Análise Arkade – Armored Core VI: Fires of Rubicon tem customização e desafio hardcore

6 de setembro de 2023
Análise Arkade - Armored Core VI: Fires of Rubicon tem customização e desafio hardcore

Armored Core VI: Fires of Rubicon é o mais recente título da franquia de jogos de combate entre mechas da From Software, que retornou após uma década de hiato.

E, é válido ressaltar que o jogo chega em um momento de mercado completamente diferente, com uma From Software muito mais influente e relevante na indústria. Será que o sucesso da série Souls e do fenômeno Elden Ring afetou os combates entre robôs gigantes? Vamos descobrir!

Bem-vindo a Rubicon 3

O jogo se passa em Rubicon 3, planeta que está no alvo de diversas companhias privadas por conta de um recurso valioso chamado Coral. O Coral é uma nova e revolucionária fonte de energia, que pode resolver toda uma crise energética, e é inclusive ser utilizado para alimentar os mechas, chamados de Armored Cores (ou ACs).

O jogador assume o papel de um mercenário sem nome, um “freelancer” que pode aceitar missões de diferentes organizações enquanto levanta dinheiro para melhorar e customizar seu mecha.

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Verdade seja dita, a história não é realmente o ponto principal de Armored Core VI. E não falo nem de sua qualidade, mas da forma como é apresentada. Para começar, o protagonista é um personagem vazio e sem personalidade, que apenas segue as ordens que recebe.

Além disso, narrativa é contada principalmente por meio de conversas pelo rádio e briefings de missão… que são monótonos e difíceis de acompanhar. Existem intrigas entre facções rivais e todo um lore que até tinha potencial, mas que acaba eclipsado pela forma desinteressante com que tudo é apresentado (por conversas de rádio).

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A história de Armored Core VI sendo contada…

Acredito que essa seja uma característica da franquia, para aumentar a imersão e a sensação de que “estamos o tempo todo dentro do mecha”, mas existem muitas maneiras bem mais interessantes de contar uma história de robôs gigantes. Titanfall 2 foi uma surpresa justamente por ter uma campanha tão legal.

Um loop eterno de pequenas missões

Sem mundo aberto nem nada muito denso, a campanha de Armored Core VI divide-se em capítulos, mas que sempre obedecem a um loop de gameplay que começa na garagem — onde ouvimos as conversas e briefings pelo rádio.

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Na prática, vamos aceitar uma missão, sair para cumpri-la, recolher os espólios, voltar para a garagem, mexer em nosso robô, aceitar uma nova missão, e por aí vai. Cada missão tem um objetivo específico, e se passa em um mapa próprio para ela. Há uma boa variedade de missões, mas muitas delas são super curtinhas — não duram nem 5 minutos.

Destruir alvos, escoltar aliados, defender posições, coletar colecionáveis variados, infiltrar-se em bases e, claro, enfrentar chefes poderosos, são alguns dos objetivos que iremos cumprir — e uma das grandes barreiras que o jogo traz (falaremos disso logo mais).

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Praticamente qualquer coisa que a gente faça em missão rende dinheiro, que é o que precisamos para comprar novas peças e turbinar nossos AC. E é aí que entra o que talvez seja o maior trunfo de Armored Core VI: seu denso sistema de customização de mechas.

Customizando seu AC

A franquia Armored Core sempre foi sobre customizar robôs, e essa máxima continua valendo no sexto jogo. Verdade seja dita, é muito comum a gente passar mais tempo na garagem (customizando o robô), do que cumprindo uma missão de fato — como eu disse, há muitas missões bem rápidas.

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É possível trocar qualquer parte do seu robô: cabeça, tronco, braços, pernas — e isso inclui, claro, as armas que ele carrega ou que fazem parte da sua estrutura (como canhões nos ombros, por exemplo). Entre projeteis, escudos e armas corpo a corpo, a variedade é bem impressionante.

O mais interessante é que não precisamos ficar presos ao formato humanoide: você pode trocar as duas pernas do seu robô pelas esteiras rolantes de um tanque de guerra, por exemplo. Ou por quatro pernas meio aracnídeas.

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Eu diria que “o céu é o limite” para a sua criatividade, mas a verdade é que não é bem por aí. Para começar, você precisa ter dinheiro para comprar as peças (o lado bom é que podemos revender peças usadas). Além disso, peças maiores pesam mais — seu AC precisa ser capaz de carregar todo o peso extra. E aí também entra a própria energia do robô, que precisa dar conta de deixar tudo funcionando. Há todo o lado econômico e prático que precisa ser planejado para que um AC fique poderoso E funcional.

