Análise Arkade – Bright Memory para Xbox Series X|S
Em 2014, os consoles da época receberam Metal Gear Solid V: Ground Zeroes. O game, embora relativamente curto, apresentava uma continuação para a história de Big Boss, e apresentava aos fãs o que esperar em Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, o game que daria sequência aos acontecimentos, e aí sim, ofereceria tudo o que a Fox Engine poderia oferecer.
Este exemplo é muito útil para entendermos Bright Memory, que, embora seja um projeto totalmente diferente, conta com algumas particularidades. O game foi feito por apenas uma pessoa: o chinês Xiancheng Zeng. Ele fez tudo sozinho, e, como tal, não contava com tantos recursos para desenvolver seu game. Fez financiamento coletivo, para dar vida ao primeiro episódio e o sucesso da campanha foi o suficiente para o game existir, e o projeto expandir.
Assim, a primeira parte de Bright Memory já está disponível para PC, e chegou como um dos primeiros games para Xbox Series X|S, e a versão mais completa, nos mesmos moldes que Hideo Kojima havia pensado para seu Metal Gear Solid V há quase dez anos atrás, chegará em algum momento de 2021 para os novos consoles da Microsoft.
Um “hack-and-slash souls-like FPS”
Ao jogar Bright Memory, muitas pessoas poderão ser, de certa forma, “enganadas”. Mas essa “enganação”, em aspas mesmo, não significa algo negativo. Muito pelo contrário. O jogador mais desavisado poderá encontrar boas surpresas no game. O seu estilo e mecânica principal é FPS, mas o game é muito mais do que isso. A ação, por exemplo, é pontual, contra grupos de inimigos, no melhor estilo Devil May Cry e God of War.
Em determinados pontos do game, conforme avança, aparecem ameaças em um espaço fechado, que exigirá muito de sua atenção e dedicação. Os combates, pelo menos nesta “parte 1” do game, não são exatamente difíceis, mas com certeza, exigem certa dedicação para passar pelos inimigos, que são bem agressivos e vão para cima de você sem dó. Ao seu favor, há vários upgrades que podem somar no seu portfólio de ataques.
Além da arma, você também possui uma lâmina de corte, ou ainda poderes especiais, como o ato de levantar para o ar seus inimigos, para ganhar tempo e fugir, caso precise recuperar energia, ou atirar neles. Além disso, você também pode desviar dos ataques. O portfólio, apenas nesta parte, já é muito bom, mas há potencial para muito mais recursos.
Mas, apesar disso, é preciso lembrar que o game é extremamente curto. Terminei minha campanha em menos de 40 minutos de jogatina. Entretanto, para trazer um pouco mais de vida ao jogo, há New Game+, e até um New Game+3 que mantém os poderes adquiridos, mas serve mais como forma de explorar mais o jogo em si, ou para obter todas as conquistas disponíveis.
Desempenho de nova geração
O game, também, serve para mostrar como os novos consoles da Microsoft estão. Ambos os sistemas rodam o game a 60 FPS, com o Xbox Series X rodando a 4K e o Series S, a 1440p. Além do visual competente, o seu desempenho é suave, não contando com quedas de frames, e loadings extremamente rápidos, cortesia dos novos SSDs.
Sua ambientação, apesar de estarmos apenas com uma versão mais limitada do game, já é muito boa, com áreas abertas, cavernas, ou até locais futuristas, como a que conhecemos no começo do game. Que inclusive, mostra um pouco da história, que ainda é vaga, do jogo. Só se sabe que você, jogando como Sheila, uma exploradora e cientista, está em busca da Alma de Jiu Xuan, um elemento que pode ressuscitar mortos, e que conta, no melhor estilo Tomb Raider, com antagonistas que perseguem o mesmo artefato.
Um conselho: tudo o que diz respeito a enredo neste game é muito vago e aberto. Sugiro não dar muita atenção para isso agora, embora é possível sim ver muito potencial em seu enredo, que será melhor explorado na versão completa do game.
Não é o game definitivo para conhecer, hoje, o poder real do Xbox Series X, mas é sim um game caprichado, bem feito e que serve como amostra de quão longe o novo sistema da Microsoft pode chegar. O game é, de fato, muito corajoso. Quem joga entendendo todo o seu contexto, consegue valorizar todo o excelente trabalho de Xiancheng Zeng, e criar boas expectativas para o que Bright Memory Infinite poderá oferecer, no próximo ano.
Bright Memory já está disponível para PC, iOS e Android. E foi lançado junto com o Xbox Series X|S, na última semana. A versão testada foi jogada em um Xbox Series S.