Análise Arkade: Diluvion é um jogo de exploração submarina que poderia ter sido criado pelo Zack Snyder
Desenvolvido pela Arachnid Games e distribuído pela Gambitious, Diluvion será lançado agora no dia 2 de fevereiro. É um jogo que traz uma ideia útil, afinal trata-se de um explorador de submarinos, um gênero muito rico e que pode trazer muitas possibilidades, mas que infelizmente (ainda) não faz parte das propostas de muitas das empresas grandes.
A história do jogo é bem conceitual e lembra um pouco The Legend of Zelda: A civilização vivia estável e próspera, mas as pessoas más acabaram causando sua ruína. Uma nova civilização submersa surgiu e um Deus criou um artefato misterioso que dizem poder mudar o mundo, e o escondeu num local chamado Endless Corridor, sendo o objetivo do jogador chegar até lá e descobrir esse tesouro.
Visual cinematográfico
Como em todo o filme do diretor Zack Snyder, a maior preocupação é com a parte visual, e em Diluvion de fato o ponto com mais destaque são os gráficos. Enquanto o jogador está explorando o fundo do mar, acontece uma mistura entre a aparência comum dos jogos da Unity com um cel shading bem trabalhado. O jogo não precisa pedir uma configuração alta, tudo roda muito bem e a proposta de exploração do fundo do mar com batalhas entre submarinos é passada perfeitamente pelo estilo artístico.
Quando o jogo vai para a parte interior de algum local visitado (bar ou porto onde o submarino está atracado), os gráficos são exibidos em cartoon num estilo artístico muito parecido com o da série Borderlands. Há também algumas cutscenes que remetem aos jogos da série Metal Gear Solid lançados para PSP, porém coloridas.
No entanto, há alguns pequenos problemas: Quando o sonar dos submarinos alcançam outros, eles são cobertos por uma cor monocromática que desestabiliza um pouco o estilo, há alguns bugs também nas batalhas e o visual dos NPCS e dos submarinos é extremamente repetitivo. Não há muitos submarinos diferentes no jogo inteiro, e os npcs utilizam os mesmos modelos que o jogador pode acessar.
Audiovisual
A trilha sonora em geral só é memorável porque é repetitiva, o jogador passa praticamente o tempo todo explorando o fundo do mar, então acrescentar mais alguns temas de mundo teria sido ótimo. Mas a música consegue ambientar muito bem, ela mostra que Diluvion é um jogo de piratas e submarinos e não qualquer outra coisa. Os sons de efeitos também são bons, principalmente as explosões e as batidas.
Já as vozes dos NPCs incomodam um pouco, pois além de repetitivas (apenas os seus aliados tem vozes únicas), elas também tem um eco bem alto, independente do personagem em questão estar num lugar onde faz sentido ou não ter esse eco. Um ponto positivo a acrescentar também é que em alguns momentos a música lembra as composições da série Senhor dos Anéis pelo estilo semelhante.
Jogabilidade
O gameplay é um tanto quanto complicado, com alguns erros conceituais que poderiam ser consertados. Ao iniciar, pode se escolher entre três submarinos: O Glaciem, que é o mais rápido. O Iron Mimnow, que tem mais espaço para carga. E o Mariana, que é melhor nos combates. Ao todo se tem acesso a nove submarinos, a medida em que se progride no jogo.
Aprender a controlar o submarino requer certa prática, existem seis velocidades diferentes que vão de aceleração completa até ré, além da overdrive, em que o submarino navega mais rápido ao custo de não poder usar a velocidade completa por um curto período de tempo.
Se transita entre essas velocidades com o botão W para aumentar e S para diminuir. Para aumentar e diminuir a profundidade do submarino, utiliza-se as teclas Q e E, respectivamente . É um sistema que podia ser mais simples, pois é normal confundir os botões ainda depois do início do jogo.
Diluvion acerta ao brincar com alguns limites, por exemplo, a capacidade de submergir é pouca, então o jogo faz o jogador passar por trechos bem profundos onde é preciso estourar esse limite eventualmente. Se o submarino ficar tempo demais abaixo do limite, ele explode. A navegação pelo mapa confunde o jogador, não temos um marcador mostrando a localização do player, só se pode contar com uma bussola, que felizmente pode ser acessada sem interromper o jogo.
Para navegar, são necessários alguns itens: Comida, Sucata (que é usada como munição), Tanques de ar que podem ser recarregados ancorando em algum lugar (apesar de que alguns não tem essa função) e kits que reparam os danos do submarino. É preciso dizer também que os tripulantes ociosos concertam a embarcação lentamente, sem necessidade de ter os kits. Também se pode usar torpedos, que causam mais dano nos inimigos e tem um alcance muito maior. No entanto, eles não são baratos e é preciso lançá-los enquanto o sonar está ativo.
É possível comprar mais tanques de ar e armas mais fortes para que o tiro comum (que utiliza as sucatas), mas são bem caros e não fazem parte do mesmo sistema que aumenta a capacidade de submersão, por exemplo. Por falar em tiro, as batalhas também são repetitivas. O processo é sempre o mesmo: Atire o máximo de vezes que puder no submarino inimigo, dê meia volta antes de se afastarem, atira de novo, dá meia volta e assim sucessivamente, a estratégia não muda muito. Caso a luta se prove mais difícil do que o normal, o torpedo acaba sendo necessário, mas é aquele mesmo sentimento de economizar.
Em alguns casos se pode contratar os marinheiros inimigos depois que eles são derrotados, e eles geralmente são melhores dos que você acha nas locais pacíficos, porém são bem mais caros. É possível saquear também os submarinos abatidos, assim como câmaras cheias de espólios que são encontradas no fundo do oceano, são tantas que as vezes a exploração fica repetitiva.
Outro problema é o sistema de save, o jogador não pode exatamente salvar quando quer. Alguns pontos de referência tem um cardume grande de peixes azuis circulando, e ao encostar nele, o jogo salva, o que é simplesmente péssimo. São muitas as vezes que o jogador deve “experimentar” voltar a algum lugar tentando achar um item, e ser obrigado a salvar sobrescrevendo o progresso atual pode ser uma enorme perda de tempo.
O que torna necessário comentar as tarefas, que são simplesmente esquisitas, pois o jogador precisa procurar lugares sem necessidade. Por exemplo, uma das primeiras missões é encontrar vários itens para um engenheiro chamado Hassley fazer melhorias no submarino, o que acontece é que seus aliados sabem onde estão esses itens, mas NÃO FALAM PRA VOCÊ, aliás, você não pode nem perguntar. É um desafio do jogo que certamente não precisava existir.
Conclusão
Diluvion acaba caindo na mesma armadilha de grande parte das produções de hoje: Focam muito no visual, se esquecendo do conteúdo. Por mais que a ambição tenha sido trabalhar a exploração, que é onde realmente o jogo tinha — com o perdão do trocadilho — um oceano gigantesco de possibilidades, foi justamente aí que ocorreram os maiores problemas, destacando-se muito mais na questão gráfica. As vezes menos é mais, e uma boa sugestão para o pessoal Arachnid seguir é de focar mais na parte visual.
Diluvion está disponível para PCs e Macs via Steam.