Análise Arkade: No RTT Aliens: Dark Descent, ninguém pode te ouvir gritar
A franquia Alien é uma que sofre uma inconstância bem “padronizada” quando se trata de games: Temos um game bom seguido por um game mediano/ruim. E agora está na hora de falarmos de um dos bons, na forma do RTT Aliens: Dark Descent!
Confira nossa análise completa do game, que oferece uma experiência familiar e ao mesmo tempo totalmente nova no frio e aterrorizante universo da Wyland-Yutani e dos terríveis Xenomorfos!
Tática e estratégia de desafio altíssimo
Quando Aliens: Dark Descent foi anunciado, minha primeira reação foi relembrar de um game lá da era do Playstation 2 que creio que passou batido por muita gente: Aliens Versus Predator Extinction, que foi um RTS bem divertido lançado no ano de 2003.
Nesse game, temos três campanhas diferentes: A dos Fuzileiros Navais, dos Xenomorfos e dos Predadores, bem ao estilo de clássicos como Age of Empires, em que você deveria buscar por recursos, montar seu exército e dizimar as duas outras espécies em suas batalhas.
Já em Aliens: Dark Descent a coisa é muito diferente. A começar pelo gênero: Esse game é um RTT – Real Time Strategy, um estilo de game com batalhas táticas, gerenciamento de unidades, porém sem coleta de recursos naturais dos cenários e aumento de seu exército. Aqui você joga de maneira totalmente limitada, controlando somente um esquadrão de 4 fuzileiros, enquanto encara hordas e hordas de Xenomorfos.
Assim, quando entrei no game, fui positivamente pego de surpresa por seu estilo, que é realmente bastante tático e bem difícil. Normalmente ao jogar um game assim, as coisas começam correndo bem até o nível de dificuldade se “emparelha” e aí as coisas começam a ficar complicadas. Mas não aqui. Após você terminar o tutorial, já é jogado no meio do terror de forma direta.
Sobrevivendo no espaço
Aliens: Dark Descent acompanha Maeko Hayes, uma funcionária da Wayland-Yutani que se vê dentro de uma gigantesca conspiração. Ela trabalhava na gigantesca Pioneer Station, uma estação espacial que realizava atividades de mineração em um planeta próximo.
Obviamente, por se tratar de uma operação da Weiland-Yutani, essa estação também trabalhava com “outros tipos de cargas”, e um dia, uma pessoa infiltrada acaba soltando essa “carga”, que estava armazenada em contêineres criogênicos esperando para serem transportadas. A carga, como você já deve ter adivinhado, eram vários Xenomorfos em estado criogênico, que em meros momentos espalham-se por toda a estação e começam a dizimar todos os humanos que viviam e trabalhavam lá.
Maeko sobrevive e é resgatada pela nave de fuzileiros USS Otago, que acaba colidindo com o planeta, deixando toda a sua tripulação encalhada e sem conseguir escapar. Sua missão então é: Explorar o planeta, salvar qualquer sobrevivente que ainda possa ser encontrado, consertar a Otago e fugir.
Mas é claro que essa não será uma missão nada simples, exigindo muitas excursões pelo planeta em busca de recursos e qualquer sobrevivente com habilidades para ajudar. E não só isso, mas quanto mais tempo você passa no planeta, mais e mais os Xenomorfos se espalham, e as coisas vão ficando exponencialmente mais difíceis.
A progressão do game acontece em um ciclo de dias, em que a cada dia você tem uma quantidade de ações que pode realizar, tanto dentro da Otago quanto fora. Dentro da nave você pode melhorar suas diversas áreas para cuidar de sua tripulação, como a ponte de comando, ala médica, engenharia, arsenal e etc. Ao interagir com cada uma dessas áreas você tem diferentes opções de melhorias, como produzir armas novas, construir equipamentos, cuidar de soldados feridos e etc.
Já fora da Otago é onde ocorrem as excursões, onde você envia uma tropa de quatro soldados para explorar diferentes partes do planeta, com o objetivo de cumprir objetivos principais e secundários, em especial resgate de sobreviventes e busca por dados e recursos para realizar reparos em sua nave. As excursões ocorrem em mapas extensos ao estilo Sandbox, em que você pode explorá-los livremente e cumprir seus objetivos na ordem que quiser. Você pode ainda fazer visitas rápidas e abandonar a missão a qualquer momento, podendo retornar a elas posteriormente.
Mas, lembre-se, a cada dia que passa, a infestação de Xenomorfos vai aumentando, o que torna tudo muito mais difícil. E não estou exagerando quando digo que as coisas realmente ficam mais difíceis!
Um RTT complexo, mas acessível
Aliens: Dark Descent é jogado através do controle de um esquadrão de 4 soldados, que funcionam como uma unidade só. Isso significa que você não precisa ficar dando ordens individuais a cada um dos quatro, você dá uma ordem ao esquadrão e os soldados agem por conta própria.
Por exemplo, ao ordenar que algum baú de loot ou item de cenário seja interagido, o soldado mais próximo ao objeto se deslocará automaticamente para realizar a ação. Já ao dar ordens de ataque, todos os soldados atacam ao mesmo tempo, com você podendo decidir se quer que eles foquem num alvo específico ou ataquem indiscriminadamente.
