Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

17 de outubro de 2024
Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Quando você ouve a frase “um jogo de videogame com Funkos“, o que exatamente você espera? Eu esperava muita coisa… menos um jogo de tiro em terceira pessoa genérico.

Funko Fusion, até onde eu sei, é a primeira empreitada dos cabeçudinhos no mundo dos games. E ele chega trazendo como “pano de fundo” algumas marcas licenciadas super relevantes, como Jurassic World, Invincible, De Volta Para o Futuro, Tubarão e He-Man.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Na minha cabeça, tendo o visual fofinho característico da marca e o potencial de explorar — de forma lúdica e criativa — os universos de tantas IPs amadas, este jogo poderia ser algo na linha do excelente Astro Bot, mas ainda mais “temático”.

Infelizmente, não é nada disso que a 10:10 Games entregou. Ao invés de tirar proveito desses universos de formas minimamente divertidas, ele envelopa tudo em uma experiência de tiro em terceira pessoa extremamente genérica, repetitiva e bugada.

Qual é a história de Funko Fusion?

O que fazer quando você tem múltiplos universos para explorar narrativamente? Uma história de multiverso, claro! A trama de Funko Fusion começa nos apresentando uma espécie de “rei” do Funkoverso, um sujeito chamado Freddy… que acaba sendo subjugado por seu rival de outro universo, Eddy.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Literalmente destituído de sua coroa, Freddy testemunha seu rival espalhar uma corrupção gosmenta pela fábrica dos Funkos, e ela rapidamente vaza para diferentes realidades. Nossa missão, obviamente, é viajar por todas essas realidades, recuperando os fragmentos da coroa de Freddy e eliminando a corrupção que coloca o Funkoverso em risco.

Não é lá a história mais original do mundo, mas cumpre seu propósito de fazer as coisas acontecerem. Um detalhe charmoso é que, tal qual os antigos jogos da série Lego, aqui não temos falas.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Isso quer dizer que todas as interações entre os personagens são na base de barulhos e resmungos. E como, obviamente, temos algumas releituras de cenas famosas, a falta de vozes rende momentos engraçadinhos.

Jogando Funko Fusion

Como eu já adiantei, Funko Fusion é um jogo de tiro em terceira pessoa. Cada mundo temático libera um punhado de personagens específicos, mas o gameplay com todos eles é meio que o mesmo. O que muda é o equipamento: o Diego, de Umbrella Academy, por exemplo, atira facas, enquanto o Príncipe Adam tem uma pistolinha laser. Além de dar tiros, também temos ataques melee, pulos, rolamentos e um sistema de equipar e usar itens que é mais trabalhoso do que deveria.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Cada fase tem diversos objetivos principais e secundários que, conforme são concluídos, nos premiam com as coroas que nos permitem avançar. Certas atividades envolvem puzzles simples, ou mesmo a utilização de personagens específicos.

Por exemplo, por usar um baixo como arma, Scott Pilgrim pode interagir com amplificadores de um jeito que outros bonecos não podem. Cada mundo temático possui missões que tiram proveito dos equipamentos dos protagonistas daquele mundo.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Dito isso, não espere por nada muito elaborado. O fato é que, muda o cenário, muda o tema, mas o tipo das missões meio que é sempre o mesmo. Os desafios são chatos, sem criatividade e repetitivos. Mesmo em batalhas contra chefes, vamos ter que refazer um monte de coisas só para poder causar dano ao boss.

A verdade é que, mesmo como jogo de tiro em terceira pessoa ele não é bom: falta impacto nos tiros e refinamento nos controles. E quando o combate não é bom, e as missões são genéricas, não sobra muito para sustentar a experiência.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

A impressão que fica é que houve muito carinho na concepção dos bonecos e dos cenários… mas faltou a mesma dedicação no game design, na estrutura das missões. O que sobra é um jogo formulaico, repetitivo e sem graça — tudo que um jogos dos Funko Pops não deveria ser.

Acredito que só quem vai ficar realmente engajado é o público fã de Funko Pops e das IPs representadas aqui. Ou, nem isso: eu mesmo, sou fã de De Volta Para o Futuro, gostei de ver este universo no game, mas passei por Hill Valley com aquela sensação de que não aproveitaram o potencial da IP… e essa é uma sensação que perdurou por todo o tempo que passei jogando.

Audiovisual

Para não dizer que o jogo não acerta em nada, o visual dele é muito legal. Os bonequinhos Funko Pop foram recriados com muito capricho, e os cenários temáticos que visitamos também são bem construídos, e realmente se parecem com suas contrapartes que vimos em filmes e séries.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

O departamento sonoro cumpre seu papel, mas só se destaca pra valer quando se apoia na nostalgia de temas clássicos, como a música tema de Jurassic World ou De Volta Para o Futuro. Os efeitos sonoros, especialmente das armas, são “realistas” de um jeito que não combina muito com Funko Pops.

Funko Fusion está localizado para o português brasileiro em seus menus e legendas. Ocasionalmente a tradução dá uma bugada, e alguns textos aparecem apenas em inglês, mas no geral o trabalho de localização é ok.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

E já que falamos em coisas bugadas ali em cima, devo avisar que Funko Fusion é muito bugado. A performance não é das melhores, e muitas vezes você vai acabar sem saber o que fazer simplesmente porque cumpriu um o bjetivo, mas o que deveria acontecer depois disso não aconteceu.

E não para por aí: Funko Fusion é cheio de pequenos problemas técnicos difíceis de ignorar, como travamentos, falhas na física do jogo e uma câmera que não sabe se comportar em lugares fechados. Tudo isso, aliado a tempos de carregamento prolongados, frustra a experiência, especialmente para um jogo que deveria ser descontraído.

Conclusão

Funko Fusion tem o charme e a fofura dos bonequinhos cabeçudos que todo mundo ama, e a presença de personagens e cenários icônicos sem dúvida faz brilhar os olhos dos fãs de cultura pop.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

Mas, não se engane, pois o jogo não consegue ir muito além do fan service. Ele não inova em termos de jogabilidade, e a falta de criatividade na estrutura do game design faz dele uma experiência repetitiva e pouco desafiadora.

Os problemas técnicos e a superficialidade na exploração de IPs tão ricas, com tanto potencial a ser explorado, corroboram para um jogo sem graça, que simplesmente não é divertido.

Análise Arkade: o potencial desperdiçado de Funko Fusion

É triste pensar em tudo o que Funko Fusion poderia ser. Mais triste ainda é jogar o que ele de fato é. Os Funko Pops mereciam um jogo mais interessante, e as franquias que ele visita mereciam um título que soubesse explorá-las de forma adequada. Uma pena, mas é difícil recomendar Funko Fusion mesmo para o fã mais ardoroso das IPs que ele retrata.

Funko Fusion está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada), Playstation 4, Xbox Series, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

Mais Matérias de Rodrigo

Comente nas redes sociais