste em se comportar de formas estranhas, chegando ter tranças atravessando o rosto da personagem vez ou outra.

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Tipo assim

Normalmente não me importo com esse tipo de coisa, mas em se tratando de um relançamento que tem como principal (e talvez único) atrativo seu apelo visual, é um pouco desconcertante ver esses probleminhas ocorrendo com frequência. Vale ressaltar, porém, que tivemos acesso antecipado ao jogo, e pode ser que uma atualização no day one resolva (ou não) estes detalhes.

Por traz do visual belíssimo…

Horizon Zero Dawn Remastered escancara um problema que já era comentado no título original lá em 2017: o comportamento dos NPCs do game. Acontece que, mesmo com a atualização visual de primeira, por trás a impressão é de que temos exatamente os mesmos sistemas de outrora comandando inimigos e NPCs em geral — o que deve ser o caso, afinal, é um remaster.

Isso até não seria um problema, se não fossem os bugs e inconsistências no comportamento de NPC — algo que já causava estranheza no game original, e se faz presentes na remasterização também.

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Por diversas vezes presenciei NPCs traçando rotas completamente erradas para seguirem seus caminhos, além de alguns bugs quando surgem vários NPCs diferentes em uma mesma cena. Um exemplo disso foi logo na introdução do game, no ritual das lanternas acontecendo na vila. Em uma cena específica mostrando dezenas de NPCs ao mesmo tempo, pelo menos dez deles fizeram exatamente o mesmo movimento ao mesmo tempo. É um detalhe, mas quebra bastante a imersão da cena.

E isso também se faz presente na IA dos inimigos de certo modo. Jogando na dificuldade normal, o game pareceu muito mais fácil inicialmente do que ele era em sua versão original, o que me leva a crer que ou a dificuldade do game foi alterada ou a IA dos inimigos não está adequada ao nível de dificuldade. Novamente questões que são relativamente fáceis de se ajeitar com uma atualização, mas que igualmente se fazem necessárias de serem ressaltadas nessa review.

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Mas e o desempenho?

Falando propriamente do desempenho do game, este está excelente. Com exceção dos bugs de comportamento de IA que comentei e um ou outro defeitinho na interação visual entre objetos, nada realmente atrapalha a jogatina em Horizon Zero Dawn Remastered. Na verdade, ouso dizer que este é um dos melhores ports que a Nixxes fez até então para a PlayStation Studios, mesmo levando em consideração outros ports que a desenvolvedora fez para PCs.

Os testes do game no PlayStation 5 foram muito satisfatórios, principalmente nos combates. Momentos estes que exigem mais do console e que não deixaram nada a desejar no que tange taxa de frames. Na verdade, nem em Horizon Forbidden West eu notei um desempenho tão liso durante os combates como em Horizon Zero Dawn Remastered.

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Essa característica é louvável, mas será que é relevante o suficiente para justificar essa nova versão do jogo de 2017? Bom, de acordo com o pessoal do Digital Foundry, famoso por suas análises profundas desse tipo de lançamento, toda a atualização visual e de desempenho que o game sofreu justifica o valor de um novo game ao invés de ser uma mera atualização do jogo já existente. Mas no fim das contas, fica a cargo do jogador decidir o que prefere e o que julga justo para ser pago.

E a polêmica continua…

Por fim, Horizon Zero Dawn Remastered é um lançamento que me deixa com uma sensação estranha e bem dúbia em seu saldo final. Pois não estou dizendo que o game é ruim, muito longe disso na verdade. Se você gostou de Horizon Forbidden West ou então do próprio Horizon Zero Dawn original, essa remasterização pode te divertir bastante, não tenha dúvidas disso.

Mas ao mesmo tempo, tal qual foi com The Last of Us Part I, me pergunto até quando a indústria vai continuar nos empurrando remakes e remasters de games tão recentes, com períodos cada vez mais curtos de tempo entre o lançamento original e o relançamento.

Meu colega Rodrigo falou um pouco disso em seu review de Until Dawn, e o caso, infelizmente é sintomático: produzir jogos novos é caro e demorado — e nem sempre dá o retorno esperado. Requentar jogos de franquias queridas, por outro lado, é mais rápido, mais barato e já carrega uma base consolidada de fãs.

Análise Arkade: Horizon Zero Dawn Remastered tem melhorias gráficas... mas era necessário?

Analisando Horizon Zero Dawn Remastered em uma bolha isolada, ele ainda é um excelente jogo. Porém é impossível ohar para ele apenas dessa forma. Afinal, estamos falando de uma remasterização que chega quatro anos depois da versão mais atual do jogo original — jogo esse que está disponível e perfeitamente jogável em pelo menos 3 plataformas relevantes e atuais (PS4, PC e PS5).

A “vantagem” é que, tal qual o caso de The Last of us Part II Remastered, o upgrade é baratinho para quem já tem o jogo base (R$ 50). Mas o público (e o jogo) realmente precisavam dessa remasterização?

Por tudo isso, termino esse texto respondendo a pergunta do título: esse game é necessário? Não, nem um pouco. Mas ele é ruim por conta disso? Também não. E é isso.

Horizon Zero Dawn Remastered chega manhã, dia 31 de outubro de 2024, para PlayStation 5 e PCs (via Steam e Epic Games). O game, assim como toda a franquia, encontra-se totalmente em português brasileiro.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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