Análise Arkade: Dragon Ball Sparking! Zero é uma viagem do tempo pra era do Playstation 2
Lembra da época em que você saía da aula, juntava seus amigos e realizava um torneio de luta em Dragon Ball Z Budokai Tenkaichi 3? Pois o novo game da série, Dragon Ball: Sparking! Zero nos leva de volta a essa época, trazendo centenas de personagens, diferentes modos de jogo e é claro, muita porradaria!
Do jeito que sempre foi, mas diferente
Dragon Ball: Sparking! Zero é um game que parte diretamente para o que interessa. Quando abrimos o game pela primeira vez, caímos direto numa cena com Goku e Vegeta treinando, que é onde aprendemos os controles básicos. Terminado o tutorial, vemos um vídeo de abertura (saudade quando todo game tinha uma abertura legal) e já caímos no menu principal, com muitas opções diferentes, o que até me deixou perdido num primeiro momento.
Diferente da série Xenoverse e de Dragon Ball FighterZ, esse novo game não possui um modo história original, mas mantém o padrão da série original, ao recriar os eventos do anime, dessa vez com toda a progressão desde o início de Dragon Ball Z até o final do filme Dragon Ball Super: Broly.
Essa progressão acontece no modo de Episódios, que é focado em contar a história do mangá e anime na perspectiva dos diferentes personagens da obra. Começando com Goku, conforme jogamos, vamos desbloqueando mais personagens para acompanharmos toda a sua história. Por exemplo, jogamos com Goku, Piccolo, Kulilin, Gohan, Vegeta, Freeza, Goku Black e muitos outros.
Esse modo progride por fases, mas de uma forma bem criativa e interessante. Existe um enorme mapa que traça todos os eventos de Dragon Ball até o final do anime de Dragon Ball Super, divido em diferentes fases. Porém, só jogamos as fases referentes ao personagem escolhido. Dessa forma, só vemos as lutas que aquele personagem travou. Por exemplo com Goku, enfrentamos Raditz e a luta seguinte já é contra Nappa. Na Saga Freeza, enfrentamos Boter, Yuz e Ginyu e depois jogamos apenas a luta contra Freeza já em sua última forma. E por aí vai.
Esse modo parece bem básico, mas ele tem algo muito, mas muito legal, que são caminhos alternativos que desviam da história. A melhor forma de descrever isso é imaginar que o mapa de Dragon Ball: Sparking! Zero é semelhante ao mapa de Super Mario World, em que algumas fases possuem mais de uma saída que levam a áreas secretas. Aqui, você desbloqueia novos caminhos dependendo de suas ações.
Logo no início da aventura de Goku, quando Piccolo aparece e propõe uma aliança para derrotar Raditz, podemos seguir o caminho original e ir com ele para a luta, ou recusar, com Goku lutando sozinho, o que gera uma linha do tempo alternativa! Outros exemplos estão em certas condições de batalha. Por exemplo na Saga Boo, em que Goku mostra o Super Saiyajin 3 pela primeira vez e enfrenta Majin Boo, se derrotarmos o vilão em menos de certa quantidade de tempo, a história segue por um caminho. Se demorarmos demais, a história seguirá por um caminho diferente!
Os caminhos baseados em tomada de decisão liberam fases secretas que chegam até um final estabelecido. Já os caminhos baseados em ações dentro da luta apresentam pequenas diferenças que no fim acabam retornando para o caminho original, sem alterar muito da história, mas mostrando sequências de eventos diferentes.
Isso adiciona muito fator replay ao game, principalmente com a possibilidade de jogarmos a história com diferentes personagens! E todo esse conteúdo do modo de capítulos é apenas um exemplo de tudo o que o game oferece!
Aliás, o nível de desafio já nesse modo é bem intenso. Você já deve ter visto os memes na internet dos jogadores que não estavam conseguindo derrotar o Vegeta em sua forma Oozaru, com a própria Bandai Namco simplesmente dizendo para eles “tentem de novo ou diminuam a dificuldade”. Conforme avançamos fase a fase, os inimigos ficam muito mais espertos e agressivos, forçando o jogador a aprender a jogar melhor!
Uma coisa bem legal do game é que ele tem centenas de personagens e a maioria (com exceção de alguns poucos personagens vendidos via DLC) são desbloqueados dentro do game, podendo ser comprados com Zeni, que você ganhar simplesmente jogando! E também há a opção de desbloquear personagens fazendo um pedido a Shenlong, Porunga e Supershenlong!
