Análise Arkade – Assassin’s Creed: Rogue é um mais do mesmo, mas bem feito.
A Ubisoft trouxe um Assassin’s Creed exclusivo para a geração passada aonde as batalhas de navio ainda são o grande foco, além da jogabilidade que muda um pouco com um Templário no controle. Veja o que achamos de Rogue a seguir.
Como todo final de geração, muitos jogadores assistem as grandes franquias migrando para os novos consoles e seu querido e amado videogame sendo lar de jogos cada vez mais simples e infantis. Nesta geração ainda vemos jogos sendo lançados para ambas as gerações mas Unity não conseguiria ser lançado de maneira satisfatória nem para PS3 nem para Xbox 360.
A solução (e a intenção dela você que julgue) foi lançar um jogo totalmente novo para a geração passada. Aqui temos muito do que deu certo nos últimos jogos da franquia e a adição de uma mudança até sutil mas que influencia no gameplay: o fato de que vamos pela primeira vez ter um Templário como protagonista.
Vamos navegar de novo, marinheiros!
Pelo visto a galera gostou mesmo dos elementos de navio que apareceram em Assassin’s Creed 3 e foram melhorados em Black Flag. Em Rogue, temos novamente grandes mares para explorar com baleias para serem caçadas, tesouros para serem encontrados e muitos combates em alto mar. Tudo o que vimos nos últimos anos foi devidamente atualizado e entregue com qualidade para quem gostou de navegar por aí nos últimos anos.
Temos como cenário a guerra dos sete anos no século XVIII em cenários que variam entre os Estados Unidos de AC3, o Atlântico Norte e até breves passagens na Europa, em Lisboa e Paris. Isso o torna contemporâneo dos dois últimos jogos e traz até personagens já conhecidos dos jogadores, como Achilles e Kenway.
A bordo do Morrigan podemos conquistar e derrubar navios além de obviamente melhorá-lo de acordo com nosso progresso no jogo, comprando novas armas e reforçando suas defesas. Neste fator podemos entender bem que a ideia não era mesmo inovar e sim melhorar algo que fez sucesso entre os fãs da série e entregar mais uma vez boas experiências em alto mar.
De novidade podemos citar os variados locais para “passear”, que trazem coisas diferentes do ambiente caribenho de Black Flag. Navegar no Atlântico Norte, por exemplo, pode ser muito perigoso graças aos vários Icebergs espalhados pelo mar. As fortes nevascas também exigem muito do jogador (ou também fazê-lo parar o navio e esperar o mar se acalmar), principalmente se elas acontecerem no meio de um dramático combate contra alguns navios inimigos.
No mais, vale citar também o divertido passatempo que é o mini-jogo de viagens para negociar itens. Você monta sua frota com navios conquistados no jogo e tem que fazer a rota ficar segura derrubando navios inimigos no mesmo esquema que MGS: Peace Walker usa para montar a base de Big Boss. É bem simples, mas ainda assim é legal jogá-lo ás vezes.
Shay, um templário-assassino bem mais ou menos
Em Rogue jogamos com Shay, um Assassino que resolve “fazer sua sorte” como diz direto no jogo e acaba indo parar do lado dos Templários. Apesar dele não ser um personagem tão preto-no-branco, sua busca por justiça própria é muito interessante e temos sim uma boa história sendo contada neste jogo. Pena que o personagem em si não é lá aquelas coisas, sendo praticamente um Connor “templário”, não tendo muita personalidade. Em alguns momentos do jogo até consegui confundí-lo com alguns NPCs do cenário durante os combates.
A história também poderia ser melhor contada. Não, ela não é ruim. Pelo contrário, a história é interessante e é bacana sim ver como um assassino vira caçador dos próprios Assassinos durante o jogo, mas a forma com a qual ela se desenrola que é chata. Nos primeiros momentos do jogo você corre sério risco de não entender o que está acontecendo e se bobear, o modo história e a exploração avulsa do jogo podem acabar se tornando a mesma coisa, o que é muito ruim.
De exemplo podemos citar os jogos do Batman Arkham que também contam com muita coisa a se coletar a se conhecer no jogo, mas o modo história fica te convidando a todo momento para continuar a conferir os eventos do jogo o que não acontece em Rogue. Não se sinta culpado se em algum momento do jogo você acabar esquecendo das missões para apenas caçar baleias.
Mudanças interessantes no gameplay
Por Shay ser um assassino no começo do jogo ele mantém muito do que a jogabilidade da série oferece: visão de águia, saltos “impossíveis”, habilidades em combate e até a capacidade de caça que Kenway tem. Mas quando ele se torna um Templário algumas novidades sutis na jogabilidade aparecem.
