Análise Arkade: Amnesia: The Bunker renova a série com terror de primeira qualidade

11 de julho de 2023
Análise Arkade: Amnesia: The Bunker renova a série com terror de primeira qualidade

A icônica série de terror Amnesia, uma das principais responsáveis pela evolução deste gênero nos últimos anos, lançou um novo game com um escopo e proposta diferentes de seu padrão, mas entregando uma experiência verdadeiramente única e genuinamente assustadora, na forma de Amnesia: The Bunker!

Então prepare-se para encarar a escuridão e ser encarado de volta, e venha conosco conferir nossa análise completa do game!

Mudando a fórmula, mas sem abandonar suas origens

Análise Arkade: Amnesia: The Bunker renova a série com terror de primeira qualidade

A série Amnesia, da Frictional Games, tem três características principais compartilhadas por todos os seus games: A primeira está no fato de que todos os seus protagonistas estão sofrendo de amnesia (que é de onde sai o nome da série), precisando explorar seus arredores e desvendarem o que aconteceu ali e como estão envolvidos em tudo. A segunda está em seu estilo em primeira pessoa, com alto foco em interação com objetos e resolução de puzzles. E a terceira característica está na fragilidade do protagonista, incapaz de enfrentar os monstros que encontrar, devendo esconder-se até que o perigo se afaste.

Há ainda uma quarta característica que infelizmente não está presente em todos os seus games, que pra mim foi a principal razão pelo sucesso de seu primeiro game, Amnesia: The Dark Descent – trata-se do medidor de sanidade, que vai se deteriorando progressivamente quando você fica no escuro, olha diretamente para monstros ou eventos sobrenaturais, e quando é atacado. Apenas The Dark Descent e Amnesia: Rebirth, o antecessor de The Bunker utilizam o sistema de sanidade, que cria uma verdadeira atmosfera de terror e urgência.

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O segundo game, Amnesia: A Machine for Pigs, infelizmente foi muito aquém do nível de seu antecessor, descartando o medidor de sanidade e praticamente mal contendo puzzles, além de ser extremamente linear. A experiência, como um todo, foi mais próxima a um Walking Simulator de terror, com pouquíssimo desafio.

Com isso, quando Amnesia: Rebirth foi lançado, um dos objetivos era trazer a série de volta a suas origens, trazendo a volta de cenários labirínticos e uma progressão não linear, a volta do sistema de sanidade, bem como sendo diretamente ligado aos eventos de The Dark Descent, ao passo que A Machine for Pigs era uma sequência indireta.

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Com isso, quando Amnesia: The Bunker foi anunciado, com seu primeiro trailer mostrando que poderíamos usar armas de fogo, minha reação inicial foi torcer o nariz, já que nas poucas vezes que a série tentou mudar, não deu muito certo.

Felizmente, meu receio era injustificado, pois o que foi entregue foi algo realmente muito bom, sendo 100% um legítimo “Amnesia“, mas ao mesmo tempo sendo uma experiência totalmente nova, utilizando as características principais da série de forma bem criativa.

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Assim, permita-me definir o game com base em tais características. Amnesia: The Bunker possui um protagonista que perdeu a memória. É totalmente focado na resolução de puzzles. Possui um protagonista frágil, mas que desta vez pode se defender, apesar de não poder derrotar monstros. E não possui sistema de sanidade, compensando isso com um excelente uso de sistemas de luz e escuridão, sons e silêncio.

E é o terror que o game proporciona que deixa tudo muito bom, sendo no mesmo nível de qualidade de The Dark Descent e Rebirth, ou ainda maior, ouso dizer. Sendo assim, vamos falar sobre todo o terror que o game oferece mais adiante e com mais calma.

Um Bunker mergulhado na escuridão

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Amnesia: The Bunker é ambientado no auge da primeira guerra mundial, no ano de 1916 (cerca de 20 anos antes dos eventos de Rebirth), em meio a um conflito entre soldados franceses e alemães. Nós controlamos o soldado francês Henri Clement no meio de um tiroteio nas trincheiras.

