Análise Arkade: 99Vidas – O Jogo é um beat ‘em up retrô carregado de homenagens e referências
Quando o projeto 99Vidas – O Jogo foi apresentado ao público através do Catarse, plataforma de financiamento coletivo do Brasil, a ideia era que o game fosse uma homenagem aos clássicos do gênero beat ‘em up com a adição da personalidade do podcast 99Vidas.
Depois de um ano e seis meses de desenvolvimento será que o resultado trouxe à tona a nostalgia que outrora sentimos com títulos como Final Fight, Double Dragon, Streets of Rage, entre outros? Macho, descubra agora em nossa análise.
Desenvolvimento
99Vidas – O Jogo foi desenvolvido pela QUByte Interactive – Game Development Studio, produtora nacional que também foi responsável por HTR+ High Tech Racing, criativo game de autorama que já analisamos aqui na Arkade.
A intenção do jogo é proporcionar uma experiência nostálgica inspirada nos clássicos supracitados, com um nível de dificuldade desafiador e muitas referências não só da cultura pop dos anos 80 e 90, mas também às “piadas internas” do próprio podcast.
O estilo de arte em 16 bits traz à tona lampejos de nostalgia que combinados com a música, jogabilidade divertida e desafio na medida certa nos entrega um beat ‘em up de respeito como resultado final.
Além do excelente trabalho da QUByte, os quatro integrantes do podcast — Jurandir Filho, Izzy Nobre, Evandro de Freitas e Bruno Carvalho — participaram ativamente da produção, para manter o conteúdo coeso. O Bruno Carvalho, em especial, foi game designer, roteirista e contribuiu com a localização do jogo, sendo porta voz da equipe e fazendo a ligação entre as partes.
“Sabe filme da Marvel? Nosso jogo é melhor”
A maioria dos games desse gênero tem uma história, que para fins de justiça deveria ser chamado de conceito, que precede a porrada generalizada. 99Vidas – O jogo não é diferente. No universo do game existe um artefato chamado 99Vidas, que concede imortalidade ao portador. É óbvio que tal Santo Graal seria roubado e a missão de nossos heróis, guardiões do objeto, é recuperá-lo.
Como guardiões, eles são munidos de habilidades únicas baseadas nos elementos água, fogo, terra e raio (além de algumas variações), assim podendo combater hordas de inimigos, subchefes e chefes principais a fim de recuperar o que lhes foi tomado. Conceitualmente é isso, mas na verdade não importa muito, pois independentemente do enredo o que mais salta aos olhos é o gameplay em si, carregado de nostalgia.
Existem muitos aspectos positivos na produção, começando com a parte técnica que é muito bem feita em termos de design de cenário, design de personagens, produção de som e efeitos sonoros, arte e animação dos personagens, arte dos cenários e interface… enfim, é tudo extremamente competente.
Depois temos a localização, que além contar com dublagem do pessoal do podcast, também acerta ao transpor a personalidade de cada um através das legendas. Por exemplo, Jurandir é cearense e possui dialetos locais, no game tais colocações estão transpostas para que a representação do personagem seja fidedigna a ele, e isso se aplica a cada um dos personagens.
Pancadaria old school
A dificuldade está bem interessante e a colocação “você vai ter de suar a camisa e usar os punhos para dar cabo da escória das ruas e, quem sabe, quebrar seu controle tentando!”, citada na descrição do jogo não poderia ser melhor colocada. Terminei na dificuldade Izzy (fácil) sem muito trabalho, pois meu dano era maior e a quantidade de inimigos, assim como sua resistência, era menor. Já no nível Normal a jornada é desafiadora na medida certa até a terceira fase, depois disso é punitivo e exige muita técnica. Níveis acima disso são para um nicho de pessoas que buscam desafios extremos.
São seis fases ao todo (com duas fases bônus), cada uma com duas partes distintas, mas que narrativamente se interligam. Faz sentido a transição do ponto A para o B. Ao todo são 11 personagens jogáveis, sendo 7 desbloqueáveis. Após cada fase podemos comprar vidas ou upgrades (combos únicos com até três níveis de evolução), além de possuir um modo versus e uma inteligência artificial eficiente, tanto que os inimigos podem bloquear nossos golpes, fugir e coordenar ataques.
Quanto ao multiplayer, tanto a campanha quanto o modo versus podem ser jogados de forma Local/Online, porém, no momento em que joguei e redigi essa análise não consegui testar devido a uma manutenção nos servidores, que durou alguns dias. Posteriormente os servidores voltaram, porém, não consegui jogar sequer uma partida multiplayer mesmo que o modo indicasse que haviam jogadores online. Esse quesito do game talvez ainda esteja em processo de otimização ou eu realmente não dei sorte em minhas tentativas.
Os inimigos em si não são tão variados, mas isso é meio que uma característica do gênero e 99Vidas – O Jogo sendo uma ode aos clássicos manteve-se fiel a isso. Entre os inimigos, destaco o Hermano, que é um personagem que usa uma camisa que remete a seleção argentina e seu ataque além de nos chutar é dar carrinhos criminosos, remetendo a rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina.
Existe também um menu extra que contém arte dos fãs, artes conceituais e rascunhos de conceitos iniciais do game. Confira algumasa delas abaixo:
Outro ponto é que existe um grande fator replay, pois cada personagem tem suas linhas de diálogo e somente completando a campanha com todos somos contemplados com o final verdadeiro. É tudo muito divertido e harmonioso e a probabilidade de agradar os fãs é grande.
Conclusão
Para finalizar, posso afirmar que o fator diversão é o determinante para que eu recomende com louvor 99Vidas – O Jogo tanto para o público em geral que quer simplesmente distribuir umas porradas quanto para os fãs do podcast que vão encontrar na produção várias referências à “mitologia” do 99Vidas. E recomendo que ao finalizar o game assistam todos os créditos, pois assim como em filmes da Marvel pode haver uma surpresa.
99Vidas – O Jogo chegou ao Steam no finzinho de 2016. Este ano ele deve ser lançado também para PS4, Xbox One, PS Vita, Android e iOS.