Análise Arkade: Ghost Blade HD é um bullet hell de navinha totalmente old school

4 de março de 2017

Análise Arkade: Ghost Blade HD é um bullet hell de navinha totalmente old school

Que tal revisitar um jogo do Dreamcast nas plataformas atuais? Ghost Blade HD traz um dos últimos jogos do console da Sega para a nova geração, e vai te deixar maluco com sua dificuldade!

Sem tempo para história

Ainda que sua versão para Dreamcast tenha sido lançada há nem tanto tempo assim — o jogo chegou ao console da Sega em 2015, quase 10 anos depois do console ser descontinuado –, Ghost Blade tem o maior feeling de jogo de fliperama: não há uma história, simplesmente um menu inicial, uma tela de seleção de naves/personagens e pronto. Aqui o que importa é o gameplay, não há tempo para “frescuras” como narrativas e diálogos.

Análise Arkade: Ghost Blade HD é um bullet hell de navinha totalmente old school

Na real o jogo é tão old school que, além de não ter história, ele ainda conta com aquela clássica tela de ranking (e temos vários aqui: por dificuldade, por modo de jogo, local, global), onde você pode colocar suas iniciais e comparar seu desempenho com o de outros players. Há anos eu não via este tipo de tela apresentada desta maneira, e isso foi algo bem nostálgico.

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Fala sério, essa tela de “insira suas iniciais” não é totalmente anos 90?

Bom, mas voltando a falar do jogo em si: temos 3 naves diferentes, com cores e padrões de tiros distintos, que supostamente são comandadas por garotas de visual futurista. Simplesmente escolha sua nave, o nível de dificuldade e prepare-se para testar sua perícia e seus reflexos em um bullet hell insanamente desafiador!

Bullet hell frenético

Bullet hell é o apelido “carinhoso” dado aos jogos que entopem a tela de tiros e inimigos, exigindo reflexos rápidos e muita perícia do jogador. Games como Raiden, Ikaruga e Radiant Silvergun são exemplos clássicos deste sub-gênero, que por mais difícil que seja, mantém uma fiel legião de fãs masoquistas até hoje.

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Jogos deste tipo — e mesmo jogos mais tradicionais de navinha — são bem raros hoje em dia, e Ghost Blade HD sem dúvida dá um pequeno fôlego ao nicho. Na prática ele é um shoot ‘em up de navinha 2D vertical bem tradicional: você mantém o botão de tiro pressionado o tempo todo enquanto tenta se esquivar de incontáveis projéteis inimigos, fugindo de tiros, bombas e lasers enquanto derruba chefes apelões que ocupam quase a tela inteira. As naves inimigas derrubadas geram combos, que por sua vez se convertem em multiplicadores de pontos que dão um baita boost no seu score.

Ghost Blade HD possui apenas 5 fases e poderia ser terminado de forma relativamente fácil… se ele não fosse tão difícil! O jogo é casca grossa desde o início, e o número limitado de vidas e continues (apenas 3) só torna sua missão ainda mais complexa, pois ao perder tudo, é Game Over, sem choro nem vela. Eu só consegui zerar  jogando no Easy; na dificuldade Normal eu mal chego à terceira fase.

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A dificuldade aqui não só é crescente, como também é constante: não existe uma pausa para você recuperar o fôlego, a tela vai estar entupida de tiros e inimigos o tempo todo. É preciso um olho muito ágil e um dedo muito rápido no direcional para escapar de tantos tiros, especialmente nos chefes, que soltam saraivadas de tiros que literalmente preenchem a tela.

Confira abaixo meu gameplay de uma das fases:

Uma coisa que facilita um pouco a sua vida são as bombas: você possui uma quantidade bem limitada delas, mas elas são especialmente úteis não só por eliminarem inimigos, mas principalmente por sumirem com os tiros adversários da tela. Jogando no Easy o jogo até nos dá uma colher de chá com uma função “auto-bomb” que solta uma bomba de emergência quando você está prestes a ser alvejado.

Este recurso é uma faca de dois gumes: por um lado, ele sem dúvida vai salvar sua vida diversas vezes. Por outro, ele acaba “desperdiçando” bombas em situações nem tão extremas, de modo que você pode acabar gastando involuntariamente todas as  suas bombas antes de chegar ao chefão. Jogando nos níveis Normal e Hard esse recurso não existe, mas (obviamente) sua vida fica bem mais complicada.

