Análise Arkade: Shadow Warrior 2 exagera nas novidades, mas continua muito divertido

19 de maio de 2017

Análise Arkade: Shadow Warrior 2 exagera nas novidades, mas continua muito divertido

Demorou, mas chegou! Mais de 6 meses depois de seu lançamento para PCs, Shadow Warrior 2 enfim chega aos consoles, trazendo altas doses de violência, humor negro e um Lo Wang mais pirado do que nunca! Confira nossas impressões sobre o game!

Uma situação familiar

Quem jogou o primeiro Shadow Warrior — falo do reboot de 2013, não do jogo original de 1997 — deve lembrar que a história girava em torno da curiosa “sociedade” de Wang com Hoji, um espírito demoníaco que está disposto a ajudar o protagonista a encontrar a espada Nobitsura Kage. Neste caso, “sociedade” quer dizer que o espírito entra no corpo de Wang, acompanhando-o por toda a aventura.

Análise Arkade: Shadow Warrior 2 exagera nas novidades, mas continua muito divertido

Shadow Warrior 2 se passa alguns anos depois do primeiro jogo, mas traz uma situação curiosamente similar: Kamiko é uma jovem que foi usada de “cobaia”em um experimento científico da sempre malvada Zilla Enterprises, e acabou tendo seu corpo tomado por demônios. Para manter a alma da jovem a salvo, um ritual transfere-a para o corpo de Wang, que vai ter que conviver com a geniosa moça enquanto se envolve em tretas com demônios, mafiosos e viaja pelo Shadow Realm em busca de artefatos, pergaminhos… ou simplesmente uma boa matança, mesmo, com direito a chefes gigantes, e tudo mais:

Ainda que a premissa seja parecida e Kamiko não tenha uma real importância na narrativa em si, a situação serve como plot e faz a história andar. A estrutura de Shadow Warrior 2 é bem diferente da do primeiro jogo — falaremos mais sobre isso em breve –, e agora há muito o que fazer além das missões principais. Se não é necessariamente criativo ou original, pelo menos funciona, e entrega diálogos divertidos entre Wang e Kamiko, que se sente ultrajada por ter de dividir o corpo com um sujeito tão… Wang.

Mudanças drásticas

O Shadow Warrior de 2013 foi uma experiência bastante tradicional; um jogo de fases linear com boa variedade de armas, gameplay frenético, chefes apelões e muito sangue sendo derramado. Em se tratando de gameplay, o novo jogo segue a mesma linha: Wang ainda carrega uma penca de armas — entre armas brancas e armas de fogo realistas até outras totalmente viajadas –, move-se com rapidez e conta com poderes especiais do chi tanto para se curar quanto para atacar os inimigos.

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Se o gameplay não mudou, o mesmo não pode ser dito da estrutura do jogo: Shadow Warrior 2 deixa de ser um jogo linear e torna-se quase um RPG, com áreas que servem como hubs, onde devemos conversar com NPCs para pegar missões — tanto principais quanto sidequests –, comprar armas e munições, e até mesmo assumir “bounties”, as famosas missões de caça onde uma recompensa é oferecida pela cabeça de um (ou mais) monstro(s).

Além disso, agora temos toneladas de loot dropando de inimigos e baús. E não estou falando apenas de dinheiro, munição e medikits, mas de runas — MUITAS runas — que podem ser equipadas em suas armas para melhorar seus atributos, podendo inclusive incutir propriedades elementais e venenosas aos seus ataques. Isso não seria realmente um problema se não fossem TANTAS opções de runas diferentes, o que acaba fazendo com que a gente gaste muito tempo nos menus, olhando para tabelas e comparando estatísticas. Eu não sei você, mas em jogos deste tipo, eu prefiro gastar meu tempo fatiando demônios, e não comparando estatísticas.

