Especial Arkade Melhores Jogos do Ano: Life Is Strange
Quem nunca sonhou em poder voltar no tempo para mudar algo que disse ou fez? Essa é a premissa básica de Life is Strange, o jogo mais surpreendente de 2015, na opinião deste que vos escreve.
O adventure dos franceses da Dontnod surgiu despretensioso. É o segundo jogo desenvolvido pelos estúdio, que não teve o sucesso esperado com o ambicioso Remember Me. Episódico, seguindo a formula de sucesso dos jogos da Telltale, o próprio jogo começa com esse mesmo sentimento de pouco pretensão.
Seguindo a vida de Maxine Caulfield (ou simplesmente Max), uma estudante de fotografia, na fictícia cidade chamada Arcadia Bay, que descobre ter o poder de voltar o tempo, Life is Strange começa tratando de descobertas. Não só de poderes, mas de descobertas pessoais, e como você lida com pequenas decisões cotidianas e com as consequências delas. Não existem decisões certas ou erradas.
Conforme passam os episódios, mais personagens são apresentados, todos com um carisma ímpar. E eventos maiores se desenrolam. Life is Strange rapidamente se torna é um jogo sobre escolhas e consequências. Mas ele também é sobre mistério, empatia, drama e sobre seus personagens. Sobretudo sobre a forma como é capaz de subverter os arquétipos de cada um.
Chloe Price, por exemplo, a menina de cabelo azul que aparece com frequência nas imagens de promoção do jogo, é a típica adolescente americana rebelde. Temos Victoria Chase, a patricinha. Warren Graham, o nerd. E por aí vai. Só que todos, apesar dos seus arquétipos facilmente representados, são cheios de vida e, “lutam suas próprias batalhas pessoais”, que faremos parte aos poucos.
Fazendo ótimas referências a utilização da Teoria do Caos e do Efeito Borboleta na cultura pop, a Dontnod amarrou todos os personagens de Arcadia Bay numa história fantástica. Life is Strange te faz sentir o drama pessoal de cada um. Ninguém (nem nada) é o que parece no universo do jogo. E a própria Max vai evoluindo notavelmente conforme passam os episódios, se tornando uma espécie de “heroína do cotidiano”. Com o perdão do trocadilho, a vida é estranha mesmo, não?
Life is Strange ainda vai tratar de vários assuntos que ainda são tabus nos videogames. E vai fazer isso muito bem. Com leveza e surpreendente evolução, determinados temas vão te deixar com um nó na garganta ao chegarem nas suas resoluções. E este é um sentimento normal. Você vai amar várias personagens e odiar outras. Vai perceber que estava errado. E ficar chocado no final.
É gratificante saber que videogames podem tratar de tantos assuntos que precisam ser debatidos, com a perspicácia do jogo da Dontnod (e tudo isso sob uma trilha sonora brilhante!). Mas o sentimento que ficou mais forte em mim após jogá-lo, foi o de empatia. É fácil imaginar determinadas situações e sentimentos acontecendo em sua vida, ou de alguém próximo. Isso faz de Life is Strange um jogo que precisa ser jogado. Ou vivenciado.