Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

21 de julho de 2015

Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

A nostalgia de Castlevania e Demon’s Crest permeiam em Odallus: The Dark Call. Confira agora a nossa resenha do game desenvolvido pelos brasileiros da Joymasher.

Videogames requerem uma certa técnica para fazer algo que na primeira vista parece ser simples, que é deixar o jogador com a vontade de voltar para o game mesmo após ter terminado ele, produzindo horas e mais horas de diversão. Hoje em dia vemos diversos planos para colocar o jogador de volta, seja com DLCs, Conquistas para serem desbloqueadas, e até travando o verdadeiro final por trás de inúmeras missões secundárias que estão lá só para te obrigar a jogar mais, mesmo contra a sua própria vontade.

Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

E jogos de exploração são ainda mais importantes por isso, uma de suas mecânicas principais é a repetição, indo e voltando por diversos cenários, encontrando objetos escondidos e caminhos que eram impossíveis de atingir com suas habilidades na primeira vez que passou por lá. Por isso acabei não conseguindo gostar tanto desses jogos por nenhum conseguir me prender e obrigar a jogar além do necessário, e acabei ficando desesperançoso de encontrar um jogo que faça isso comigo.

Isto, pelo menos, é o que eu pensava até jogar Odallus.

FIRE WALK WITH ME

Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

Desenvolvido pelo estúdio brasileiro Joymasher, Odallus é uma mudança completa de cenário em comparação ao último jogo da produtora, Oniken. Casando a exploração de jogos como Castlevania e Demon’s Crest, com a excelente técnica e design da Joymasher.

Odallus nos leva para um universo medieval onde a Escuridão tomou esta terra esquecida pelos deuses. Nele controlamos Haggis, um guerreiro cansado demais de toda a matança mas que precisa empunhar sua espada mais uma vez para resgatar seu filho, que foi capturado pelos seres que estão por trás de toda essa destruição e caos. Assim o game coloca o jogador caminhando para diversos lugares, incluindo cidades destruídas, antigos aquedutos, templos esquecidos e montanhas gélidas em busca de seu filho e tentar compreender o que está acontecendo.

Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

As inspirações com o old school dos videogames sempre foi visível nos jogos da Joymasher, Oniken se aproximou a Ninja Gaiden, Shinobi e outros 2D sidescrollers mais frenéticos, e agora Odallus se inspira em uma era perfeita dos games, onde o conceito de metroidvania estava sendo descoberto e somente algumas das mecânicas mais básicas eram utilizadas nos games. E Joymasher conseguiu fazer exatamente isto, levando Odallus para o tempo exato dos games onde o valor primário era na jogabilidade, deixando outros elementos em segundo plano.

A INTRÍNSECA JOGABILIDADE

Jogar Odallus é uma experiência extremamente satisfatória e divertida justamente pela sua jogabilidade, a sensação de peso no pulo e aterrissagem de Haggis é tão bem detalhada que dá para sentir cada pixel se movendo ao comando do botão.

O mesmo vale para todas as outras ações que o nosso protagonista faz durante o game, seja atacando com sua espada e armas secundárias, ou utilizando habilidades especiais que são encontradas em lugares escondidos nas fases, expandindo o leque de habilidade de Haggis ao conseguir ativar uma rápida esquiva, respirar debaixo d’água, mover objetos pesados, pular duas vezes no ar e até planar, tudo graças aos equipamentos encontrados. Isso mostra que tudo em Haggis foi meticulosamente desenvolvido e designado para o jogo, com cada inimigo reagindo de uma forma distinta da anterior.

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Mas uma das mecânicas mais interessantes em sua jogabilidade é algo que é extremamente simples mas igualmente útil, com Haggis conseguindo segurar nas bordas de plataformas e paredes que levam para um caminho. Assim um pulo que normalmente não funcionaria em um game normal consegue se encaixar perfeitamente por te dar essa segunda chance de se segurar e levantar para a plataforma, algo que você irá precisar muito ao jogar Odallus.