Os assassinos são caçadores impiedosos e eles agora estão à sua procura. Shay tem que tomar cuidado ao andar pelas cidades pois do nada algum assassino pode aparecer do nada e lhe tirar a vida. Mas como estamos jogando com um ex-assassino, ele pode procurar com a visão de águia estes assassinos e matá-los primeiro. É uma coisa simples mas que faz com que o jogador explore as cidades com mais cautela, pois até durante algumas missões estes assassinos podem aparecer do nada e estragar seus planos.
Por ser um Templário, Shay também tem à disposição um arsenal muito maior que o de um Assassino. Tanto no navio quanto em terra firme, suas armas são muito mais avançadas que seus rivais e com um uso sábio, o jogo pode ficar até fácil demais. Combater também é algo simples e fácil de se fazer, com os botões funcionando muito bem e com o domínio certo das técnicas, raramente irá morrer no meio das lutas.
As missões secundárias também merecem elogio pois fazem o que poucos jogos conseguem fazer neste quesito: divertir. Invadir QGs inimigos, roubar depósitos, destruir fortes e explorar o mundo do jogo é legal mesmo. Elas são variadas e seja em terra firme ou em alto mar, somam muito ao gameplay. Inclusive para evoluir Shay e o navio Morrigan, já que além de dinheiro é necessário também de itens como metal ou madeira que são obtidos derrubando navios ou roubando por aí.
Uma coisa chata que ainda não consertaram bem é o fato do botão que corre ser o mesmo que escala. Claro que isso é prático e ajuda em muitos momentos, mas perder uma missão de perseguição por no meio da corrida seu personagem acabar escalando um prédio sem querer e perder tempo por isso é frustrante. Claro que não tá igual no primeiro jogo mesmo assim isso deveria ser consertado em um futuro próximo.
Outra falta do jogo é a presença dos cavalos. Se Altaïr e Connor podem cavalgar, porquê Shay não pode? Pelo menos temos um guerreiro com saúde eterna que consegue correr quilômetros sem se cansar. Mas são apenas detalhes que embora precisam ser denunciados em nada apagam a excelente jogabilidade que o jogo oferece.
Apreciando a paisagem enquanto cantarolamos no navio
A geração passada ainda pode se orgulhar por oferecer jogos com visuais tão belos. Rogue mostra que tanto Xbox 360 quanto o Playstation 3, apesar dos anos de estrada já percorridos, conseguem ainda apresentar cenários muito bonitos e bem feitos. Os detalhes da vegetação dos locais assim como das cidades estão caprichados e como uma legítima atualização dos jogos anteriores merecem os parabéns.
Ao contrário de seu “irmão” para os consoles da nova geração Unity, por estarmos jogando algo que já conta com uma engine bem construída e definida, temos poucos problemas em Rogue. O jogo sempre flui muito bem e mesmo com um número considerável de pessoas na tela, a ação flui numa boa.
A parte sonora de Rogue também vai muito bem, obrigado. Com músicas que aparecem apenas quando é conveniente e efeitos sonoros que convencem nas lutas de espadas e combates entre navios, também merece elogio as músicas cantaroladas pela tripulação do Morrigan durante as viagens em alto mar.
A dublagem também está aceitável. Brilhante não diria, mas está no mesmo nível da maioria dos filmes que temos à disposição por aí. Se competência vale a pena para você, então vai se sentir satisfeito com as vozes de Rogue, inclusive com o retorno de algumas já conhecidas, como a de Achilles de AC 3.
O mais do mesmo que agrada
Ao tentar fechar a trilogia das Américas, Rogue não faz isso com muita qualidade mas, ao apresentar um jogo que evoluiu elementos preferidos dos jogadores e trazer consistência em um “mais do mesmo” só que sem o teor pejorativo do termo, vemos que a Ubisoft conseguiu sim fazer isso muito bem. Rogue não é o mais brilhante Assassin’s Creed mas com certeza é um dos mais consistentes e divertidos. Se você gostou de Black Flag, Rogue é dever; agora se você ainda está com o nariz torcido para este jogo, dê uma chance a ele. De fato não tem nada de muito inovador, mas ele consegue cumprir o papel básico de um jogo de videogame: divertir.
Assassin’s Creed: Rogue já está nas prateleiras e está disponível para Playstation 3 e Xbox 360. Uma versão para PC está prometida mas chegará apenas no ano que vem. Mas agora é a sua vez de dar sua opinião e continuar esta análise, dizendo o que concorda, o que discorda e o que acha no geral deste jogo.