Análise Arkade: A Walk in the Dark é uma passeio sombrio de uma garotinha e seu gato
Uma garotinha perde-se de seu gatinho… e você vai perder a paciência com os desafios cabeludos de A Walk in the Dark, game do estúdio português Flying Turtle que chegou recentemente ao PC e ao Xbox One!
Um passeio mortal
A Walk in the Dark possui dois protagonistas: a garotinha Arielle, e seu gato de estimação, Bast. Os dois acabam separando-se durante um passeio, e nossa missão é conseguir reunir os dois novamente.
Não pense que isso será fácil: apesar de ter “cara” de Limbo, A Walk in the Dark possui uma dificuldade digna de Super Meat Boy e VVVVVV: você vai ter que evitar estalactites, serras circulares, espinhos, engrenagens e muito mais, desafiando a gravidade enquanto se aventura por dezenas de fases que vão ficando cada vez mais difíceis.
2 protagonistas, 2 jeitos de jogar
Controlamos tanto o gato Bast quanto Arielle alternadamente durante a campanha. Ainda que em ambos os casos o gameplay seja super simples, os desafios que cada um enfrenta possuem suas particularidades, o que resulta em utilizações ligeiramente diferentes das mecânicas do game.
Usamos basicamente o direcional para mover o personagem e um botão para pular. Bast é mais ágil, podendo fazer wall jumps e se espremer por passagens estreitas, enquanto sua dona — que parece ter ido parar em uma espécie de País das Maravilhas steampunk — é mais lenta e bem menos ágil, mas desafia as leis da gravidade ao caminhar tanto pelo teto quanto pelo chão (habilidade que seu gato também pode usar em certas fases)
Nas fases como gato, há muita velocidade e agilidade envolvidos, com saltos que demandam precisão e timing para evitar armadilhas — espetos, aranhas, morcegos, serras circulares, etc. Geralmente temos total controle do personagem, mas existe um tipo de fases onde o gato sempre corre para frente, e nosso trabalho é simplesmente acertar o timing dos pulos… o que é mais difícil do que parece.
Confira abaixo minhas “trocentas” tentativas para superar uma dessas fases:
Nas fases em que controlamos Arielle, o ritmo de jogo é menos acelerado, e a movimentação é muito mais pautada pela precisão com que você alinha a personagem na hora de ir do chão para o teto. Há armadilhas por toda parte, e um pulo em falso te leva de novo para o início daquele desafio.
Um jogo difícil, mas justo
A Walk in the Dark é aquele tipo de jogo que nos obriga a jogar várias vezes a mesma fase até conseguirmos avançar. Morrer de novo e de novo faz parte do processo, mas não chega a tornar o jogo frustrante: ele nunca parece “impossível” ou “injusto”, e sempre que você morre, sabe que foi por um erro seu, não por uma falha no design do jogo em si.
O fato do jogo ser totalmente linear e sem nenhum tipo de power up ou upgrade ajuda muito: você tem tudo o que precisa para se virar desde a primeira fase, e deve afiar seus reflexos, seu timing de resposta e a precisão dos seus saltos se quiser superar as várias dezenas de fases do game.
Considerando o tanto de vezes que vamos morrer e tentar de novo, agilidade é fundamental, e felizmente o jogo não nos deixa esperando: o retorno do personagem ao início da fase é praticamente instantâneo, e as fases no geral são curtas, justamente porque devem ser superadas de uma vez só, sem erros.
Os mais aptos (ou pacientes) encontrarão ainda mais dificuldade para vencer os desafios de tempo — terminar as fases sempre abaixo do limite estabelecido — ou coletando pontinhos luminosos que estão em lugares tão desgraçadamente difíceis de alcançar quanto os band-aids de Super Meat Boy. Fica a seu critério encarar ou não estas missões cabeludas!
Audiovisual
Ainda que siga a “cartilha” de Limbo na parte gráfica, A Walk in the Dark consegue injetar um pouco de criatividade em seu level design e nas animações dos personagens. Bast se move com a graça e a fluidez de um gato de verdade, e as diferentes cores e luzes do background quebram um pouco a mesmice dos jogos de luz e sombra tradicionais de games com este visual. Aliás, a iluminação cria todo um clima para o game, olha só:
Os backgrounds variam bastante, indo de florestas e cavernas até ambientes cheio de molas e engrenagens. Como já dito, em muitos casos o que vemos parece saído diretamente da obra de Lewis Carrol, e considerando que Alice foi parar no País das Maravilhas ao procurar seu gato e cair na toca do coelho, desconfio que estas semelhanças não são apenas coincidência.
A trilha sonora do game é lindíssima. Composta por Cody Cook, ela consiste basicamente em melodias tocadas em piano com alguns violinos e uma percussão aqui e ali ocasionalmente. Todas as faixas são muito poderosas e atmosféricas. É possível ouvir toda a OST do game em serviços de streaming como o Spotify, clique neste link e ouça.
Conclusão
A Walk in the Dark é aquele tipo de jogo que é mecanicamente simples, mas que mesmo assim oferece um baita desafio. Ele vai testar sua paciência e sua perseverança, e suas fases curtinhas criam aquela reação de”só vou desligar depois que conseguir passar desta fase” e, quando você se dá conta, já passou mais de duas horas jogando!
Ele sem dúvida é bem difícil, mas como já dito, sua dificuldade nunca parece injusta ou exagerada, e seu sucesso em cada fase depende exclusivamente da sua habilidade nos controles. Tornar possível o reencontro de Bast e Arielle será uma tarefa árdua, mas recompensadora.
A Walk in the Dark foi lançado em 19 de maio para Xbox One e Windows 10. O game também pode ser encontrado na Steam.