Customizar seu robô acaba tornando-se um exercício interessante de tentativa e erro. Felizmente, pela própria garagem, podemos acessar uma Arena, onde podemos testar nosso AC contra outros mechas controlados pela inteligência artificial. E testar é parte fundamental do processo, uma vez que Armored Core 6 traz, obviamente, aquele “tempero” famoso da From Software.

Dificuldade hardcore

Boa parte das missões comuns de Armored Core VI são relativamente fáceis. Porém, o jogo tem alguns chefes extremamente apelões, que são verdadeiras barreiras, e podem desmotivar o jogador menos resiliente a continuar.

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O helicóptero chefão do tutorial já eleva um pouco a barra, mas é em um nível aceitávvel. Porém, não demora muito para encontrarmos Balteus, uma máquina de guerra voadora com um escudo impenetrável, que se movimenta erraticamente pelo cenário e lança uma chuve de mísseis.

Balteus chegou a ser nerfado em algum patch, mas a verdade é que ele ainda é uma barreira de dificuldade quase intransponível para muita gente. E, ao contrário de um jogo de mundo aberto, onde você pode simplesmente ir para outra direção, tentar outro caminho, aqui não há essa opção. O que nos resta é refazer missões, juntar dinheiro e tentar diferentes loadouts.

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O temível Balteus

Entendo que esse exercício é parte do que faz Armored Core ser o que é, mas a discrepância de dificuldade assusta. Você está lá, cumprindo as missões de boa, e de repente dá de cara com um chefe que é uma parede de concreto. Isso pode frustrar ou satisfazer o jogador, dependendo do seu gosto. No meu caso, só causou frustração.

E, que fique claro, que Balteus é apenas um exemplo — talvez o mais proeminente. Há diversos chefes extremamente apelões no jogo… e quando você acha que já viu tudo, eis que reencontramos Balteus, tunado e ainda mais poderoso e apelão.

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Meu ponto é: ainda que não seja um “Souls-like” em termos de gameplay, Armored Core VI é um jogo difícil. Ou melhor, é um jogo que tem picos de dificuldade muito acentuados. A curva de aprendizado é íngreme e irregular, o que pode desmotivar o jogador que por ventura cair de paraquedas aqui esperando um jogo de combate entre mechas um pouco mais amigável.

Audiovisual

Armored Core VI é um jogo que causa uma boa primeira impressão. Os gráficos são bonitos e detalhados, com bons efeitos de luz fumaça e explosões. Os mechas, claro, se destacam, com visuais invocados e diversas partes inercambiáveis.

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Passado o assombro inicial, porém, logo fica claro que os cenários são um tanto quanto genéricos e repetitivos — algo que é corroborado pelo ciclo de missões que estrutura a campanha. Felizmente, há muitos elementos interativos e destrutíveis, como tanques de combustível e estruturas que podem ser aproveitadas em combate.

A trilha sonora é composta por músicas eletrônicas com pitadas de rock, que não são realmente memoráveis, mas combinam com o ritmo e o clima do jogo. Os efeitos sonoros, por sua vez, se destacam, imprimindo muito impacto nas armas e ataques.

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A dublagem é competente — com vozes em inglês e japonês –, e o jogo oferece suporte ao nosso idioma, com menus e legendas em português brasileiro. Há alguns problemas técnicos, aqui e ali, com algumas quedas de frame rate e telas de loading desnecessariamente longas, mas no geral, não é nada que afete a experiência de jogo.

Conclusão

Armored Core VI: Fires of Rubicon oferece uma experiência intensa e desafiadora que deve agradar aos fãs de longa data da franquia… mas dificilmente pode ser considerado uma boa “porta de entrada” para quem nunca teve nenhum contato com a série.

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Se na hora dos combates o gameplay é rápido e responsivo, na garagem toda a parte de customização do mecha pode ser intimidadora para os novatos. E, que fique claro: mexer no mecha é parte crucial da experiência. Ir para a garagem, mudar seu loadout, e tentar de novo é um ciclo que não pode ser evitado.

Somado a isso, temos uma dificuldade alta e inconstante, que “do nada” joga alguns chefes quase impossíveis em nosso caminho. Na prática, isso faz de AC VI um jogo de nicho (como quase tudo o que a From Software entrega). A questão é: será que a popularidade do estúdio expandiu muito o alcance desse nicho? Vamos ter que esperar para descobrir.

Armored Core VI: Fires of Rubicon foi lançado em agosto, e está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada) Playstation 4, Xbox Series X|S e Xbox One.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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