Análise Arkade: Anima Flux é um metroidvania de primeira com co-op competente

4 de novembro de 2024
Análise Arkade: Anima Flux é um metroidvania de primeira com co-op competente

Já tem um certo tempo que o gênero Metroidvania retornou. Um tipo de jogo que se fez muito popular nos anos 90 e 2000 e que mais recentemente teve diversos títulos memoráveis tanto no mercado indie quanto vindo de grandes empresas. Anima Flux é uma produção completamente independente que surfa no retorno desse gênero de uma forma interessante, uma vez que traz mecânicas de co-op para a jogabilidade que o diferenciam da maioria.

Claro que a jogabilidade cooperativa em Metroidvanias não é algo inédito de Anima Flux. Entretanto podemos considerar que é um tipo de gênero que não é tão conhecido por versões multiplayer de seus jogos num geral. No game nós acompanhamos dois soldados de elite com habilidades distintas enquanto exploramos um universo no melhor estilo sci-fi decadente e sombrio com pitadas de cyberpunk e uma história repleta de mistérios.

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Dois agentes contra uma legião

Antes de mais nada, vamos falar sobre a história do game que, é importante citar, está toda contada em textos traduzidos para o nosso idioma. Em Anima Flux, temos um mundo futurista sombrio no qual mutantes destruíram e dominaram praticamente todo o mundo conhecido. O local de início da história é aquela que é considerada a última área de resistência dos humanos contra esses mutantes, uma cidade-fortaleza que aparentemente está em risco de ser destruída.

Nesse universo cyberpunk decadente, conhecemos os dois protagonistas da história: Roy e Eileen. Estes são dois soldados de elite com habilidades distintas e complementares que se veem presos a uma mesma missão: descobrir a origem e o motivo da invasão dos insetos mutantes que ameaçam a existência humana. O interessante aqui é a discrepância de pontos de vista inicial entre os dois personagens.

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Isso porque Eileen começa como uma fiel soldado do governo, sempre pronta para atender um chamado de seus superiores. Por outro lado, Roy é um famoso e experiente ex-combatente que estava fora de serviço. Roy, ao contrário de Eileen é muito mais crítico e parece saber mais do que diz sobre o governo e tudo o mais que acontece nesse universo. A discrepância entre a personalidade dos dois protagonistas é bacana de acompanhar e, claro, não se traduz somente em suas linhas de diálogo.

Isso porque em termos de jogabilidade, Eileen e Roy são sumariamente opostos. Desse modo, a história de Anima Flux, que já tem pontos excelentes de serem apontados, vê na jogabilidade do título uma completudo ímpar que nem sempre vemos em games desse gênero. Essa dualidade entre os protagonistas carrega toda a experiência do game de forma bastante positiva. Mas vamos falar mais da jogabilidade em si adiante.

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Jogabilidade fluida e rápida

Mesmo que esteja bem ressaltado que Anima Flux se trata de um game com grande foco no multiplayer cooperativo para duas pessoas, o game também funciona bem no modo solo. No caso, nós controlamos alternadamente ambos os personagens, os quais possuem habilidades focadas em combate corpo a corpo e defesas altas (no caso de Roy) e combate a distância com bastante esquiva e movimentação (no caso de Eileen).

Entretanto, é importante ressaltar também que em jogatinas solo, o personagem que não controlamos pode receber ordens nossas para se movimentar livremente ou então ficar parado em um local específico. Fora isso, ele também auxilia bastante nos combates. Porém, e talvez esse seja o primeiro ponto negativo do game, a IA do nosso companheiro não é lá tão inteligente assim, pulando em combates suicidas e recebendo dano desnecessário na maior parte do tempo.

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Na minha jogatina percebi que a melhor cominação em jogatinas solo seria o jogador utilizar Eileen a maior parte do tempo, se movimentando à distância enquanto a IA no comando de Roy serve de tank durante a maior parte dos combates. Com isso vemos que, embora o modo solo do game funcione, claramente seus desenvolvedores pensaram mais na jogatina cooperativa aqui.

