Análise Arkade: o novo jogo da Carmen Sandiego é charmoso, educativo… e repetitivo

16 de março de 2025
Análise Arkade: o novo jogo da Carmen Sandiego é charmoso, educativo... e repetitivo

Carmen Sandiego está de volta ao mundo dos games, viajando pelo mundo para impedir (?!) que roubos mirabolantes sejam cometidos!

Intitulado apenas Carmen Sandiego, o novo jogo meio que pega uma carona no revival que a série da Netflix deu à carreira da personagem. Não por acaso, o game foi lançado também para dispositivos mobile, estando disponível “de graça” no catálogo de mobile games da Netflix.

De caça à caçadora

A principal novidade é que, desta vez, a super ladra é a protagonista. Pois é, desta vez não vamos perseguir Carmen Sandiego pelo mundo, ela é quem persegue a organização criminosa V.I.L.E., que resolveram roubar meios de transporte excêntricos pelos quatro cantos do mundo.

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Carmen Sandiego em Singapura

Como desta vez está do lado certo da lei, Carmen tem à sua disposição o suporte da A.C.M.E. (não aquela do Coiote), que vai lhe fornecer agentes de campo auxiliares e todo tipo de traquitana tecnológica que ela precisar em suas investigações, enquanto viaja por diversos lugares na cola dos principais ladrões da V.I.L.E.

Para honrar as origens da protagonista, temos também os “Arquivos da A.CM.E.“. Com visual retrô, estas missões revisitam o passado da personagem — época em que ela era a caça, não a caçadora.

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As missões retrô são essenciais para subir de nível e poder seguir com a campanha

A estrutura dessas missões é meio que a mesma, com a diferença de que não estamos controlando Carmen Sandiego, mas tentando prendê-la. No fim das contas, é um bônus que ganha pontos pela nostalgia, mas a estética em pixel art acaba sendo a maior diferença, em comparação às missões principais da campanha.

Investigação e dedução

Vendo apenas imagens promocionais, fica difícil de identificar que tipo de jogo é Carmen Sandiego. Mas, se você espera um game de investigação com gameplay denso, perseguições épicas e muita ação, é melhor ir tirando seu cavalinho da chuva.

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Digo isso porque, até por estar presente também em plataformas mobile, a jogabilidade de Carmen Sandiego é uma mistura de investigação com resolução de enigmas extremamente simplificada. O jogo exige um mínimo de atenção e capacidade de dedução por parte do jogador, mas o ato de jogar em si é minimalista.

Cada missão tem um número específico de dias para ser concluída, e a passagem de tempo não ignora o translado entre países e continentes diferentes. Ao visitar a “cena do crime”, Carmen pode conseguir pistas entrevistando testemunhas, buscando evidências, hackeando dispositivos ou mesmo perseguindo capangas da V.I.L.E.

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Buscando pistas

Em todos esses casos, a jogabilidade é mínima, e se resume a navegar por menus, buscar pontos de interesse, ligar circuitos, se esconder (automaticamente) para não ser flagrada ou disparar seu gancho no timing certo. Todas essas atividades são simples, uma vez que precisam funcionar também em telas touchscreen.

Conforme coletamos pistas, vamos formando um retrato falado do culpado, eliminando outros potenciais suspeitos. Desde cor do cabelo até algum tipo de fobia ou o fato de ser destro ou canhoto, todas essas características nos ajudam a filtrar a lista de suspeitos até descobrirmos o real culpado. Então, teremos que emitir um mandado de prisão para só então prosseguir para a captura (quase sempre feita por outros agentes, nosso papel é basicamente assistir a uma cutscene).

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Além disso, em determinadas fases, precisamos tomar decisões rápidas e estratégicas — tipo perseguir um malfeitor ou deixar ele fugir apreender seu notebook.

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O que você escolhe?

Estas escolhas adicionam algum dinamismo ao jogo, mas também acabam se encaixando ao loop de gameplay um tanto formulaico.

Turismo investigativo

O lado viajante da personagem segue sendo um ponto forte do novo Carmen Sandiego. As missões vão nos levar para para diferentes cantos do globo, desde cartões postais manjados até vilarejos e cidades não muito conhecidas.

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O que determina os locais pelos quais passaremos são justamente as pistas que coletamos. Os malfeitores da V.I.L.E. estão sempre viajando, e é nosso dever não perder o rastro deles. Lembre-se que o tempo em viagem é deduzido do tempo total de cada missão, então viajar para o local errado pode lhe custar preciosas horas para solucionar um caso.

Felizmente, o jogo dá pistas boas o suficiente para ninguém ficar perdido. As dicas que recebemos enquanto investigamos são tipo “o suspeito viajou para um país cuja bandeira tem listras”, ou “sua passagem era para um aeroporto que tem a letra G”, ou mesmo “o suspeito está indo para um país que fica no continente africano”.

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Estudando português e levando um montante em Reais… onde pode ser? 🤔

Obviamente, não temos todas as opções do mundo real, mas um punhado de lugares que foram mapeados para o game, de modo que o processo de eliminação se torna menos complexo.

Conforme visitamos e exploramos cada lugar, formamos um dossiê que compila essas informações (e muitas outras, tipo idioma, moeda, tipo de governo, principal aeroporto, etc., o que ajuda em futuras viagens e corresponde ao lado educativo do game.

Audiovisual

Carmen Sandiego é um jogo de visual simples, mas que tem seu charme. Os ambientes são criados com atenção a detalhes, e ainda que haja um excesso de agentes, NPCs e capangas genéricos iguais, o visual de Carmen, seus aliados e os principais figurões da V.I.L.E. é bastante único.

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A recriação de locais famosos e pontos turísticos, mesmo dentro da estética do jogo, é competente, e cada cenário é acompanhado por uma trilha sonora típica que complementa a imersão. Talvez haja quem diga que isso pode soar meio estereotipado, mas não se pode negar que contribui com a ambientação.

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Há poucos diálogos falados no jogo, mas diversos personagens possuem interjeições para transmitir raiva, surpresa, alegria, etc. Felizmente, toda a interface do jogo, bem como as legendas dos diálogos, foram muito bem localizados para o nossos português brasileiro.

Conclusão

Carmen Sandiego é uma boa renovação de uma franquia clássica, que tenta atender às expectativas de um público moderno (focado em mobile) sem abrir mão das raízes que construíram o legado da personagem: ainda é um aulão de Geografia que testa as capacidades de dedução do jogador.

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Que tal um passeio pela Favela da Rocinha?

Eu gostaria muito de ver a personagem estrelando um projeto mais ousado, mais robusto com mais orçamento… mas, não é o que temos aqui — e talvez nunca tenhamos algo assim. Este Carmen Sandiego é, principalmente, um jogo mobile que foi levado para outras plataformas.

Isso não faz dele um jogo ruim, mas limita bastante seu escopo em termos de mecânicas. E o fato dele se manter em uma estrutura um tanto formulaica ao longo de toda sua duração acaba tornando a experiência um pouco cansativa. É o tipo de jogo para se jogar aos poucos, uma missão de cada vez. De outro modo, a repetição torna-se escancarada (e chata).

Carmen Sandiego está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, XBox Series X|S, Nintendo Switch, iOS e Android. Assinantes Netflix podem baixar e jogar a versão mobile do gamer sem custo adicional.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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