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Outra coisa que facilita (um pouco) a sua vida em qualquer dificuldade é que você mantém os seus power ups por todo o jogo: ao perder vidas ou mesmo continues, seus power ups já adquiridos flutuam pela tela e podem ser apanhados novamente por sua nova nave. Como todos os power ups servem basicamente para aumentar o seu poder de fogo — nada de escudos ou invencibilidade aqui –, isso é fundamental para manter os coisas minimamente justas.

Tenha foco e pratique

Conforme coleta os já mencionados power ups, você não só aumenta o seu poder de fogo como também expande-o, cobrindo uma área maior da tela com seus tiros. Isso ajuda a limpar a área, mas nas batalhas contra chefes é altamente recomendável que você use o foco.

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O foco é outro botão de ataque que diminui o raio dos seus tiros, canalizando-os em uma torrente mais poderosa que segue em linha reta para frente. Perde-se em amplitude, mas ganha-se em poder de fogo. O foco é especialmente útil contra chefes que possuem várias partes independentes, e saber a hora de alternar entre o ataque comum e o focado é essencial.

Felizmente, você não precisa aprender tudo “na marra”: o jogo possui um ótimo Training Mode, recomendável para você praticar bastante antes de encarar a campanha em si. É possível até mesmo praticar fases específicas, o que certamente ajuda a buscar “macetes” para superar trechos especialmente cabeludos e chefes.

Outro modo de jogo bem bacana é o Score Attack Mode: você tem vidas ilimitadas e já começa muito bem equipado, mas sua missão é encadear seus ataques para formar combos e multiplicadores que aumentam seu placar. confira um pouco de gameplay deste modo abaixo:

É uma modalidade que deve dar uma sobrevida ao jogo, pois é extremamente viciante e exige o máximo das habilidades do jogador.

Audiovisual

Ghost Blade HD dá uma bom upgrade no visual original do game, apresentando cores muito mais vivas e backgrounds extremamente detalhados, tudo rodando liso em 1080p e 60fps, como tem que ser. Por ser um shmup vertical, o jogo infelizmente não utiliza a tela toda, mantendo duas barras laterais que podem ser “customizadas” com meia dúzia de papéis de parede diferentes…. fica tipo vídeo gravado com o celular em pé, saca? Não é realmente um formato bonito, mas é o que tem pra hoje.

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É possível “virar” a tela, mas o gameplay fica extremamente confuso!

Curiosamente, pelo menu você pode girar a tela, e se escolher jogar na horizontal, o game enche a tela toda e fica realmente impressionante… o problema é que isso afeta tudo — menus, telas de loading, tudo fica “de lado” — mas o gameplay continua obedecendo ao padrão vertical, o que deixa tudo muito confuso e é capaz de dar um nó no cérebro, pois as direções que você insere estão trocadas. Uma solução (nem tão prática) deve ser mudar a TV/monitor para a posição vertical, mas confesso que não tive o empenho de fazer isso.

Como em todo bullet hell que se preza, os tiros, lasers e explosões constituem uma boa parte da beleza do game, pois espalham-se vibrantes pela tela, pulsando, ricocheteando e assumindo intricados padrões, espirais e mandalas. Esse é aquele tipo de jogo capaz de causar convulsões, mas é sem dúvida um game bonito, dentro de sua proposta.

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Os tiros inimigos formam padrões belos… e mortais!

A trilha sonora mantém o clima nostálgico em alta, misturando pesadas linhas de baixo com sintetizadores e batidas eletrônicas, guitarras distorcidas e uma vibe totalmente anos 80/90. As composições de Rafael Dyll são contagiantes, e certamente combinam perfeitamente com esta pegada retrô do game.

Conclusão

Considerando que os shmups e bullet hells estão se tornando cada vez mais raros, é bom vermos que um game tardio do Dreamcast ganhou uma sobrevida em outras plataformas, e que o trabalho de remasterização foi, no mínimo, competente. Não há realmente muito conteúdo aqui, mas o pouco que há, é de qualidade.

Análise Arkade: Ghost Blade HD é um bullet hell de navinha totalmente old school

Este é o tipo de jogo que vai te fazer passar muita raiva — você vai morrer, morrer e morrer –, mas que também entrega aquela satisfação selvagem ao vermos um chefe apelão explodindo na tela. Ghost Blade HD é um bullet hell “de raiz”, indicado para fãs e entusiastas do gênero que sabem que perseverança e determinação são essenciais para ninguém acabar tacando o controle na parede ou dando rage quit.

Ghost Blade HD foi lançado em 27 de fevereiro para PC, Playstation 4, Xbox One e Wii U. O game está todo em inglês e possui coop local para 2 jogadores.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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