Afinal, o “Consórcio Gamer” do Banco do Brasil é uma boa?

30 de setembro de 2020
Afinal, o “Consórcio Gamer” do Banco do Brasil é uma boa?

Como todos sabemos, a nova geração vem aí, e seus preços são bem salgados. Problemas na economia, dólar alto, impostos altos e o fato de que os próprios consoles são, em sua natureza, produtos caros, fazem com que, no Brasil, eles cheguem a preços muito acima do que pessoas em outros países pagarão.

No Brasil, o Playstation 5 chegará por R$ 4.999,00, enquanto sua versão digital, sem leitor de disco, custa R$ 4.499,00. Já a Microsoft, venderá o seu Xbox Series X por R$ 4.999,00, e o Xbox Series S por R$ 2.999,00. Isso sem falar do Nintendo Switch, que chegou recentemente ao país, por R$ 2.999,00. Independente da plataforma, e mesmo com as opções mais acessíveis, o fato é um só: tá caro.

Assim, quem quer jogar desde já a nova geração, já precisa se planejar. No Brasil, é possível investir o dinheiro buscando ajuntar o valor à vista, usar cartão de crédito, recorrer aos crediários do comércio, ou usar o consórcio. E, buscando atender esta “demanda”, o Banco do Brasil tem em seu portfólio um “Consórcio Gamer”. Com opções para quem quer desde um novo console, até uma cadeira gamer.

Vamos, então, conhecer melhor este consórcio, e ver suas possibilidades. Lembrando que este material não é patrocinado pelo Banco do Brasil, e nem por nenhuma outra instituição ou empresa. E é muito menos uma recomendação de compra. A intenção aqui, é apenas apresentar como funciona um sistema específico de compra de um bem, para a sua avaliação.

O que é um consórcio?

Afinal, o “Consórcio Gamer” do Banco do Brasil é uma boa?

Um consórcio é um meio de aquisição de bens ou serviços, feitos na união de pessoas. Todos os integrantes pagam uma contribuição, com um valor determinado. É mais ou menos como uma poupança, em que todos pagam juntos um valor, para conquistarem, eventualmente, o bem desejado.

Há um final deste período estipulado em contrato, em que todos podem adquirir o bem desejado. Mas sorteios oferecem a possibilidade de conquistar o produto antes. Assim como a oferta de um lance, que antecipa parcelas para obter antes o bem.

O consórcio é “brasileiro”. Nasceu nos anos 60, quando um grupo de amigos se uniu, em uma “poupança em comum”, para adquirir um carro. As parcelas foram somadas até comprarem o primeiro carro, que foi sorteado, e os demais foram recebendo seus carros com o passar dos anos. Eram outros tempos, em que o crédito não era tão aberto quanto hoje, e essa foi a solução que encontraram para obterem o bem.

Mas, mesmo hoje, com outras formas de crédito, os consórcios ainda são populares. Há quem o use para forçar uma disciplina financeira, pois os boletos “ajudam” nisso. E os valores mais baixos do que os juros dos crediários, acabam compensando, para quem não tem “pressa” em adquirir o produto, que pode demorar meses para chegar na mão do interessado.

O “consórcio gamer”

Afinal, o “Consórcio Gamer” do Banco do Brasil é uma boa?

O Banco do Brasil, que possui um catálogo imenso de itens em consórcio, como casamentos, cirurgias plásticas, imóveis, veículos, e até bicicletas elétricas, viu nos games uma oportunidade de somar em seu portfólio. A instituição já estava de olho neste mercado, afinal, patrocina há alguns anos a Brasil Game Show, o que deu a financeira a oportunidade de conferir bem o comportamento do gamer brasileiro. Seus sonhos, desejos, interesses, e como ele está disposto a pagar por seus games e acessórios.

No site do banco, é explicado que o consórcio permite adquirir itens comuns do nosso universo, como computadores, consoles, kits headset, kit driving, periféricos e outros equipamentos para “tornar seus jogos mais divertidos e confortáveis”, o que inclui até a cadeira gamer.

Entre os pontos usados pelo banco (retirados do site) para promover o consórcio, estão:

  • O BB Consórcio não possui taxa de adesão, com parcelas pequenas;
  • Prazos mais longos de até 48 meses para pagar;
  • Não há cobrança de juros e IOF;
  • A taxa de administração é diluída por todo o período de duração do seu plano, assim fica mais tranquilo para pagar;
  • Você também pode entrar em um grupo em andamento e escolher um plano com menor prazo;
  • Bens com valores de R$ 1.250 até R$ 11.000;
  • O valor do crédito escolhido pode ser alterado antes da contemplação. Seja aumentando ou diminuindo o valor desejado;
  • Para ser contemplado e utilizar o valor de sua cota, você pode aguardar ser sorteado (pela Loteria Federal)  ou ofertar um lance nas assembleias mensais;
  • Possibilidade de negociar descontos na aquisição de diversos bens, visto que a carta de crédito corresponde a um pagamento à vista;
  • Os reajustes das prestações e do valor do bem de referência são anuais pelo IPCA.

