Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

14 de julho de 2018

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

A molecada de hoje talvez nem saiba, mas houve um tempo — muito antes do Netflix e do Blu-Ray — em que assistíamos nossos filmes em fitas VHS, que rodavam em um bom e velho videocassete. Essa época serve de inspiração para Epic Loon, joguinho que esbanja carisma e tem uma trilha sonora de primeira!

Aliens analógicos

Epic Loon se passa na casa de um sujeito chamado Joey. Ele tem uma vasta coleção de fitas VHS, e se orgulha de ser um cinéfilo nato, que faz anotações e até decora as falas de seus filmes favoritos.

Quando o cabeçote de seu aparelho de videocassete suja, ele vai até uma lojinha suspeita e arruma uma fita que supostamente faria uma limpeza no aparelho… mas na verdade a tal fita libera um bando de pequenas gosminhas alienígenas capazes de arruinar o VCR e seus preciosos filmes!

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Eu não colocaria uma fita VHS dessas no meu VCR!

Qual é a brilhante ideia que ele tem para se livrar dos monstrinhos? Rodar alguns clássicos do cinema de monstros e terror! Na cabeça dele, os pequenos aliens não serão capazes de sobreviver aos horrores dos filmes!

No papel dos monstrinhos, os jogadores — Epic Loon pode ser jogador em até 4 players — deverão provar que o humano está errado, explorando cenas inspiradas em filmes como Godzilla, Alien e Jurassic Park e saindo vivos de cada uma delas!

Dá para jogar com uma mão só!

Confesso que não sei definir o “gênero” de Epic Loon. Ele traz aquele gameplay conhecido como “physics-based”, ou seja, questões de física como impulso e momentum são fundamentais para quem quer superar os desafios do game.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Na prática, cada tela traz um portal, e nosso objetivo é alcançá-lo para que possamos seguir adiante. Um simples “ir do ponto A ao ponto B”, sem mistério. Complica um pouco o fato dos aliens não serem lá muito móveis, de modo que a melhor maneira de se mover é catapultando-se de um lado para outro.

A mecânica é tão simples, que dá para jogar com uma mão só — e deixar uma mão livre para segurar a cerveja, algo que o próprio jogo sugere que a gente faça. Ao pressionarmos um gatilho, a gosminha assume a forma de uma catapulta, e fica balançando para lá e para cá.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Entramos pela orelha esquerda, e devemos sair pela direita

Não temos controle sobre esse movimento pendular, então, quando achar que ela está direcionada mais ou menos para o lado que você quer ir, pressione o outro gatilho e a criaturinha será catapultada. Na forma de catapulta, ela pode aderir a pisos, paredes e tetos, enquanto na forma “normal”, ela só consegue pousar em superfícies horizontais.

Assim, vá se catapultando até chegar ao objetivo, tomando cuidado para não encostar em coisas vermelhas, pois elas destroem sua gosminha com um toque, e mesmo que você morra na beirada do portal, reaparece no início da tela/fase.

Confira um pouco de gameplay abaixo — de uma fase inspirada em Aliens — para entender mais ou menos como o jogo funciona:

O desafio está justamente em levar nossa gosminha até o portal sem que ela caia para fora da tela ou encoste nos objetos vermelhos. Os perigos de cada fase são temáticos, indo de presas de monstros e letreiros em curto-circuito até feixes de laser, lanças, cabos descascados e ovos de dinossauros!

Não há realmente uma contagem de vidas, mas caso um outro jogador (ou outra gosminha controlada pela IA) passe pelo portal antes de você, é ligado fast forward e o filme passa a rodar acelerado, dificultando nossa vida e diminuindo nosso tempo para cumprir o objetivo.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Não encoste nos dentes do Godzilla!

O gameplay em si limita-se a isso, cabendo ao level design a missão de trazer alguma variedade. E, ainda que não escape de parecer repetitivo ao longo do tempo, no geral o game faz um bom trabalho, conseguindo ser bem desafiador sem frustrar o jogador na maior parte do tempo. Em caso de morte, o reinício é imediato, o que agiliza bastante as coisas (afinal, morre-se muito por aqui).

Acho que a principal mancada do game é seu sistema de auto-save: ele só salva seu progresso entre um Ato e outro, e como cada Ato compreende mais de meia dúzia de desafios, você corre o risco de perder vários minutos de jogo se precisar parar de jogar na metade. Salvar depois de cada vez que passamos por um portal seria bem mais inteligente.

Audiovisual de primeira

Se tem uma coisa que Epic Loon faz muito bem é transportar o jogador de volta para a época do VHS. De sua épica introdução em FMV (propositalmente tosca) aos menus, passando é claro pelo gameplay, o que temos aqui é uma verdadeira declaração de amor aos filmes (e à maneira como os assistíamos) de antigamente.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Os anos 90 estão de volta… com uma pitada de zoeira

Ainda que seja um tanto monocromática, a estética abraça o tema nostálgico, com todos os chuviscos e interferências dignos de um videocassete zoado. E, claro, temos fases temáticas cheias de easter eggs e referências aos filmes homenageados. Claro que nada ali é oficial/licenciado, mas a essência dos filmes está ali, tanto em logotipos quanto em cenários, obstáculos e tudo mais.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Reconhece este Xenomorfo?

O game traz até algumas boas sacadas de character design, por exemplo: cada alienzinho tem o número de olhos de acordo com o controle do jogador. Então, o player 1 controla um personagem com 1 olho, enquanto o 3º jogador assume o papel de uma criaturinha com 3 olhos. Uma maneira criativa e diferenciada de deixar claro quem é quem na tela.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

os 4 “heróis” do jogo podem ser levemente customizados

E o que falar da trilha sonora? Composta pela banda francesa Pryapisme, a OST desse jogo é simplesmente incrível! Uma pauleira que beira o thrash metal na maior parte do tempo, mas não tem pudores na hora de inserir tecladinhos estilo cabaré, sintetizadores, xilofones, elementos de dubstep, música eletrônica, viola flamenca e muito, muito mais!

Vou deixar só a música tema do game aí, para você sentir quão incrível é o trampo dos caras da banda Pryapisme:

Esse é aquele tipo de trilha sonora boa até para curtir no Spotify enquanto malha, corre, ou algo do tipo. Deixo aqui o link da playlist para quem quiser curtir essa sonzeira.

Conclusão

Epic Loon é um joguinho esquisito, mas que consegue ser bem divertido para se jogar com a galera. Suas referências (e sua trilha sonora) por si só são boas o bastante para valer o investimento, mas seu gameplay super simples torna-o atrativo também para não-gamers e crianças.

Análise Arkade: devore fitas VHS no estranho (e nostálgico) Epic Loon

Essa é aquela cena famosa das crianças presas no jipe de Jurassic Park, sabe?

Se por um lado o game não é realmente incrível, por outro ele presta homenagem a filmes e elementos que marcaram a vida de muita gente, e é interessante ver a maneira zoada e distorcida com que estas obras icônicas são homenageadas aqui.

Não é obrigatório ser cinéfilo para curtir o game, mas quem cresceu assistindo Alien e Jurassic Park em fitas VHS sem dúvida irá ter uma camada extra de conteúdo. Epic Loon pode não ser “épico” como o título sugere, mas traz uma boa dose de nostalgia e diversão descompromissada.

Epic Loon foi lançado ontem (13/07) para PC, Xbox One e Nintendo Switch. Posteriormente, o game deve chegar também ao Playstation 4. O game não recebeu localização ao nosso idioma, e chega com áudio e legendas em inglês.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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