Apesar do esquadrão funcionar como uma unidade só, cada um de seus soldados possui habilidades especiais, atreladas a suas classes. Soldados podem usar fogo de supressão numa área cônica definida por você, o que faz com que todo Xenomorfo dentro do raio de ataque tenha a velocidade de movimento reduzida. Outros podem disparar granadas de fragmentação, usar fogo, além de muitos outros tipos de ações.
Essas ações gastam pontos de comando, que vão se recarregando com o tempo, sendo usadas para ativar essas habilidades. Outras ações, como soldar portas para impedir hordas de Xenomorfos de te atacarem, ou até mesmo abrir portas que foram previamente soldadas, utilizam recursos, que não recarregam com o tempo, mas são encontrados como loot em corpos de humanos mortos e em caixas de itens.
Durante as missões, os soldados sofrem constantemente, de todo tipo de aflição: Estresse, medo, pânico, além é claro de ferimentos físicos. Cada soldado possui traços de personalidade diferentes, recebendo buffs e desvantagens. Algumas desvantagens, por exemplo, é ter sua mira prejudicada quando está estressado, ou até mesmo desobediência, demorando para executar as ordens que você der.
Além disso, os soldados podem (e vão) morrer em ação, com você podendo perder o esquadrão inteiro durante uma missão. Eles podem ser mortos por Xenomorfos, por armadilhas, ou pior ainda, serem capturados pelo Xenomorfos para servirem de hospedeiros para novos Aliens, assim como visto nos filmes.
Por conta disso, você precisa gerenciar bem a Otago para poder gerar novos soldados e cuidar daqueles que foram feridos. Soldados veteranos, que participam e sobrevivem de missões, vão ficando mais fortes conforme você os usa, sendo assim, cuide muito bem de seus fuzileiros para poder criar esquadrões poderosos, misturando experiência com poder de fogo.
O mais complicado é a parte de gerenciamento da Otago, pois não há realmente “descanso” para ação. Após cada incursão no planeta, para poder realizar uma nova incursão você deve encerrar o dia. Mas, ao final de cada dia você tem duas opções: Descansar ou realizar missões extras, daquele tipo “porcentagem de sucesso XX%”, em que você envia soldados mas não os controla. O problema é, se você fizer isso, coletará os prêmios da missão (ou ela resultará em falha), mas você não poderá iniciar outra incursão. É quase como um “dia perdido em busca de recursos”.
Audiovisual
Uma coisa que Aliens: Dark Descent manda muito bem é na estética e atmosfera, que capturam de forma excelente a tensão da franquia de cinema, em especial do segundo filme, que é mais focado na ação e no encontro com uma gigantesca horda de Xenomorfos.
Visualmente o game é bem feito, todos os cenários são riquíssimos em detalhes, tanto em sua destruição, escuridão e “história”. Por exemplo ao entrar numa sala e encontrar muitos corpos destroçados no chão, com rastros de sangue indicando que houve uma intensa batalha ali e que alguns sobreviventes acabaram sendo capturados para gerarem novos Aliens.
Os personagens e cutscenes possuem visuais mais simples, quase puxando para um lado “cartunesco”, não no sentido de seus visuais serem absurdos, mas sim pelo game não se preocupar em adicionar realismo. Já os Aliens, esses sim estão incríveis e bem detalhados, apesar de que raramente vemos os visuais deles de perto, já que na maioria do tempo a câmera fica distante para uma melhor visão do campo de batalha atual.
Na parte sonora o game é excelente. O silêncio e sons ambientes dos mapas, aliados a músicas bem tensas nas horas de perigo, deixam tudo bem mais imersivo. Além disso, o game incorpora sons diretamente dos filmes, como as rajadas de tiro dos rifles dos fuzileiros, os sons dos Xenomorfos, aquele som ambiente que parece um assobio de vento que está sempre presente em cenas no espaço e em corredores silenciosos e, é claro, os bips do sensor de movimento.
Ah, fique sempre atento a seu radar e ao sensor de movimento, pois eles mostram de forma muito eficaz onde os Xenomorfos estão e, principalmente, te ajudam a se preparar para o pior, pois os sentidos dos Xenomorfos são excelentes, e eles podem enxergá-lo de longe, além de ouvir qualquer som que você faça.
Conclusão
Como eu disse lá no começo desta análise, quando joguei pela primeira vez Aliens: Dark Descent, esperava algo no estilo de Aliens versus Predator: Extinction, mas fui pego por uma grata surpresa ao ver o game traz uma ideia muito interessante e altamente desafiadora.
Enquanto Alien: Isolation nos apresentou de forma bem forte o terror de encarar um Xenomorfo de frente, Aliens: Dark Descent nos mostra o quão aterrorizante é enfrentar hordas deles, principalmente porque, diferente de games do passado, como Alien Ressurrection do PS1, ou o recente (mas não muito bom) Aliens: Fireteam Elite, mesmo um esquadrão de quatro fuzileiros fortemente armados não dão conta de um perigo tão grande assim. Por isso, é preciso estratégia e inteligência para sobreviver, pois não importa seu poder de fogo, na hora que os Xenomorfos começam a sair das paredes, a coisa fica muito feia!
Aliens: Dark Descent está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X/S.
