Análise Arkade: Fortnite é diversão (e repetição) para jogar com os amigos

23 de agosto de 2017

Análise Arkade: Fortnite é diversão (e repetição) para jogar com os amigos

Reúna seus amigos online e prepare-se para derrotar hordas de mortos-vivos em Fortnite, novo game dos criadores de Gears of War!

Antes de mais nada…

Aqui cabe um esclarecimento: Fortnite ainda não foi lançado oficialmente. Anunciado em 2011, o game está em fase closed beta, e só quem pode jogá-lo antecipadamente é quem adquirir um pacote chamado “Founders Pack“… ou quem é jornalista de games e conseguiu uma cópia do jogo para análise, o que é o nosso caso.

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É um formato curioso de distribuir um jogo que, supostamente, será lançado em formato free-to-play no ano que vem. Mais curioso ainda é o fato de que o game está muito polido, em todos os aspectos: seu visual está incrível, seu gameplay está redondo, e ele já conta com toneladas de conteúdo,  vários meses antes de seu lançamento oficial. Se haverá algum tipo de grande upgrade para o ano que vem ainda não sabemos, mas é fato que o que temos aqui é um acesso antecipado com a maior cara de jogo completo.

(Mais um) pós-apocalipse

Fortnite se passa em um futuro pós-apocalíptico onde boa parte da humanidade foi dizimada por uma catastrófica sequência de tempestades elétricas, transformando seres humanos em mortos-vivos — aqui chamados de Husks. Os sobreviventes vivem de forma meio nômade, buscando recursos e construindo fortes para se defender das hordas de zumbis.

Neste futuro distópico, assumimos o controle de um figurão conhecido como “O Comandante“, que capitaneia os sobreviventes em missões por busca de recursos enquanto tenta descobrir o que está acontecendo e como podemos tentar reverter a situação a nosso favor.

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Parece bastante coisa, mas a história em si é quase toda desenvolvida através de audiologs e diálogos, sem grandes cutscenes, nem nada muito elaborado. Apesar disso, o tom leve da história — cheio de piadas, referências e robôs engraçadinhos — é simpático, e contribui muito com o carisma do jogo.

Minecraft + Gears of War

Estes dois jogos resumem um bocado da experiência que tive ao longo as últimas semanas com Fortnite. O nicho dos jogos de crafting está em alta ultimamente, e a Epic Games misturou este elemento ao seu expertise em third person shooters para criar uma experiência que funciona bem… mas torna-se bem repetitiva com o tempo (já já falo mais sobre isso).

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Funciona assim: toda missão começa em um lugar “neutro” — tipo uma clareira, ou uma cidade — onde devemos usar nossa picareta para destruir coisas e juntar suprimentos. Carros, árvores, casas, placas… praticamente qualquer coisa pode ser destruída e convertida em matéria-prima a criação de itens, armas ou fortes.

Enquanto você e sua equipe fazem esse crafting, a robozinha que nos auxilia vai lhe dar informações sobre algo que precisa ser encontrado e protegido nos arredores. Ao encontrar o elemento em questão — que pode ser um laboratório, uma van, uma tranqueira tecnológica importante –, o time deve construir um forte ao redor desta coisa, para protegê-la das hordas de inimigos. É possível construir paredes, pisos, muretas, armadilhas… enfim, tudo para

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Forte erguido, o time então está pronto para iniciar o “Modo Horda“, que consiste basicamente em defender a estrutura dos Husks, que vêm com a tempestade prontos para botar pra quebrar. Aí o negócio é segurar a onda (literalmente) pelo tempo que for necessário para concluir a fase.

Confira abaixo meu gameplay de uma missão completa:

Como você deve ter percebido, este é um daqueles jogos pensados para jogar de galera. Eu estava jogando com pessoas aleatórias, então não havia comunicação nem coordenação de estratégias, mas pelo que vi todas as missões do jogo são estruturadas para 4 jogadores online.

Acumule. Construa. Defenda. Repita.