As opções são as seguintes:

  1. Cadeira gamer – R$ 1.250 – 48 x R$ 33,55
  2. Kit gamer – R$ 1.750 – 48 x R$ 46,98
  3. Kit gamer – R$ 1.750 – 36 x R$ 63,26
  4. Placa de vídeo – R$ 3,5 mil – 48 x R$ 93,96
  5. Console gamer – R$ 4,5 mil – 48 x R$ 120,80
  6. Pc gamer – R$ 6,5 mil – 47 x R$ 184,44
  7. Kit gamer top – R$ 8,5 mil – 47 x R$ 237,43
  8. Pc gamer top – R$ 11 mil – 47 x R$ 307,28

O que chama atenção são o valor das parcelas. Itens gamer normalmente são caros, então a possibilidade de entrar em um consórcio para obter um Playstation 5 digital, que custa R$ 4.500, em 48 parcelas de R$ 120,80, é bem atraente. Mas lembre-se: não é uma compra como em uma loja, ou seja, você poderá ficar meses pagando sem ter o produto, a não ser que dê um lance na assembleia. E a taxa de administração, diluída, está dentro do negócio, além dos reajustes anuais pelo IPCA. Você pode entender mais sobre o reajuste dos consórcios aqui.

Assim, o Playstation 5, que custa R$ 4.500, mas que pode ser adquirido no consórcio por 48 parcelas de R$ 120,80, custará, no final, R$ 5.798,40. Como forma de comparação, as Casas Bahia estão vendendo o Playstation 5 (o de R$ 4.999) e o Xbox Series X em 30 parcelas, sem juros, de R$ 166,63, exclusivamente em compras com seu cartão.

Ou seja, o mercado como um todo tem feito esforços para manter as vendas de games, mesmo com preços altos. E ainda assim, você também pode bancar o Julius, e esperar um pouco para quem sabe, os preços baixarem e você adquirir seu console. Isso vale para outros consoles e acessórios também, cada um na sua realidade e na sua vontade de compra.

Mas afinal, vale a pena um Consórcio?

Afinal, o “Consórcio Gamer” do Banco do Brasil é uma boa?

Quem vai responder esta pergunta não sou eu. E sim você. O que fiz aqui foi mostrar como funciona um consórcio, e dentro deste funcionamento, apresentar as possibilidades. Você quem tem que considerar se tal produto faz parte do seu estilo de compra, e, assim, decidir ou não pela escolha da carta de consórcio.

Apenas preciso deixar uma coisa bem clara: Consórcio, em vias gerais, NÃO É INVESTIMENTO! Investimento é tudo aquilo em que você coloca seu dinheiro, esforços e tempo, projetando algum retorno, no curto ou no longo prazo. Pode ser uma empresa, ações, renda fixa, ou algum bem que te traga retorno, como um carro para um motorista profissional, um fogão para uma cozinheira e por aí vai. Não confunda “hype” com “investimento”.

Itens de consumo, como videogames, que perdem valor assim que você os retiram da caixa, não podem ser considerados investimentos. Investir, neste caso, só se você trabalha com games, como produtor de conteúdo, por exemplo. Ou se você trabalha com o mercado de games, seja com uma loja, ou com o mercado retrô, lidando com itens de valor do nosso universo. Sim, dá pra comprar jogos específicos e deixá-los lacrados por anos para vender em leilões por bons preços. Imagine quando não custa um cartucho de Pokémon, lacrado, hoje.

Você tem a “pressa do hype”? Qual o seu perfil de compra?

Um consórcio funciona para “quem não tem pressa”. O fato das parcelas serem acessíveis não tira o fato da espera pelo bem. E, se você pode dar um lance para antecipar a compra, não seria mais fácil dar esta entrada em uma loja? Uma vez que estamos falando de itens entre R$ 1.250 e R$ 11.000, e não automóveis ou imóveis, bem mais caros, e que não se encontram em redes de varejo.

Há vários perfis de compradores. Inclusive perguntei recentemente no Twitter como que as pessoas pagariam seus consoles. E pelo menos por aqui, que obviamente não representa um cenário mais amplo, mas dá uma base para iniciar uma conversa, fiquei surpreso com o equilíbrio das repostas, que mostram que existem várias maneiras de adquirir os consoles. Há disposição tanto para pagar longas parcelas, quanto para juntar o dinheiro e pagar à vista:

Dito isto, se você acha que o consórcio está dentro do que você considera, vá mais a fundo. Mas não fique apenas no “brilho da propaganda”. Entre em contato com o banco que oferece o consórcio. Peça o contrato para ler as possibilidades, veja se o banco emissor tem boa reputação neste universo. Os consórcios são fiscalizados pelo Banco Central do Brasil. E você pode conferir a lista de quem está autorizado a trabalhar com consórcio neste link.

E vá no Reclame Aqui, local onde é possível ver como que a financeira lida com estas situações. Assim, as chances de frustrações ficam menores, e assim, você entra no negócio com mais consciência. Afinal, o que deve ser fundamental, em qualquer atividade envolvendo dinheiro, seja um bem ou um investimento, é você ter total consciência do que está fazendo.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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