Porém, independente dessas questões mais particulares do jogo solo, temos uma jogatina bem fluida em momentos de ação, com combates rápidos e bem movimentados. Os inimigos não nos permitem ficar parados por muito tempo, tendo inclusive alguns comportamentos que me lembraram bastante outro gênero, o Bullet Hell, com poderes e projéteis voando em nossa direção e obrigando o jogador a ter uma movimentação ágil e de resposta rápida caso não queria receber muito dano.

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Trabalho a dois

Não tem o que discutir: o modo cooperativo é o principal diferencial de Anima Flux e igualmente o principal foco da experiência de jogo do game. Jogando em duas pessoas, todos os puzzles e combates ganham um tom a mais de dinamicidade impossível de ser alcançado no modo solo. Vale ressaltar inclusive que, mesmo em multiplayer, o game funciona muito bem no Steam Deck, uma das plataformas nas quais testamos o game.

O combate no modo cooperativo de Anima Flux traz uma dinâmica particular que a IA não nos permite fazer. É possível traçar estratégias mais marcantes, como cada um focar um tipo de inimigo ou então movimentações cíclicas que permitem um domínio maior do espaço físico do jogo. Abusar da agilidade de Eileen enquanto Roy segura o tranco com danos massivos de perto é a estratégia mais óbvia aqui. Porém, a variedade de inimigos nos obriga a improvisar vez ou outra, o que é ótimo.

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Mesmo que a dinâmica entre os dois personagens pareça um tanto quanto óbvia de início: um “linha de frente mais pesado” e uma “ágil com combates a longa distância”, a interação entre eles se torna mais profunda com o passar do tempo. Isso por conta do desbloqueio de habilidades com o avançar dos cenários. Esses poderes e atualizações passivas dão ainda mais dinamicidade para a dupla, que passam a funcionar cada vez mais juntos.

Nem tudo são flores

Mas é claro que nem tudo é perfeição em Anima Flux. Claro que não estamos falando aqui de problemas que tornam o game péssimo, nada disso. O jogo é sim muito prazeroso de se jogar, porém, precisamos ressaltar alguns deslizes que se tornam bem relevantes no decorrer da jogatina. O principal deles ao meu ver talvez seja os aspectos estéticos do game, que são um tanto quanto genéricos e de pouca personalidade.

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Foi difícil de me apegar aos personagens visualmente, já que pra mim eles são tão escrachadamente arquétipos que não deixam espaço para uma identificação de fato pessoal com cada um deles ou de seus estilos. Esse deslize não para só nos personagens, já que os cenários do game, embora belos à primeira vista, se tornam repetitivos em bem pouco tempo. As próprias áreas a serem exploradas são bem semelhantes umas às outras, o que incomoda um pouco às vezes.

Por fim, os mais ávidos por ação e combates podem se enjoar de Anima Flux antes de terem vivenciado de fato seu ápice. Isso por conta da progressão de combate ser relativamente lenta, com habilidade consideradas mais basais em outros games (como o pulo duplo e a esquiva rápida) demorando demais para serem destravadas. Com isso, o combate pode ser mais repetitivo e quebrado nas primeiras horas de jogatina.

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Uma ótima opção de Metroidvania

No saldo final Anima Flux acaba agradando mais do que decepcionando. Ele não é o metroidvania mais inovador e criativo do mundo, mas possui diferenciais o suficiente para justificarem sua existência. Já em termos de enredo, ele pode surpreender hora ou outra, além da interação entre os protagonistas ser bem divertida. Mas acaba que seu ponto mais forte é também seu calcanhar de Aquilles.

Isso porque Anima Flux é muito mais indicado para os amantes de metroidvania que possuam um parceiro ou parceira para experimentar o game juntos. Jogá-lo no modo solo não é lá tão atrativo assim, deixando-o bem aquém de vários outros títulos da atualidade que fazem a mesma coisa. Por isso, a recomendação fica para quem pode jogar o saudoso multiplayer, seja online ou localmente.

Anima Flux chegou no dia 07 de outubro de 2024 e está disponível para PlayStation 5, Xbox Series, Xbox One, PC (via Steam, Microsoft Store e Epic Games) e Nintendo Switch.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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