RetroArkade: Duke Nukem 3D nos ensinou muita coisa… errada!

1 de novembro de 2015

RetroArkade: Duke Nukem 3D nos ensinou muita coisa... errada!

Se você era vivo e já curtia videogame na era “pré-GTA“, então vai se lembrar de um dos primeiros jogos que ensinava tudo o que não se devia fazer. Claro que estamos falando do eterno e fanfarrão Duke Nukem 3D.

Se havia uma época aonde as mães ficavam malucas com tudo, era na década de 90. Nesta década, muita violência começou a aparecer por todo canto, por causa das expansões dos meios de comunicação, que transmitiam desgraça via helicóptero — até hoje — e que também envolvem os videogames. O gamer “inicial” dos anos 80 já era um adolescente ou mesmo adulto e apesar de gostar de Mario, queria mais.

Somado a isso, naquela época ainda corria solto a polêmica das mensagens subliminares dos filmes da Disney, como o Scar falando que é gay no final de O Rei Leão, a “barraca armada” do padre no filme A Pequena Sereia e por aí vai. Tudo isso gerou uma patrulha da “moral e bons costumes” que buscava exterminar todo conteúdo que não fosse envolvendo os valores corretos da sociedade, no melhor estilo Marge Simpson. Em vão.

Mas mesmo com games violentos do calibre de Mortal Kombat e Eternal Darkness, e também com o recente sucesso de Doom e Wolfenstein 3D, eis que em 1996 chega a evolução de um personagem que representa tudo o que as mães mais zelam, só que não: Duke Nukem. Duke Nuken 3D foi o típico jogo que ensina “tudo o que não se deve” e fez muita gente ficar de castigo por jogá-lo. Se você foi um desses, pode usar nossos comentários como muro das lamentações.

No princípio, o Duke.

RetroArkade: Duke Nukem 3D nos ensinou muita coisa... errada!

Nos anos 90, a moda era personagens “mascote”. Era um tal de “Sei-lá-o-quê-o-Urso”, ou “Sei-lá-o-quê-o-Gato”, que tentavam pegar carona no sucesso de um certo ouriço azul e lucrar um pouco com mascotes. A Apogee Software (hoje a 3D Realms) foi ao contrário de tudo isso, mesmo lançando o seu “mascote”, um fanfarrão no melhor estilo “Exterminador do Futuro” possível, amante da sem vergonhice e que explode tudo para conseguir seus objetivos.

Após um relativo sucesso com seu game de estreia (e seu “2”), um shooter em 2D lançado em 1991, em 1996 um Duke mais moderno aparece novamente, desta vez tentando eliminar uma invasão alienígena ao nosso planeta com tudo o que tem direito. E já que o mundo está esculachado, não tem “nada de mais” continuar a esculachar, não é mesmo?

Uma aula de coisa errada

RetroArkade: Duke Nukem 3D nos ensinou muita coisa... errada!

Esqueça os gráficos, esqueça a jogabilidade. Quem jogava Duke Nukem, jogava pela zoeira. Não que os outros elementos fossem ruins, mas por aqui, visitar uma zona ou tocar o terror com os seus inimigos é algo tão simples quanto ver um filme “pornográfico” no cinema (tá, eu sei que é um gif de uma moça de biquíni), também disponível no game.

Matar monstros bizarros com extrema violência já não era novidade, pois Doom já existia, porém, entrar em um cinema e ligar um filme “safado”, explodir strippers, jogar dinheiro para dançarinas de inferninhos e falar palavrão eram algumas das coisas “gentis” que podiam ser feitas no game.

E Duke não era bem o tipo de bom moço que queria salvar o mundo. Até tinha a “nobre” meta de salvar a humanidade, porém o que ele queria mesmo era tocar o terror e pelo visto, nem estava incomodado pela situação que o planeta estava. Pra ele, o que viesse era lucro e se pudesse estourar cabeças alienígenas no processo, era lucro!