A mecânica de coleta das Esferas do Dragão agora é diferente, no Playstation 2 você as encontrava destruindo os cenários durante uma luta, agora, você ganha elas individualmente ao cumprir desafios. Os desafios são dados pelo anjo Whis e pelo deus supremo Senhor Zen’Oh, e envolvem tarefas simples a complexas, como usar ataques especiais um certo número de vezes,
Gameplay familiar, mas mais complexo
Provavelmente o grande diferencial de Dragon Ball: Sparking! Zero está em seu gameplay, que ao mesmo tempo é o elemento de maior similaridade com seu antecessor, Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi 3, lá de 2007.
O game mantém seu estilo de batalhas de alta velocidade, em arenas gigantescas e a possibilidade de lutar tanto em terra quanto no ar e na água, simulando de forma incrível as lutas do anime. O básico que você conhece lá dos games do Playstation 2 continuam aqui: combos simplificados, ataques fortes que jogam o inimigo para longe, combinações de botões simples para usar ataques especiais, bem como poder se mover livremente para qualquer direção.
O que muda são as nuances, em especial o sistema de defesa, esquiva e contra-ataques. Lembro que jogando Budokai Tenkaichi 3 bastava ficar martelando apenas um botão para poder escapar de um combo “teletransportando-se” para trás do personagem inimigo. Agora, o game não possui apenas um, mas vários sistemas diferentes para isso. Existe a esquiva quando você está recebendo um combo, quando é atirado para longe, quando está atacando, em resposta ao contra-ataque do jogador, e por aí vai.
Eu mesmo levei um tempo até me acostumar com tudo isso, tanto que o modo de jogo que mais interagi foi justamente o modo de treino, aprendendo tudo isso até enfim conseguir realizar cada ação em luta sem ter que pensar muito para isso. Dessa forma, aprender a jogar Dragon Ball: Sparking! Zero leva um tempo, o que até faz sentido, já que o game conta com multiplayer online, além do fato de termos a possibilidade de criar combos poderosos com cancelamento de ataques e tudo mais.
Inicialmente, uma preocupação minha com o game era a quantidade de personagens, com a grande maioria sendo transformações. Goku, por exemplo, tem muitas versões diferentes, contando sua versão criança e adolescente de Dragon Ball, adulto no início, meio e fim de Dragon Ball Z, além de suas versões de Dragon Ball Super e até mesmo suas versões criança de GT e do recente anime Dragon Ball Daima, isso sem contar todas as suas transformações dessas variantes! Minha preocupação seria se as transformações ainda estariam presentes como mecânica de gameplay, e felizmente estão!
Ao escolher um personagem para lutar, você pode escolher sua versão base ou partir direto para uma transformação. Quer jogar com o Gohan direto em sua forma mística? Você pode! Escolher o Cell na Segunda Forma, Freeza na forma Dourada, Vegeta Deus Super Saiyajin padrão, Goku com Instinto Superior Presságio ou completo? É só escolher o personagem e sua transformação e jogar. Mas, paralelo a isso, você pode usar transformações livremente durante as batalhas!
Para realizar qualquer ação em luta você precisa ficar de olho em dois medidores: O primeiro é medidor de Ki, que você pode carregar a qualquer momento. O ki é usado para ações “comuns”, como voar em alta velocidade, lançar disparos de ki e ataques especiais. O outro medidor é o técnicas, esse medidor é carregado ao atacar e ao sofrer dano, carregando em pontos. Ele é usado para realização ações especiais e transformações.
As técnicas são divididas em dois tipos: buffs e técnicas de batalha. Buffs envolvem, por exemplo, carregar todo o ki de forma instantânea, aumentar o poder de certos ataques e etc. As técnicas são simplesmente as diferentes técnicas características dos personagens. Por exemplo ativar o Kaioken, usar o teletransporte, cegar inimigos com o Taiyoken e etc.
Há ainda a possibilidade usar itens durante as batalhas (desde que o personagem tenha itens equipados através do menu de customização), realizar diferentes poses para provocar seus oponentes, e trocar de personagem durante a luta.
