Análise Arkade: forma.8 é um contemplativo Metroidvania espacial

18 de março de 2017

Análise Arkade: forma.8 é um contemplativo Metroidvania espacial

Forma.8 é um MetroidVania minimalista, atmosférico e bem desafiador. Confira o que achamos de mais este interessante indie game em nossa análise completa!

Uma história sem palavras

Tal qual Limbo, Inside e outros indie games de sucesso, a história de forma.8 é contada sem palavras, apenas através de imagens. Como tudo é mais um pano de fundo do que uma história propriamente dita, esta abordagem não desmerece o conjunto da obra, mantendo o tom minimalista que permeia toda a experiência.

Análise Arkade: forma.8 é um contemplativo Metroidvania espacial

A nave-mãe orbitando o planeta em que se passa o jogo.

Assumimos o controle de uma pequena navezinha esférica, que foi ejetada de uma enorme nave-mãe junto a várias outras. Sua missão supostamente seria explorar o mundo alienígena para o qual todos foram mandados… mas sua rota muda drasticamente durante a queda, de modo que sua navezinha vai parar em uma espécie de fortaleza, longe de suas “companheiras”. Seu objetivo então, é dar o fora dali.

Claro que há um pouco mais nas entrelinhas. Conforme explora o vasto complexo você vai assimilando coisas que invariavelmente ajudam-no a descobrir qual é a daquele planeta e dos seres que nele viviam. Novamente, nada vai ser esfregado na sua cara, tudo é apresentado com sutileza, cabendo ao jogador interpretar as pistas que recebe.

O ritmo lento da exploração

Ao contrário de outros jogos estilo MetroidVania, forma.8 não é um jogo focado em combate. Ele até tem um pouco disso, mas o que conta aqui é mais repelir os inimigos, não necessariamente atacá-los. Sua missão é mais explorar do que batalhar contra as curiosas criaturas alienígenas que povoam aquele ambiente.

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O gameplay em si é bastante simples: você usa o direcional analógico esquerdo para voar livremente, e conforme ganha habilidades, elas vão sendo mapeadas automaticamente nos botões do controle. Os poucos perks que sua nave coleta — de início uma pequena onda de choque e um minúsculo explosivo — serão invariavelmente utilizados para eliminar inimigos, mas servem principalmente para acionar mecanismos, abrir passagens e destruir obstáculos. Tenha em mente que, em forma.8, simplesmente evitar os inimigos costuma ser uma opção mais saudável.

Deste modo, o que sobra é basicamente a exploração, que é feita em um ritmo lento e um tanto confuso. Sua navezinha é livre para voar em qualquer direção, mas faz isso em uma velocidade bem devagar, e não há nenhum botão ou power up que melhore isso.

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Acredito que isso seja proposital para reforçar a sensação de impotência e abandono que o jogo prega, mas é fato que essa pegada meio lenta do jogo logo se torna um pouco entediante. Contribui o fato de o jogo nunca te dar nenhuma instrução concreta (não há textos, lembra?), ou seja, você simplesmente sai explorando e descobrindo as coisas por conta própria.

Confira nosso gameplay dos 11 minutos iniciais de forma.8 no PS4:

Considerando o excesso de tutoriais que existem nos games de hoje em dia, acho essa abordagem corajosa, mas ela também pode se tornar meio problemática de vez em quando. Por exemplo, quando encontrei o primeiro “chefe” do jogo, fiquei cerca de 10 minutos pensando no que deveria fazer… até descobrir — por acaso — que ao deixar um explosivo e em seguida usar a onda de choque estando próximo dele, a bomba é lançada para frente. É o tipo de coisa que parece óbvia depois que você descobre, mas que pode levar um bom tempo para ser descoberto.

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Apesar de “pacífico”, o game tem seus bosses.

Por ser um MetroidVania minimalista que só, prepare-se para muito backtracking, muitos caminhos obstruídos e portais pelos quais você só conseguirá passar depois que tiver o item ou a habilidade específica para abrir. O mapa do jogo é enorme, expansivo e totalmente interligado, com segredos e colecionáveis muito bem escondidos.

Audiovisual

Como já dito aí em cima, forma.8 adota uma estética bem minimalista, e ela engloba absolutamente todos os aspectos do game, tanto em gameplay e narrativa quanto em gráficos e som. Isso não quer dizer que o jogo é “simplório”, muito pelo contrário, o visual dele é muito interessante, e conta com efeitos de iluminação, partículas e sombras  realmente bacanas.

Análise Arkade: forma.8 é um contemplativo Metroidvania espacial

Uma das coisas mais bacanas no departamento visual deste jogo é a dimensão. Desde o começo fica claro que estamos controlando uma navezinha minúscula, mas o jogo potencializa esta escala quando afasta bastante a câmera, só para evidenciar o quão insignificante você é naquele ambiente. O efeito é realmente incrível, olha só:

Análise Arkade: forma.8 é um contemplativo Metroidvania espacial

O game conta com pouquíssimas músicas “de verdade” e é silencioso na maior parte do tempo. Para compensar esta quietude, ele é cheio de “barulhinhos” de lasers, mecanismos e portas abrindo que são bem legais, e ajudam a criar uma ambientação realmente envolvente. Esse é aquele tipo de jogo que entende que “as vezes menos é mais”, e nada do que está ali é por acaso, tudo contribui com a imersão.

Conclusão

Forma.8 é um MetroidVania diferenciado, que precisa ser apreciado no seu próprio timing para que a experiência realmente mostre a que veio. Jogando no PS4, até achei bom que ele seja crossbuy/play com o PS Vita, pois sua cadência se mostra mais apropriada para “jogadinhas” mais curtas, com o progresso sendo feito aos poucos. Se você jogar várias horas seguidas, é capaz de acabar se entediando.

Análise Arkade: forma.8 é um contemplativo Metroidvania espacial

É fácil recomendar forma.8 para qualquer fã de MetroidVania, mas é preciso encarar o game sabendo que ele tem uma vibe diferente, menos acelerada e mais contemplativa. É quase uma união de MetroidVania com walk simulator, e essa mistura funciona bem o bastante aqui, desde que você respeite o timing do jogo para apreciar a experiência.

forma.8 foi lançado em 23 de fevereiro, com versões para PC, Mac, Linux, PS4, PS Vita, Xbox One WiiU e iOS.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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