Logo, Henri se encontra num campo devastado, onde se depara com uma enorme e profunda cratera. Lá embaixo, está seu melhor amigo, o soldado Augustin Lambert. Henri desce até lá para resgatá-lo, mas as tropas alemãs os encontram e iniciam um bombardeio, que acaba ferindo os soldados, com Henri ficando inconsciente.

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E então, ele acorda em uma maca, dentro do Bunker que seu esquadrão usa como base de operações, mas duas coisas estão erradas: Ele não tem memória alguma do que aconteceu antes do bombardeio, e não há ninguém no bunker.

Não demora muito para ele entender o porquê: Há um monstro dentro do bunker, movendo-se por túneis atrás de paredes e matando todos ali dentro. Ele precisa fugir dali, mas a saída do bunker está barrada por pedras. E assim, a missão de Henri fica clara: Achar uma forma de abrir a saída para fugir.

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E para sobreviver ao monstro, ele deve se virar com uma lanterna mecânica e barulhenta, e uma pistola com munição extremamente limitada, enquanto vasculha o bunker em busca de itens para sobreviver, como mais munição, granadas, suprimentos médicos e principalmente combustível para manter o gerador de energia ligado.

Essa é a premissa do game, sendo bem simples e sem complicação. O game nos coloca num mapa bem pequeno para ser explorado, mas que mesmo assim consegue gerar muitas horas de jogatina, sem falar em fator replay, pois Amnesia: The Bunker possui posicionamento de itens e armadilhas totalmente aleatória! Você pode ter uma jogatina com itens posicionados de forma extremamente conveniente ou, como foi no meu caso, um início completamente miserável sem quase nada de munição e combustível!

E então, enfim chegou a hora de falarmos do terror de Amnesia: The Bunker. No game, você explora livremente o bunker, não levando muito tempo até que você consiga liberar o acesso para as outras áreas do local. Nas áreas novas, você precisa coletar seus mapas para poder conseguir localizar-se melhor. Porém, você não tem acesso ao mapa via inventário. Ele fica localizado na única sala segura do game, sendo assim, você precisa memorizá-lo.

O monstro que está dentro do bunker detesta luz, por isso, você precisa deixar o gerador ligado o máximo que conseguir durante suas saídas, mas sempre tomando cuidado com o nível de combustível. Para isso, você possui um cronômetro (como item equipável) que faz contagem regressiva de quanto tempo de luz você ainda tem. Se o gerador desligar, tudo ficará escuro, e aí o monstro sairá dos túneis nas paredes com muito mais frequência, e vai caçá-lo de forma muito mais constante e agressiva.

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Além da luz e da escuridão, os sons que você produz atraem o monstro. Se você correr, fazer barulho com objetos e usar sua lanterna mecânica, que é muito barulhenta, produzirá sons altos. E da mesma forma as “paredes tem ouvidos” (literalmente), você precisa ficar sempre atento aos sons a seu redor. Você ouvirá o monstro correndo por trás das paredes a todo momento, e poderá até ver rastros de poeira caindo pelos caminhos que ele tomar.

Nesses momentos, silêncio é essencial, pois qualquer barulhinho entregará sua localização. E, se isso não fosse o bastante, o posicionamento do monstro é aleatório. Ele correrá para todos os lados e, se sair dos túneis, seguirá em direção de qualquer coisa diferente que veja e de qualquer som que escute. E se ele te ver, se prepare, pois ele o caçará implacavelmente.

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E, como já mencionado, não é possível matá-lo, você pode somente atordoá-lo brevemente, mesmo usando armas de fogo. Munições, granadas, sinalizadores, coquetéis molotov, etc são muito escassos, toda e qualquer forma de defesa que você possui, mesmo se for possível fabricá-las manualmente, são limitadas. Se você jogar de forma descuidada, encontrará morte atrás de morte, e se isso já não fosse o bastante, correrá o risco de ficar sem combustível para evitar a escuridão absoluta.

