As ambições do SEGA Forever incluem ouvir a comunidade e atingir desktops e consoles

26 de junho de 2017

As ambições do SEGA Forever incluem ouvir a comunidade e atingir desktops e consoles

Com o anúncio do SEGA Forever, tivemos a certeza de que a companhia japonesa sabe que tem mais de três décadas de conteúdo e que quer utilizar tudo o que for possível para atrair jogadores de ontem, e até os de hoje, com seu formato gratuito, com pagamento mínimo para alguns benefícios. Mesmo funcionando apenas como um selo de jogos que serão disponibilizados na App Store ou no Google Play, a ambição de transformar o serviço em uma “Netflix Gamer”, ou mesmo a de levar jogos mais complexos para a plataforma seguem constantes.

Hoje, o SEGA Forever conta com jogos de Mega Drive, como Comix Zone ou Altered Beast, e também oferece Crazy Taxi, jogo que já havia sido inserido no catálogo móvel há anos, e que, junto com Virtua Tennis, representará o Dreamcast, pelo menos neste início. Porém, o grande problema aqui, que a SEGA diz estar trabalhando, diz respeito a emulação. Os jogos de Mega Drive conseguem rodar nos smartphones graças ao Unity, que engana os arquivos originais do jogo, fazendo-os pensar que estão de fato rodando em um 16-bit. Vale lembrar que até a Microsoft usa emulação para fazer o Xbox One rodar jogos de seus antecessores.

Com isso, a SEGA mostra mais uma parte de sua estratégia de se aproximar a comunidade gamer: buscando parcerias com a comunidade de emulação que já trabalham há tempos emulando Master System e SG 1000 para introduzir estas tecnologias no SEGA Forever“Estamos observando como podemos trabalhar com alguns desses caras”, disse Mike Evans, diretor de Marketing da SEGA e o líder de desenvolvimento do SEGA Forever, em declaração para o site The Verge. Só isso já mostra a postura flexível da companhia, que, ao invés de simplesmente enviar seus advogados e notificações para a comunidade, busca atrair eles para fazer juntos o que eles — a comunidade de emulação — já fazia há tempos: levar os jogos antigos para o maior número de dispositivos possíveis.

Mas, se o Master System e o SG 1000 já contam com apoio e facilidades para serem adicionados ao catálogo, o mesmo não pode ser dito, pelo menos neste momento, para o Saturn e Dreamcast, cujos jogos já são pedidos pelos jogadores, como Shenmue, NiGHTS, ou Sonic Adventure. Evans admite que a emulação destes consoles entrega atualmente apenas 85% de sua qualidade original o que, segundo ele, não é bom o suficiente. “É mais caro fazer os ports do que as emulações. É mais demorado”. Portar é diferente de emular, pois exige que o jogo seja reconstruído desde o início, ao contrário de um emulador, que permite que o jogo seja essencialmente executado em software que recria o console para o qual foi projetado. Então, por exemplo, um jogo em 3D como Panzer Dragoon para o Saturn, que Evans “gostaria de ver voltar”, e que não pode ser totalmente emulado, levará bastante tempo para ser portado para os smartphones.

Mesmo com as dificuldades na emulação e nos ports, Evans garante que a empresa irá priorizar quais os jogos que farão parte da SEGA Forever ouvindo a comunidade. “Vamos procurar os pedidos da comunidade. Vamos dizer: ‘aqui está a lista de títulos que temos’, e perguntaremos: ‘o que você gostaria de ver em breve?’. Ás vezes, o jogo estará ligado a um evento histórico, por isso contratamos alguns novos gerentes de comunidade para lidar com isso. A minha convicção é que se você fizer isso (ouvir os jogadores) e tentar criar algo para eles, você deve envolver a comunidade”.

Com isso, temos o objetivo final do SEGA Forever, de acordo com Evans: criar algo semelhante a uma “Netflix de jogos retrô SEGA“. Não pelo formato de assinatura mensal, mas ao tornar mais acessível, através dos smartphones, os jogos clássicos da empresa, servindo como porta de entrada para o passado gamer, e funcionando de maneira adequada para jogadores de todos os gêneros. A Nintendo, para efeito de comparação, também tem algo semelhante, com o Virtual Console, porém, até o momento, o Switch segue sem uma versão adequada, além do costume da Big N de cobrar “novamente” o acesso aos clássicos de seu catálogo a cada geração. O mesmo acontece no mundo Playstation: quem comprou games de PS2 na época do PS3, precisou comprá-los novamente para o PS4. Tudo bem que atualmente os jogos ganharam filtros para alta definição e troféus, mas é frustrante ter que comprar o mesmo jogo duas vezes em um mesmo ambiente.

Evans também explicou um pouco do futuro do SEGA Forever. Ele disse que, de acordo com a “filosofia Netflix“, a SEGA está sim considerando um modelo de desktop, mas em um formato diferente, sem contar com o modelo de jogos gratuitos com propaganda. Versões do serviço para a Xbox Live ou PSN também não estão descartadas. “O conteúdo é sempre aberto neste sentido. O smartphone é um ótimo lugar para começar pois a plataforma é onipresente”, explica.

O SEGA Forever, pelo menos no começo, funcionou mais como uma forma de adaptar clássicos da SEGA para os smartphones, porém é possível ver que a companhia está com ambições interessantes quanto a meta de levar seus catálogo para o maior número possível de jogadores. Apesar de ter sido mencionado, ainda não há nada concreto para PCs e consoles, porém a simples vontade de se levar o projeto para eles mostra o quanto a SEGA está afinada com seu projeto, entendendo como o mundo de hoje funciona: aberto para novidades, e em conjunto com a comunidade. Se tudo o que foi gerado nesta semana aconteceu com a adição de alguns poucos jogos mostrar o futuro do projeto, teremos então com os próximos anúncios um novo e importante capítulo sendo escrito, “semana a semana”, na história dos videogames.

Junior Candido é editor do Arkade e você pode seguí-lo no Twitter.

Via (The Verge)

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

Mais Matérias de Junior

Comente nas redes sociais