Análise Arkade: A intensa e histórica Primeira Guerra de Battlefield 1
Finalmente o esperado retorno ao passado em uma das séries de FPS mais famosas da atualidade chegou. Dessa vez voltando 100 anos no passado para um período que hoje em dia as pessoas conhecem muito pouco, um período que deixou uma enorme cicatriz em nosso mundo e na época era chamada de “A Guerra que acabaria com todas as guerras”.
Battlefield 1 chegou e nos transporta para a Primeira Guerra Mundial, a guerra das trincheiras, dos aviões a hélice, tanques e gazes tóxicos. Então vamos com tudo para o front e vamos conferir se Battlefield 1 corresponde a todo o seu hype!
A Grande Guerra que mudou o mundo
A série Battlefield vinha nos últimos anos mantendo-se no combate contemporâneo, com armas e equipamentos o mais próximo da realidade. Trazendo para seus games o fator destruição, os jogadores agora podiam derrubar prédios inteiros em seus combates tanto por terra como por ar. Porém, os jogadores ansiavam por uma experiência ignorada atualmente, reviver o Século XX.
Os games de guerra se popularizaram principalmente por se ambientarem durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, conforme os anos foram se passando, não só o público começou a cansar desse período, como as produtoras passaram a ir mais e mais no futuro dos conflitos armados, o que gerou o efeito oposto, pois os jogadores rapidamente se cansaram da guerra futurística (principalmente a do concorrente Call of Duty) e queriam voltar ao passado, as raízes. E eis que para saciar essa sede Battlefield 1 foi criado, e se o público queria o passado, então que recebam a gênese, a Primeira Guerra Mundial, um período que curiosamente foi muito pouco explorado nos games!
Battlefield 1 nos conta sobre como foi a Primeira Guerra em seu modo campanha de diferentes perspectivas. A campanha do game é dividida em cinco mini histórias, protagonizadas por diferentes personagens e ambientadas em diferentes países atingidos pela guerra. As campanhas do game possuem um forte clima cinematográfico, com cutscenes que nos permitem conhecer um pouco de cada um de seus personagens e seus envolvimentos com a guerra.
O foco da campanha do game é mostrar não as nações em conflito, mas as vidas daqueles que estavam lá, daqueles que viveram e morreram naquele período. Mostrando o ponto de vista de soldados que estão no campo de batalha, das pessoass atrás das miras, que recebem suas ordens e precisam cumpri-las por seu país, seus aliados e por si próprios.
O modo campanha do game possui uma boa durabilidade ao apresentar essas diferentes histórias, porém quando a terminamos fica parecendo que foi muito rápido. Conhecemos pouco dos personagens, mas o suficiente para entendermos eles. Os próprios personagens narram suas histórias, contando para alguém no futuro não o que aconteceu ao longo de toda a guerra, mas o que aconteceu em períodos específicos de seus envolvimentos no conflito.
Cada campanha é única, e pessoalmente com um destaque para a campanha do aviador, onde enfrentamos diversos inimigos no ar, incluindo os gigantescos Zepelins, e a campanha de Zara, uma mulher beduína aliada do lendário T.E. Lawrence, o próprio Lawrence da Arábia!
Nós acompanhamos as lutas de vários países do Aliados, como Inglaterra, Itália, Estados Unidos, e os povos Árabes. Cada um em suas próprias lutas, seja para acabar com os Alemães invasores, defender seus territórios, ou lutar pela liberdade de seu povo, reprimido tanto por dentro, quanto por fora. A campanha é muito envolvente, mas poderia ter sido mais explorada, contando mais sobre cada personagem. Porém da forma que foi entregue é bastante satisfatória, apesar de deixar evidente que as campanhas não eram o foco principal do game, ficando com cara de tutorial para o multiplayer, o que já era esperado.
Desafios e segredos do campo de batalha
Reforçando ainda mais a cara de “tutorial” do multiplayer. O modo campanha possui alguns desafios que liberam armas e itens para o multiplayer do game. Cada missão da campanha possui certos objetivos secundários que o jogador pode ir atrás. Esses objetivos são bem variados e desafiadores, como terminar missões inteiras sem ser detectado, matar inimigos com determinadas armas, além de certas ações particulares.
Alguns desses desafios também estão presentes no multiplayer, os Códices. Eles são liberados ao se realizar certas ações, como matar tantos inimigos em determinada classe, usar bastante um mesmo tipo de arma, matar silenciosamente e etc. Os códices são cartas que possuem informações sobre armas, equipamentos e curiosidades sobre a Primeira Guerra, e são bastante interessantes de se coletar.