Outro perigo é a presença de ratos, que sofreram terríveis mutações, ficando maiores e muito violentos. Eles constantemente aparecem em locais com cadáveres de soldados, e o atacarão se você se aproximar demais. Além de, dependendo das condições do Bunker, como estar escuro por muito tempo, poderão surgir em qualquer lugar para te atacar.

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Esse game genuinamente me causava terror a casa saída para explorar o bunker, ao ponto de me fazer cadenciar meu próprio progresso, imediatamente correndo de volta para a sala do gerador para salvar o game após resolver algum puzzle ou pegar algum item importante. Somente com o tempo, e principalmente graças a um gerenciamento melhor de inventário, ao encontrar mais munição e combustível, que passei a me arriscar mais, inclusive tentando a sorte no escuro total, em que tudo fica mais perigoso.

Audiovisual

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Amnesia: The Bunker possui um visual muito bem feito, que graficamente não é muito diferente de Amnesia: Rebirth, sendo bem “econômico”, por assim dizer. Mostrando que não são apenas gráficos de ponta que tornam um game visualmente bem feito.

Modelos de personagens humanos, ratos e de objetos são bastante simplórios. Mas o monstro possui um visual bem aterrorizante. É difícil conseguir observá-lo em detalhes, visto que o contrate de luz e escuridão é grande, mas ele é realmente horrendo, e simplesmente vê-lo passar por perto é o suficiente para causar aquele surto de adrenalina no terror do momento.

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Eu tentei tirar screenshots boas do monstro, mas foi bem difícil.

Levando em consideração que o game possui um mapa bem pequeno, se comparado com seus antecessores, além de uma duração menor, essa sensação de que o game é “econômico” fica bem evidente, o que honestamente não é problema algum, e mostra que para se fazer um terror bom não é necessário muita coisa junta, mas sim uma ideia e uma atmosfera muito bem construída.

E a atmosfera desse game é excelente, totalmente baseado nos sons ambientes, que geram tensão constante a todo momento. Sons de explosões da guerra na superfície, fazendo todo o bunker tremer, os sons de ratos nos corredores, os seus próprios sons de passos ecoando para todo lado, bem como os grunhidos e arranhados do monstro atrás das paredes. Alie isso aos sons de tiros, que são incrivelmente estridentes, afinal estamos disparando dentro de um lugar completamente isolado e fechado.

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O game possui pouquíssimas músicas, que tocam somente em momentos específicos, sendo assim, sua trilha sonora acaba passando bem despercebida. Mas seus sons ambientes são onipresentes e assustadores.

Amnesia: The Bunker possui localização em português brasileiro em seus menus e legendas, com um trabalho de tradução excelente, inclusive ao ler placas. Quando você olha uma placa na parede, por exemplo, uma legenda surge com sua tradução, deixando tudo muito mais fácil e acessível.

Conclusão

Análise Arkade: Amnesia: The Bunker renova a série com terror de primeira qualidade

Amnesia: The Bunker é quase um spin-off da série, tanto em termos de duração quanto de desenvolvimento de enredo, sendo bem simples e sem complicação. Mas ainda assim, é mais um game que complementa o seu lore, formando assim uma quadrilogia.

E, acima de tudo, esse game mostra que a série ainda tem muita força, e tudo o que ela realmente precisa é um bom direcionamento e foco. The Dark Descent é uma obra prima. Justine foi uma DLC divertida, ainda que menos aterrorizante. A Machine for Pigs sacrificou muito de sua própria identidade e seu terror, resultando numa experiência um tanto apática. Rebirth trouxe a série de volta ás suas origens de forma excelente. E agora The Bunker foca menos no universo e mais naquilo que o primeiro game acertou em cheio: Como causar terror.

Amnesia: The Bunker foi lançado no dia 6 de junho com versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Xbox Series X/S.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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