Análise Arkade: Disc Room tem segredos, desafio hardcode e serras assassinas

22 de outubro de 2020
Análise Arkade: Disc Room tem segredos, desafio hardcode e serras assassinas

Disc Room é um título bem apropriado para o jogo a que dá nome. Porém, os “discos” aqui não são de música: são serras circulares afiadíssimas. E é a sua missão tentar não ser fatiado por elas.

Disc Room, o novo jogo da Devolver Digital, é um ode à simplicidade. Ele tem uma história envolvendo um disco imenso que apareceu na órbita de Júpiter, mas ela não é muito importante aqui. Este é um jogo que se sustenta por suas mecânicas, por seu loop de gameplay.

Análise Arkade: Disc Room tem segredos, desafio hardcode e serras assassinas

O que você precisa saber é: em Disc Room, você controla um pequeno cientista/astronauta que vai se aventurar por uma sucessão de quartos quadrados cheios de serras circulares mortais. É um jogo de “tentativa e erro” clássico, frenético e sem frescura: simplesmente sobreviva o máximo que puder, morra, repita o processo.

Objetivos insanos

A fórmula básica do jogo é essa, mas ele vai além do básico de formas bem inusitadas. Cada quarto tem portas que levam para cômodos adjacentes. E como acessá-los — e progredir com o jogo –faz parte da brincadeira.

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Inferno das serras

Em alguns casos, basta você sobreviver por x segundos para ganhar acesso ao próximo quarto. Mas há quartos que demandam objetivos maiores, e nem todos eles envolvem “sobreviver”. Por exemplo: algumas portas só irão se abrir depois que você for morto por x tipos de serras diferentes. Outras, você precisa derrotar x chefões para abrir.

Chefões? Tipos de serras? Pois é. O jogo tem tudo isso, e muito mais. As batalhas contra chefes são especialmente desafiadoras, e funcionam em um esquema meio Pac-Man: colete as bolinhas que surgem aleatoriamente pela tela para causar dano neles. Claro que você deve fazer isso enquanto foge do chefe, de bocas abrindo do chão, e outros perigos.

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Isso é um chefão

Há diferentes “ambientes” que você vai liberando enquanto avança, e eles vão ficando mais e mais desafiadores. Há cômodos em que o cronômetro só anda se você ficar dentro de uma área específica, outros totalmente escuros, com apenas um facho de luz acompanhando seus movimentos (boa sorte nesses), e por aí vai. E, claro, há dezenas de tipos de serras diferentes, cada uma com um tipo de comportamento específico. Você vai passar a conhecê-las… e odiá-las.

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Esse tipo de fase vai te fazer chorar sangue

Para se virar em meio a esse caos de serras e lâminas, você desbloqueia alguns upgrades. Porém, você só pode equipar um de cada vez — o jogo definitivamente não dá moleza –, mas nem todos são realmente úteis. Há um dash que atravessa discos pequenos (útil) e outro que desacelera o tempo ao seu redor (útil)… mas também tem um que cria um clone seu, que copia os seus movimentos (não vi muita utilidade nesse).

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Absorver um disco também não é lá muito útil

Disc Room é mais misterioso do que parece em um primeira olhada. Certos objetivos que ele te dá parecem impossíveis (como morrer em menos de 0 segundos?!), e sem dar muitas pistas, o jogo simplesmente espera que você queira desvendar esses mistérios. Talvez você não queira, e só esteja interessado no desafio imediato. Ele até pode ser jogado assim, mas talvez você fique travado lá na frente, sem saber como decifrar algum de seus enigmas.

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Esta sala é um mistério…

Para mencionar apenas um caso, tem uma maldita sala dourada que até agora eu não entendi como funciona. Você entra ali e… nada acontece. Há uma serra no meio da sala, um cronômetro que nunca começa… e mais nada. Tem algum segredo ali, algo que eu não faço ideia do que é. Estou no aguardo de ver se alguém consegue desvendá-la no Youtube, pois estou realmente curiosos para entender qual é o segredo.

Tente. Morra. Repita.

Eu não consegui terminar Disc Room a tempo de soltar esse texto, mas avancei bastante nele. Porém, cheguei a um ponto em que eu estava mais passando raiva do que me divertindo, então preferi deixar ele de lado um pouquinho. Mas qualquer hora eu volto, de cabeça fria, para tentar mais um pouco e — quem sabe — desempacar. Ou talvez eu só passe mais raiva, sei lá.

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Aqui seu objetivo é “apagar” todos os quadrados brancos do piso

Esse jogo tem dessas coisas: embora seja possível deixar o placar dos desenvolvedores na tela para “motivá-lo”, na prática é você contra você mesmo. Quando você precisa sobreviver por 20 segundos, e chega aos 19,3, pensa “na próxima eu consigo”, e se joga em uma nova tentativa.

O visual é simples, a trilha sonora idem. O gameplay é fluido e ágil, e isso sempre te deixa com a impressão de que, quando você falha, a culpa é sua, não do jogo. E você quer melhorar, claro. Aí sempre emenda a partida atual em uma próxima, e mais uma, e outra, e assim vai.

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A morte nunca demora a chegar

Disc Room é um jogo bem difícil, mas também é muito rápido e viciante. Não há uma punição real além de começar um quarto de novo, e como não há tela de loading, nem nada do tipo, o loop de gameplay é praticamente instantâneo, o que gera aquele efeito “só mais uma” e quando você se dá conta, passou mais de 40 minutos jogando.

Se este mix de desafio e repetição te agradam — ou você é simplesmente adepto de jogos com dificuldade insana, estilo Super Meat Boy e Celeste Disc Room vai te agradar. Mas cuidado, pois ele também pode te irritar… ou consumir muito do seu tempo, enquanto você tenta decifrar seus segredos (entre uma morte e outra).

Disc Room está sendo lançado hoje para PC (versão analisada) e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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