Já outro desafio da campanha são os Manuais. Toda missão possui um certo número de manuais escondidos em caixas. Coletando todos os manuais o jogador libera mais armas e equipamentos. Os Manuais estão muito bem escondidos, e levando em conta que os mapas de Battlefield 1 são enormes, inclusive nas campanhas, encontrá-los é bem difícil, e exige uma busca extensa e minuciosa.
E como recompensa pelas proezas do jogador no multiplayer, temos os Pacotes de Batalha. Esses pacotes liberam armas e modificações de armas para o jogador. Existem duas formas de consegui-las: como recompensa no fim de partidas, ou comprando em troca de sucata. A sucata pode ser conseguida descartando armas e modificações, inclusive as que são abertas dos Pacotes. Portanto mantenha um olho em seus equipamentos para saber o que é melhor manter e o que pode ser vendido.
O imenso, histórico e intenso multiplayer
A cereja do bolo da série Battlefield! Não é segredo para ninguém, o real foco da franquia é seu modo multiplayer, uma experiência realmente de tirar o fôlego. O multiplayer do game é massivo, completamente intenso e altamente viciante, até mesmo para mim, um jogador que realmente não gosta de multiplayer!
O modo online do game é uma experiência muito interessante, pois é ao mesmo tempo convidativo e cruel. Jogadores como eu, com quase nada de experiência com FPS online conseguem se adaptar rapidamente as mecânicas do game, e em pouco tempo a melhora começa a se tornar visível. Por outro lado o game é bem cruel, pois os combates são uma verdadeira loucura e muitas mortes estão garantidas.
O multiplayer possui diversos modos diferentes para até 64 jogadores. E quando os jogos estão cheios, a coisa é completamente maluca. Não há um segundo de descanso, pois ambos os lados das batalhas são ferozes e destruidores. Entre os modos de jogo multiplayer, uma novidade inserida em Battlefield 1 é o modo Operações. Ele funciona semelhante a campanha do game, com um objetivo histórico por trás das batalhas, revivendo batalhas reais que aconteceram na guerra, colocando os dois times para brigar pelos seus territórios.
Esse modo progride em “fases” diferentes. Um time deve tentar conquistar um território inimigo, enquanto o outro deve se proteger matando um certo número de inimigos do time adversário. Quem conseguir realizar seu objetivo primeiro consegue invadir uma nova área inimiga, encurralando o time adversário. Terminada uma batalha, a próxima fase ocorre, dando seguimento a história do conflito e trazendo uma nova arena de combate.
Além desse modo, temos os diferentes modos das partidas rápidas do game: O modo Cada Equipe por si coloca dois times para se enfrentar em uma arena reduzida, vence o time que matar mais inimigos no final. Conquista é o modo mais popular do game, e o mesmo que estava disponível no beta. Nesse modo, temos os mapas completos a nossa disposição em todas as suas topografias. Aqui, o objetivo é conquistar as bandeiras, diferentes pontos espalhados no cenário. Para conquistar essas áreas os jogadores devem matar todos os inimigos de uma área e permanecer nelas até as reivindicarem. Vence o time que fizer 1000 pontos no final, a pontuação conta bases conquistadas, defesas de bases e inimigos mortos.
O modo Dominação é semelhante ao Operações, com o objetivo de conquistar diferentes áreas dos mapas até atingir a vitória. No modo Investida, um time deve destruir telégrafos, e o outro protegê-los e usá-los para chamar artilharias e bombardeios contra os inimigos. E um modo muito divertido é o Pombos de Guerra, nesse modo dois times se enfrentam em uma arena reduzida e devem coletar os pombos correio que aparecem no cenário. O objetivo é coletar o pombo e permanecer com ele até seu medidor encher, e então solta-lo para entregar uma mensagem. Vence o time que conseguir entregar três mensagens, e cada mensagem entregue resulta em um bombardeio contra os seus inimigos.
O multiplayer do game é sempre competitivo, com vários recursos que mantém as batalhas sempre intensas com chances do jogo virar. O clima dos mapas é dinâmico, e pode mudar quando menos se espera. Chuvas, nevoeiros, tempestades de areia, as mudanças no clima transformam as batalhas, reduzindo o campo de visão e tornando tudo bem mais perigoso. E ainda temos uma novidade que literalmente desestabiliza tudo, os Behemots, veículos gigantescos que entram nas batalhas do lado do time que está perdendo, dando a chance desse time poder virar o jogo por completo.