Porém, na parte gráfica, Duke Nukem 3D era show. A engine do jogo permitia detalhes, como reflexos no espelho, “interação” com o cenário (abrir portas e dar dinheiro para strippers), e até criar um ambiente mais profundo e amplo do que os games da época, verdadeiros labirintos claustrofóbicos. Os inimigos também chamavam atenção e iam pra cima sem dó!

Hora de salvar o mundo e poder ter férias em paz!

RetroArkade: Duke Nukem 3D nos ensinou muita coisa... errada!

Logo após os eventos dos primeiros games, Duke só queria uma coisa: férias. Mulherada e sossego era o que ele queria, porém ao chegar na Terra sua nava foi atacada o fazendo cair em Los Angeles, já dominada pelos aliens. Então para salvar o planeta e principalmente, conquistar as merecidas férias, nosso “herói” começa sua jornada em quatro interessantes níveis:

L.A. Meltdown

Com a nave caindo em Los Angeles, resta a Duke ir resolver os problemas. Nesta fase, que envolve um cinema um tanto peculiar (e que foi tema de polêmica no país após um atentado em 1999, quando Mateus da Costa Meira adentrou um cinema atirando em todos com uma submetralhadora, fazendo com que o game fosse banido no país por um tempo), fliperamas e inferninhos, nosso “herói” descobre ao final que mulheres estavam sendo sequestradas para reproduzirem com os aliens (!), destruindo a nave e ganhando um “mission complete”.

Lunar Apocalypse

Duke então decidiu voltar para o espaço, quando descobre que o plano anterior já estava mais adiantado do que nunca, com as mulheres já sendo incubadas e preparadas para a reprodução. Porém, Duke descobre algumas coisas curiosas ao acessar arquivos dos aliens, o que o leva para a terceira missão.

 

Shrapnel City

De volta para Los Angeles, Duke vai enfrentar mais aliens, mais fortes e poderosos, já que eles protegem o Imperador Cicloyd, o responsável principal pela destruição e planos malignos. Chegando a um campo de futebol, o combate acontece e o final… dependerá de você.

The Birth

E enfim nosso herói vai curtir suas férias… isso é, se ele não estiver dentro da Atomic Edition, versão espacial com uma missão extra, que envolve uma retaliação dos aliens e sua nova imperatriz, uma mulher capturada e criada por eles para reviver os planos dos espaciais. Então resta ao Duke retornar para trocar mais alguns tiros e finalmente buscar suas férias tão preciosas.

Várias versões

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Duke Nukem 3D, com o sucesso que conquistou, acabou indo parar em todos os sistemas disponíveis. Hoje, no gênero só perde para o Doom, que já roda até em caixa eletrônico e impressora.

Mas além do PC, jogadores de Game.com, Saturn, Playstation, Nintendo 64 e Mega Drive também puderam conferir o jogo, e cada sistema ganhou uma exclusividade, como a versão online do Saturn, fases extras no PSOne e multiplayer “GoldenEye 007” no N64.

 

Mais tarde, o game chegou ao Xbox e PS3 em edições digitais e no iPhone com versões que buscavam aprimorar os recursos dos dispositivos. Enquanto a versão de consoles leva a série a uma nova geração, adaptando controles e adicionando o recurso de salvar no ponto que desejar, a de iPhone é inferior em todos os sentidos.

O Legado

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Duke Nukem 3D fez sucesso, claro, mas abriu portas maiores do que imaginava o pessoal na 3D Realms. O próprio estúdio teria participação decisiva em outro jogo violento, cru e recheado de interações: Max Payne. E junto com outra empresa, uma tal de Rockstar, trouxe o tema violência com humor de maneira cada vez mais interessante, sem simplesmente “apelar” para conceitos controversos.

A aventura de Duke apresentou para muita gente em 1996 conceitos comuns hoje em dia, como interação com cenários e personagens, humor escrachado e termos mais adultos em um game, seja ele algo mais sério ou algo mais escrachado. Em outras palavras, será que teríamos Trevor Phillips se não houvesse Duke Nukem? Pense nisso…

 

 

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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