OLD SCHOOL COM UM PROGRESSO INTELIGENTE

Como havia dito, Odallus remete aos antigos jogos e por sua vez, a inerente dificuldade encontrada no passado. Porém, por aqui ela é um pouco mais detalhada e piedosa em comparação ao ultimo game da desenvolvedora. Diferente de Oniken, Odallus começa te guiando de longe até em um momento que não terá mais ajuda e restará somente você e toda a experiência desenvolvida nas horas jogadas.

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Diferente dos jogos difíceis que vemos hoje em dia, Odallus te dá uma chance para se situar no ambiente antes de te jogar em uma sala com inúmeros obstáculos e inimigos tentando te matar. Essa dificuldade gradativa impede do game se tornar uma experiência frustrante, e ainda consegue ser divertido e desafiador até nos momentos mais difíceis em que você irá repetir a mesma fase várias vezes.

Para balancear, Odallus também traz uma variedade gigantesca de inimigos, todos com padrões e movimentações distintas que forçam o jogador a desenvolver diferentes estratégias para as situações enfrentadas. Tudo fica ainda mais crítico quando você precisa chegar até o chefão com o máximo de vida possível para sobreviver, te colocando naquele ponto complicado em que você precisa passar por uma parte da fase sem tomar dano algum.

AMPLOS E DETALHADOS CENÁRIOS

Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

Essa variedade de inimigos complementa os cenários, todos amplos e com vários lugares escondidos que te dão itens especiais, mais orbs para gastar com comida e armas, e um caminho em especial que te levará para uma fase totalmente nova, sendo que cada cenário tem no mínimo uma fase inteira esperando para ser descoberta. E o melhor é ver como esses segredos são descobertos, atingindo mais uma vez aquele momento nostálgico de encontrar um item escondido dentro de uma parede falsa ou desvendar o que ele quer que você faça naquele puzzle com o pouco disponivel em suas mãos.

Para facilitar, o próprio jogo te mostra o número de segredos em cada fase e quantos foram descobertos até o momento, outra escolha no design que ajuda imensamente o jogador é o portal que te leva para um ponto especifico do cenário, mas para isso você precisa encontrar primeiramente o portão de destino para abrir a opção, assim você ganha um atalho quando morrer mais uma vez – ou quando passar por lá novamente – e precisar de chegar no chefão sem ter que enfrentar quase todos os obstáculos.

Análise Arkade: Revitalizando o old school com Odallus: The Dark Call

E mesmo com todo esse foco na jogabilidade, Odallus consegue ter um espaço relativamente grande para trazer desenvolver um mundo vívido. As restrições do estilo retrô acabam se tornando complementos para o universo, conseguindo entender muito dos lugares que Haggis passa pelas diferentes estátuas situadas no fundo, diálogos com vendedores, histórias gravadas em pedras que podem ser encontradas em lugares mais escondidos do cenário e todos os inimigos enfrentados por Haggis, que acentuam e encaixam perfeitamente naquele universo.

CONCLUSÃO

Odallus é uma experiência quase perfeita, sua intrínseca jogabilidade te faz querer voltar a jogar mesmo depois de ter passado tanto tempo nele e procurar todos os pequenos segredos e lugares escondidos que os cenários têm para oferecer. A variedade nos inimigos, equipamentos e habilidades o deixam novo mesmo após muitas horas jogadas e seu universo traz um nível impressionante de detalhe dado a estética retrô do game.

Mas o mais importante é que Odallus fez algo que eu não esperava, ascendendo uma chama para os games de exploração, vertente que não me interessava tanto até o momento. Assim a Joymasher conseguiu não só fazer um jogo de qualidade, mas trazer de volta a nostalgia de um gênero que não recebe tanta atenção e ainda abriu uma imensa gama de jogos que no passado não teria vontade alguma para jogar, eu só espero que esses jogos sejam tão bons quanto Odallus.

Odallus: The Dark Call está disponivel para PC no Steam, GOG e pelo site da Joymasher.

Henrique Gonçalves

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