Um dos principais veículos é o trem encouraçado, um trem feito de ferro e equipado com muitas armas diferentes, de metralhadoras a canhões, morteiros e lança-chamas. E outro tipo incrível são os Zepelins, gigantes do céu e que causam um enorme estrago. Esses veículos são tripulados por vários jogadores ao mesmo tempo, cada um com uma função, tendo um jogador como piloto e outros no comando das armas. Esses veículos causam uma destruição gigantesca por onde passam, e são incrivelmente resistentes, sendo necessário um enorme esforço dos adversários para destruí-lo. E quando eles são destruídos… é um show a parte. Muitas explosões e fogo, principalmente com os Zepelins, um verdadeiro espetáculo assustador, enquanto os assistimos caindo em chamas e explodindo no chão destruindo tudo.
E é claro, temos os veículos comuns, como vários tanques de guerra diferentes, aviões, carros e motos e a adição dos cavalos. Os cavalos são um dos maiores pesadelos do game, eles são bem rápidos e ágeis, e os jogadores montados tem a sua disposição um rifle e uma espada. A espada é o que mais causa dor de cabeça nos jogadores, pois basta um golpe para matar. Jogadores em cavalos conseguem causar um estrago enorme.
Por fim, temos as classes. O game possui quatro classes diferentes: Assalto, especialistas em demolição, com bombas e granadas anti-veículos. Médico, que cura e revive aliados no campo de batalha. Suporte, que pode consertar veículos, armas e dar munição para outros jogadores. E batedor, a classe de snipers do game, cuja principal habilidade é revelar a posição de inimigos.
E ainda temos as classes especiais! Espalhados pelos cenários existem caixas com equipamentos especiais, os jogadores que os coletarem habilitam novas classes que também desestabilizam as partidas. Essas classes especiais possuem mais resistência e armas devastadoras, como lança-chamas, metralhadoras pesadas e armaduras de corpo inteiro e até mesmo armas anti-tanque. Tudo isso torna as batalhas muito dinâmicas. Os lados estão sempre mudando, e nunca há a acomodação de achar que os inimigos não podem acabar com você.
Infelizmente o game sofre com alguns bugs que afetam todos os modos de jogo. Aparte os ocasionais lags, que nos tempos de hoje qualquer game com recursos online está sujeito em seu lançamento, as vezes os menus do game sofrem estranhos bugs, não carregando suas imagens ou textos. E as vezes ocorrem pequenos lags até mesmo na campanha do game, que não exige conexão online. Outro bug um pouco comum está na transição de cenas, como cutscenes para gameplay e quando um jogador é revivido por um médico. As armas param de funcionar, ou as vezes o personagem trava no cenário ficando totalmente vulnerável. Felizmente esses bugs não acontecem a todo o momento, mas ainda assim estão lá.
Jogabilidade
Jogar Battlefield 1 é bastante simples. A complexidade está no inicio, quando ainda não entendemos bem o funcionamento de certas armas, como controlar veículos e etc. Mas a curva de aprendizagem do game é totalmente amigável, em pouquíssimo tempo o jogador consegue dominar bem os controles e inclusive suas nuances, como a distância e arco que as granadas atingem, conseguindo jogar granadas certeiras em inimigos, e o recuo das armas, não sendo refém por muito tempo das miras inconstantes de certas armas.
O maior desafio mesmo fica por parte dos aviões. Controlar carros e tanques é bastante simples, com um piloto e outros jogadores atirando em tudo o que estiver ao redor, porém os aviões exigem habilidade, tanto para pilotá-los quanto para atacar com eles. Controlar aviões na campanha do game é uma coisa, no multiplayer é completamente diferente. É preciso ter muito mais precisão de mira e habilidade em manobras, tanto para fugir de ataques de aviões inimigos quanto para poder atacar alvos no ar e no solo.
Cada classe também possui suas peculiaridades. Não tente enfrentar um tanque de guerra com um médico nem mesmo partir para o front como um batedor. Cada classe, quando desempenha seu papel da forma correta, torna as batalhas bem mais táticas e vantajosas. E para o melhor aproveitamento de cada classe, cada time é dividido em pelotões de até 6 jogadores.
Os pelotões são as subdivisões dos times, e são criados para que os jogadores trabalhem de forma mais eficaz juntos. Um jogador é escolhido aleatoriamente como líder do pelotão. Esse jogador tem como responsabilidade dar ordens para os outros, apontando alvos a se atacar e bases a se defender. Cumprir as ordens do líder de pelotão resulta em pontuação extra para os jogadores, e sempre que um jogador morrer em batalha, ele pode dar respawn tanto em uma das bases conquistadas, quanto junto de companheiros de pelotão.
Audiovisual
Battlefield 1 é lindo. É fantasticamente lindo. O game recria os cenários de terror e destruição da Primeira Guerra Mundial de uma forma incrível. Dando até, se você parar pra pensar, um sentimento de “culpa” ao se contemplar os cenários do game. Afinal, eles são belíssimos, por outro lado são recriações de cenários de um dos períodos mais terríveis da história da humanidade, machado de sangue, lama e muitas mortes.