Conforme eu avançava por diversas missões de Fortnite, uma coisa ficava bem clara: ele tem alguns problemas de game design. Veja bem, seu gameplay é ótimo, seu sistema de crafting e construção é funcional (ainda que um tanto trabalhoso) e ele tem todas as árvores de habilidades e loot boxes que alguém poderia querer. A questão é que tudo isso está engessado em um jogo que não progride, e nos obriga a fazer missões praticamente idênticas de novo e de novo.

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Sabe a estrutura básica de crafting-encontrar elemento-construir forte-defender forte que eu detalhei ali em cima? Pois é, essa é a estrutura de praticamente todas as missões que joguei, e olha que eu joguei um bocado! É um problema semelhante ao de Destiny: um jogo divertido de jogar com os amigos, mas que se torna enfadonho conforme você vai jogando e percebendo que as missões são essencialmente iguais.

Claro que isso pode ser uma limitação do early access, mas tenho minhas dúvidas. Esse jogo já parece tão “pronto” em tantos aspectos que seria estranho se somente as missões ainda não estivessem bem azeitadas, saca? Felizmente, a repetitividade é um tópico constante de reclamação em fóruns e grupos de discussão sobre o game, então (supostamente) a Epic vai ter tempo para melhorar isso antes do lançamento final do game.

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Outra coisa que me incomoda um pouco em Fortnite é o quão burocrático ele é: cheio de menus e submenus, nada aqui é muito didático ou fácil; você precisa ter muita determinação para aprender a lidar com os menus. Considerando que o menu é meio que o hub entre uma missão e outra, seria bom se ele fosse um pouco mais amigável, dado o tanto de tempo que a gente passa nele.

Audiovisual

Este é o ponto que mais causa estranheza o fato deste jogo estar em early access: Fortnite já parece estar extremamente polido: seu visual estilizado — que lembra um bocado Overwatch — é muito bonito, e há dublagens cheias de personalidade desenvolvendo a história. Este não é aquele tipo de acesso antecipado onde só vemos bugs por todo canto e mal conseguimos jogar; Fortnite parece um jogo finalizado em termos de qualidade audiovisual e calibragem de gameplay.

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Além de estiloso, ele é um jogo que mantém forte sua identidade, até mesmo nos pequenos detalhes. As loot boxes, por exemplo, não são apenas caixas sem graça, mas simpáticas pinãtas falantes em forma de lhama! É possível até fazer cócega nelas antes de destruí-las para pegar os preciosos chips de itens que ficam em suas barrigas!

Em uma época onde muitos jogos prezam pelo fotorrealismo, me agrada muito ver jogos que vão pelo outro lado, apresentando algo mais cartunesco e estilizado. Isso torna Fortnite muito mais leve e simpático, distanciando-o do estigma de “mais um game de zumbi super violento” e colocando-o em um patamar que o torna acessível para gamers de todas as idades. Entre estilo e realismo, ultimamente eu ando preferindo a primeira opção.

Conclusão

Fortnite até é um jogo divertido, mas sua repetitividade logo se torna cansativa. É o tipo de jogo que você precisa ter um grupo de amigos para jogar online com você — afinal, tudo fica mais divertido com bate-papo e zoeira –, de outro modo (jogando com estranhos aleatórios) ele tende a ficar chato ainda mais rapidamente.

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Acho que não é justo dar um veredicto para um jogo que ainda nem foi lançado oficialmente, mas eu realmente espero que a Epic Games aproveite o tempo que ainda resta para o lançamento para mexer um pouco na estrutura do game. Ele sem dúvida já tem conteúdo pra caramba, mas precisa de mais variedade de missões para se manter interessante.

Talvez eu volte a falar sobre Fortnite quando ele for lançado oficialmente, em 2018 — boatos que ele será free-to-play, mas trará micro-transferências –, mas por enquanto eu vejo nele um jogo que é divertido nas primeiras horas, mas logo fica chato.

Fortnite foi lançado em formato Early Access em julho deste ano. Em 2018, ele deve ser lançado oficialmente para o público em geral.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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