São muitas coisas que você pode fazer durante uma luta, tornando esse provavelmente o mais complexo e completo game de Dragon Ball já feito. Diferente de Dragon Ball Fighter Z, com um gameplay rápido focado em jogatina rankeada e torneios, com ações realizadas através de combinações simples de controles, Dragon Ball: Sparking! Zero possui muitos sistemas e subsistemas funcionando durante as lutas, não sendo somente uma questão de apertar X pra voar até o inimigo e martelar quadrado para mandar porrada.
Aliás, se você tentar isso vai é apanhar feio, a IA básica do game sabe muito bem utilizar contra-ataques, cancelamentos e todas as técnicas disponíveis, oferendo lutas bastante desafiadoras. Sabe aquele negócio que o modo história dos games de luta só serve como modo de treino para os personagens? É tipo isso, mas o modo aqui história é vasto. E a quantidade de recursos que o jogador precisar ir aprendendo de forma progressiva é bem grande!
Audiovisual
Dragon Ball: Sparking! Zero possui um visual incrível. É até estranho, se pararmos pra pensar, que é possível melhorar o visual de um game de anime, em que seus personagens mantém seus visuais game após game. Mas realmente, Sparking! Zero é muito belo. Principalmente durante as animações de ataque, poi aí o game brilha de verdade.
Cada transformação, cada ataque especial, tudo foi animado com uma qualidade incrível, e as screenshots espalhadas por essa análise deixam isso muito bem claro! A qualidade das animações de disparos de energia é magnífica. E mais impressionante ainda é o nível de destruição causado por esses ataques! Com montanhas sendo destruídas, crateras sendo abertas no chão e os personagens ficando visivelmente machucados, com suas roupas rasgando, assim como nas cenas de luta do anime e mangá!
Os efeitos sonoros utilizam todos os sons do anime, ou seja, são perfeitos! Os sons de ki carregando, de golpes acertando, disparos de ki, teletransporte e etc. Tudo está aqui. Quando a série Budokai Tenkaichi foi criada, seu objetivo era entregar ao jogador a experiência mais aproximada das lutas de Dragon Ball. E pelo menos no Playstation 2, chegava perto, mas parecia que faltava alguma coisa. Agora, a sensação, pelo menos para mim, parece completa!
A trilha sonora do game é ótima, incrivelmente intensa e misturando temas que até lembram o anime com heavy metal dos bons. Felizmente, você pode jogar utilizando as músicas do anime, que são vendidas separadamente via DLC.
Porém, infelizmente e mais uma vez, temos um game de Dragon Ball sem dublagem brasileira. O game oferece apenas vozes em inglês e japonês, sem mais nenhum idioma adicionado, o que é uma imensa pena. Assim, deixo mais uma vez o apelo aqui para a Bandai Namco por favor colocar os dubladores brasileiros nos games de Dragon Ball!
Felizmente, o game conta com localização em português brasileiro em seus menus e legendas. Infelizmente a localização possui vários erros de tradução, dando sentidos as vezes opostos a algumas falas de personagens.
Conclusão
Dragon Ball Fighter Z é, pra mim, o melhor game de luta de Dragon Ball já criado, pois entrega o tipo de gameplay que eu sempre quis ver desde Dragon Ball Budokai 3. Já Dragon Ball: Sparking! Zero é, para mim, o melhor game de Dragon Ball já feito até hoje! Talvez a distinção aqui seja difícil de entender, afinal ambos são games de luta.
Minha distinção é que Fighter Z é o melhor game de luta “tradicional”, com lutas em 2D. E Sparking! Zero é a melhor adaptação de Dragon Ball para os vídeo games. Meu principal ponto de crítica é que o game não possui o mesmo nível de detalhes em suas cutscenes. Nesse caso, Dragon Ball Z: Kakarot é perfeito, pois recria as cenas do mangá e anime de forma incrivelmente detalhista.
Assim, ofereço aqui a receita para o game de Dragon Ball perfeito: Os combos de Fighter Z, o mundo e o gameplay de Sparking! Zero, e a qualidade visual de Kakarot. O bom é que cada novo game de Dragon Ball consegue chegar perto da perfeição em quesitos diferentes, e repetindo mais uma vez, para mim, Dragon Ball Sparking! Zero é o melhor game de Dragon Ball num geral já criado!
Dragon Ball: Sparking! Zero foi lançado no dia 7 de outubro com versões para PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S.
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