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Ainda não terminamos a lista de novidade: agora temos fases procedurais. Nem todas são assim, mas existem muitas que são. Isso quer dizer que agora temos fases “sem fim”, com objetivos que ficam te jogando para lá e para cá pelo mapa enquanto hordas de inimigos vão brotando de todos os cantos. É comum as bounties e side quests serem procedurais, mais existem até missões principais que seguem esse modelo.

Confira uma fase procedural completa no vídeo abaixo:

Por último, mas não menos importante, agora temos multiplayer online: 4 jogadores podem se reunir para jogar a campanha inteira juntos, se quiserem. O bacana é que todos tornam-se o protagonista, mas são vistos como ninjas genéricos pelos outros jogadores. Não acho que cumprir a campanha em si seja tão legal em coop, mas algumas bounties — e fases procedurais — sem dúvida ficam mais divertidas se jogadas com amigos.

Audiovisual

Se tem algo que continua excelente, é o departamento audiovisual. Não é de hoje que a Unreal Engine entrega games incríveis, mas não deixa de ser impressionante o que os caras da Flying Wild Hog consegue fazer com ela. Vivemos em uma época onde jogos — especialmente jogos de tiro — apresentam paletas de cores super limitadas (cinza, marrom, azul escuro), então é bom ver um jogo que não tem vergonha de ser colorido, quase berrante.

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A direção de arte está mais ousada: temos templos e florestas como no primeiro game, mas agora temos mais variedade, com direito a uma metrópole futurista cheia de banners holográficos e plantas de neon que parece saída diretamente de Ghost in the Shell (imagem acima). A trilha sonora é um mix de músicas atmosféricas e empolgantes. Wang continua sendo uma metralhadora de piadas sexuais e humor negro com ótima dublagem, e o jogo mais uma vez está com legendas e menus em português brasileiro.

Quando menos é mais

Analisando todos os pontos que levantei no decorrer deste texto, uma coisa fica clara: Shadow Warrior 2 é um jogo “inchado”. Fica a impressão que a Flying Wild Hog quis colocar o máximo de conteúdo possível no jogo. Se algumas dessas novidades funcionam bem — especialmente o multiplayer — outras simplesmente parecem deslocadas… mas isso é questão de gosto pessoal.

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Com base na minha (ótima) experiência com o jogo anterior, eu esperava que Shadow Warrior 2 seria um hack n’ slash/FPS frenético, visceral e linear. Em suma, um jogo sem frescura, que fosse direto ao ponto. E o que eu recebi foi praticamente um RPG de ação, com muitas runas e estatísticas, toneladas de loot e até mesmo fases procedurais! Virou praticamente um Diablo III em primeira pessoa!

Provavelmente estas novidades vão agradar muita gente — afinal prolongam a experiência, agregam fator replay, etc. — mas eu acho que “em time que está ganhando não se mexe”. E os produtores mexeram MUITO no time que estava ganhando. O primeiro Shadow Warrior era um jogo de ação linear, e não havia nada de errado com isso. Esta sequência virou um Frankenstein que tenta ser várias coisas, e com isso acaba perdendo um pouco de seu charme e sua autenticidade.

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Apesar disso, quando eu estava fazendo o que realmente queria estar fazendo — leia-se fatiando demônios ou descarregando pentes de munição em criaturas sinistras –, me diverti MUITO com Shadow Warrior 2. Eu só queria que ele fosse mais “simples” como era o primeiro jogo, e preferia gastar menos tempo comparando estatísticas de runas e mais tempo destroçando monstros e mafiosos.

Eu não considero este jogo uma “evolução” do primeiro, mas quem quer algo além de uma campanha single player linear, sem dúvida vai ter muito o que fazer por aqui. E se me permite uma sugestão, reúna 3 amigos online para deixar sua viagem pelo Shadow Realm ainda mais divertida.

Shadow Warrior 2 está sendo lançado hoje para Playstation 4 e Xbox One (ele já estava disponível para PC desde outubro do ano passado). Este review foi feito com base em uma cópia de PS4, que recebemos antecipadamente da assessoria da Devolver Digital.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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