Análise Arkade: Dishonored: Death of the Outsider é um jogo cheio de possibilidades
Hora de retornarmos à incrível (e sórdida) Karnaca para o acerto de contas final: Dishonored: Death of the Outsider é meio expansão, meio jogo novo e mantém a qualidade da franquia, confira nossa análise!
Mais que um “simples” DLC
Dishonored: Death of the Outsider chega de forma semelhante ao ótimo Uncharted: The Lost Legacy: o que temos aqui é um jogo que nasceu como um DLC para Dishonored 2, mas acabou aumentando tanto que acabou virando uma aventura à parte. Ele se passa no mesmo cenário do segundo game, mas mesmo quem não tem o jogo pode comprar e jogar Death of the Outsider numa boa; ele é um conteúdo à parte, que chega com um precinho bem mais em conta que um lançamento tradicional.
Se na segunda aventura canônica da série tivemos Emily Kaldwin e Corvo como protagonistas, quem brilha agora é Billie Lurk, jovem assassina que foi treinada por ninguém menos que Daud (o verdadeiro assassino da rainha Jessamine Kaldwin, crime pelo qual Corvo foi acusado e preso, lembra?).
Billie vai à Karnaca para tentar encontrar seu mestre desaparecido, mas ao chegar lá, começa a ter pesadelos estranhos, e depara-se com uma sinistra seita de seguidores do Outsider (figura famosa da série) que está aterrorizando a cidade. Como a seita, o Outsider e o desaparecimento de Daud parecem estar relacionados, sua missão logo fica claro: eliminar o Outsider, descobrir o paradeiro de Daud e restabelecer a paz às ruas de Karnaca.
Jogue como quiser
Ainda que seja um jogo de escopo um tanto menor que os episódios principais da saga Dishonored, Death of the Outsider mantém firme e forte a principal característica da franquia: a liberdade que o jogador possui de fazer as coisas como quiser. Você decide como quer superar os desafios do game, e o engenhoso game design oferece múltiplas opções de abordagem para todos as situações propostas.
Death of the Outsider é uma aventura mais curta, linear e direto ao ponto, mas isso não significa que ela traz menos liberdade: o primoroso level design continua entregando áreas muito variadas, que possibilitam diferentes abordagens de acordo com o estilo de gameplay de cada jogador.
Como de praxe, é possível zerar o jogo sem matar ninguém — usando um mix de distrações com stealth e armas/golpes não letais –, mas se você quiser transformar sua jornada em um banho de sangue, terá poderes e ferramentas de sobra para fazer isso. Não há mais o “medidor de Caos”, de modo que um assassinato acidental não é tão penalizador quanto era antes. Isso também significa que agora você pode cumprir Contratos do tipo “mate todos os guardas” sem que isso afete o seu status purista de não matador da campanha em si.
Eu optei por usar um mix de stealh não letal + assassinato de vez em quando — é difícil resistir quando as mortes são tão graficamente explícitas e sangrentas — e tive uma experiência incrível, mas você pode usar a abordagem que preferir, e terá sua própria jornada. Esta é a graça de Dishonored: cada um constrói a jornada que preferir, pois o jogo nos dá a liberdade e as ferramentas necessárias para isso.
Novas habilidades
Ainda que o jogo nos ofereça menos poderes do que os anteriores, todos são bem úteis, seja em combate ou para evitar confrontos diretos. Uma das novas habilidades de Billie é chamada Semblance, e permite ao jogador assumir o visual de um inimigo abatido — mais ou menos como as trocas de roupas em Hitman. Isso pode evitar muitos confrontos, mas fique ligado, pois se o corpo de quem você roubou o visual for encontrado, seu disfarce cai por terra e todos os guardas das redondezas estarão com “sangue no olho” para te encontrar.
A mobilidade em si também traz novidades: enquanto Corvo tinha seu famoso teleporte Blink, Billie traz uma variação dele chamada Displace; você coloca um “fantasma” seu onde estiver mirando e pode viajar para lá (mais ou menos como o Reaper de Overwatch) mesmo depois de realizar alguma outra ação. É um pequeno twist no gameplay que abre muitas novas possibilidades de exploração através de vigas de sustentação, dutos… ou simplesmente expande suas formas de matar:
Outra nova habilidade muito útil é a chamada Foresight, que literalmente congela o tempo por alguns segundos e permite que o jogador “voe” pelo cenário, marcando inimigos e pontos de interesse e mantendo-os destacados para permitir que você elabore uma estratégia adequada.
Tipo assim, ó:
E ainda temos habilidades passivas, que chegam na forma dos Amuletos de Ossos, que são verdadeiras facas de dois gumes: eles trazem algum benefício para Billie, mas também alguma consequência negativa. No geral, as habilidades de Billie lembram as de Corvo, mas são diferentes o bastante para trazer frescor ao gameplay.
E se você gosta MUITO das habilidades de Corvo, pode experimentar o New Game + diferenciado, que substitui os poderes de Billie pelas boas e velhas habilidades de Corvo. É um adendo interessante e que agrega um ótimo fator replay ao jogo, pois encarar as mesmas situações com outros tipos de poderes altera bastante a dinâmica do gameplay.
Audiovisual
Death of the Outsider mantém o visual estiloso que é marca registrada da série Dishonored: a cidade em si pode não ser nova, mas agora conheceremos novos lugares dela, que são tão belos quanto sombrios. Os personagens seguem a mesma pegada: são modelos realistas com traços exagerados — como caricaturas –, e possuem uma inteligência artificial bastante aguçada, que se mostra mais desafiadora de acordo com o nível de dificuldade.
As animações de assassinato são um show à parte, e é isso o que mais deve fazer falta na experiência de quem opta por seguir um caminho não letal: usando sua estilosa espada, Billie corta braços, pernas e pescoços com graça e agilidade. Conforme você se habitua aos poderes da personagem, cada combate se torna um balé acrobático e sangrento repleto de desmembramentos e decapitações.
No departamento sonoro, o game também mantém a qualidade que se espera da franquia: a trilha sonora é cinematográfica, mas só se faz presente quando é necessária. No restante do tempo, ouvimos o que merece ser ouvido — os passos e conversas dos guardas (que podem revelar coisas bem interessantes) — o vento e os arredores de Billie.
As dublagens em português brasileiro estão muito boas, mas no inglês quem encabeça o elenco é a atriz Rosario Dawson (que você deve conhecer como a enfermeira de todas as séries da Marvel na Netflix). Este é um daqueles jogos que merece ser jogado com um bom par de fones de ouvido, pois não só aumenta sua imersão, como lhe permite “mapear” o ambiente usando o posicionamento do som como referência.
Conclusão
Ainda que tenha um tom de encerramento para o arco narrativo iniciado no primeiro game, Dishonored: Death of the Outsider não é Dishonored 3: o que temos aqui é uma experiência menor, mais direta e mais focada, mas que mantém intactas as principais qualidades da franquia, especialmente a liberdade que é concedida ao jogador.
Tudo é relativamente familiar para os fãs, mas os novos poderes e habilidades de Billie expandem o leque de possibilidades do jogador, e as novidades desta versão mais enxuta permitem que você “improvise” mais, se quiser, e improvisar é uma das melhores coisas para se fazer aqui.
Tal qual Uncharted: The Lost Legacy, este é um game que merece estar na coleção de quem é fã da saga, pois traz consigo o selo de qualidade desta que é uma das melhores IPs que surgiram nos últimos anos.
Dishonored: Death of the Outsider foi lançado em 15 de setembro, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. O game está 100% em português brasileiro (dublagens, menus e legendas).