Os amplos cenários são muito dinâmicos, não sendo lineares, tanto em progresso, quanto em topografia. Os cenários possuem muita verticalidade, colinas e pequenos prédios em vilarejos franceses, dunas e formações rochosas árabes, montanhas e estradas íngremes na fronteira da Itália com a Suíça. Nenhum cenário é igual o outro. Todos eles são verdadeiras obras de arte digitais, e assim como na guerra, são paisagens fadadas a destruição.
Como já é marca registrada da série Battlefield, os cenários são inteiramente destrutíveis. Casas podem ser demolidas até virarem escombros, árvores podem ser derrubadas e até o chão pode ser destruído. Uma das coisas mais impressionantes e assustadoras do game é ver essas transformações em tempo real, como ver um tiro de canhão explodir na sua frente e abrir um enorme buraco chamuscado no chão.
Os efeitos de iluminação do game são fantásticos, ver o sol refletindo nas superfícies, e até mesmo em poças de água no chão de maneira bem realista é incrível. A atenção aos detalhes é enorme, se você se arrastar no chão sujo, suas armas ficarão cobertas de lama e opacas, e o metal brilha de forma muito realista a diferentes focos de luz, desde a luz do sol até luzes artificiais de casas e bunkers.
O departamento sonoro do game é impecável. O som dos tiros e explosões é onipresente e com profundidade. Com os sons de tiros altos e “tinindo” quando disparados perto do jogador, e os sons secos quase como ecos, de tiros e explosões ao longe. A Dice fez um trabalho incrível com o game, conseguindo até mesmo fazer com que o jogador possa detectar de onde estão vindo certos sons, o que ajuda e muito nos combates a se prevenir de certos perigos.
A trilha sonora do game também é muito boa, com músicas orquestradas e com temática bem antiga. Não, nada de dubstep ou Seven Nation Army na trilha sonora, isso ficou só no trailer de anúncio do game, e ainda bem que ficou lá. Cada cenário possui uma música que combina com suas localidades. E sempre que você ouvir uma música mais intensa, é porque algo está acontecendo, seja um inimigo na campanha desconfiado de sua presença, ou quando uma partida online está se aproximando de seu fim.
E o game possui textos e dublagens inteiramente em português brasileiro! As dublagens do game possuem altos e baixos. Na campanha, todos os personagens, exceto NPCs nas batalhas e personagens inimigos são dublados, mas alguns deles possuem uma dublagem estranha, com vozes que não se encaixam bem com os personagens, ou sem muita emoção sendo transmitida, sendo que emoção é o principal de todos os personagens aqui, pois todos estão em situações realmente extremas.
Conclusão
Battlefield 1 é um estupendo retorno ao passado dos jogos de tiro e mais uma excelente experiência multiplayer para todos. Não é aquele tipo de jogo onde novatos só servem de esponja de balas, porém não é um jogo que te leva pela mão por seus tiroteios. É um game justo, que dá as boas-vindas a novos jogadores e entrega cada vez mais desafio para os calejados em FPS.
A campanha do game é carregada de emoção e com uma boa duração, além de conter várias missões únicas, com diferentes abordagem e cargas emocionais. Porém deixa aquela sensação de que, apesar de ser boa, dava pra ser sido ainda melhor, com mais exploração dos personagens e seus conflitos. E até mesmo uma maior duração pra ficar perfeito e agradar muito mais os jogadores que curtem um FPS com um enredo forte.
Battlefield 1 ainda não mostrou tudo o que tem. Ainda há uma última coisa a ser lançada, os Jogos Personalizados Oficiais, partidas multiplayer que elevam o desafio ao topo, como partidas em arenas em neblina forte, sem minimapa nem identificação de jogadores, ou partidas que só permitem tipos específicos de armas e classes. Ficaremos no aguardo para essa novidade, que promete ser muito divertida.
E por fim, Battlefield 1 fez juz a seu hype. O game é gigantesco e altamente viciante. Os combates do modo multiplayer são intensos, e recompensam os jogadores por todas as sua ações, até mesmo as tentativas. Um game amigável tanto para “noobs” e veteranos de maneira igual. Definitivamente, Battlefield 1 provou para toda a indústria de vídeo games que o passado ainda é totalmente atrativo aos jogadores, deixando um recado bem explícito para seu principal concorrente, te cuida Call of Duty!
Battlefield 1 está sendo lançado oficialmente hoje, dia 21 de outubro para PC, PS4 e Xbox One!