Análise Arkade: A jornada de um samurai assassino em Katana Zero
Prepare-se para muita ação, música boa e distorção temporal em Katana Zero, game que chega hoje para PC e Nintendo Switch, trazendo uma aventura cheia de violência e um belíssimo visual em pixel art! E é hora de vermos como o game acabou se saindo em nossa análise completa!
A saga do samurai que controla o tempo
Katana Zero é um game com uma premissa muito interessante e recheada de mistérios: Você controla um assassino profissional sem nome, conhecido somente como “O Dragão“. A cada dia, você recebe um novo contrato a ser executado e a cada nova morte, o misterioso passado do samurai assassino começa a vir a tona.
O grande diferencial é que esse samurai tem o estranho poder de controlar o tempo, conseguindo desacelerar ação em momentos de perigo e literalmente rebobinar tudo e repetir suas missões em caso de falha. Sem saber a origem de seus poderes, o game nos guia em uma aventura sangrenta de redescoberta e muitos plot twists.
Mas não é somente ação desenfreada que o game oferece. Sua progressão é muito interessante, com cada missão composta por três partes: Começando com uma visita ao psiquiatra do Dragão, aquele que o ajuda a remontar o seu passado, que ressurge todas as noites em pesadelos, e aquele que passa os alvos a serem mortos. A segunda parte é a matança propriamente dita, finalizando com o samurai voltando para a sua casa para mais uma conturbada noite de sono e pesadelos.
Uma aventura de espada e diálogo
O conceito de tempo no game é usado de forma muito interessante. Cada missão do game é composta de diferentes áreas, ou salas. Mate todos os inimigos em uma sala e o caminho para a próxima se abre. O jogador tem um tempo limite para passar de cada sala, que felizmente é bem generoso, permitindo que o jogador pare e pense se necessário (além de poder reiniciar a sala se preciso, sem penalidades).
O mesmo conceito é levado aos diálogos. O jogador tem um tempo para escolher respostas em todos os diálogos do game, e existem vários. Os diálogos são um dos pontos altos do game, sendo bem interessantes, cheios de segredos e revelações esclarecedoras e o principal: Geram muitas ramificações na história. Em certos trechos do game, o jogador terá que conversar com alguns NPCs, e dependendo das respostas que usar, pode descobrir informações que mudam diálogos posteriores, ou o jogador pode dizer algo que será lembrado futuramente.
Um exemplo de diálogo: A barra vermelha contém respostas grossas, e a branca respostas normais
Os diálogos são sinalizados por uma barra de tempo. Seu primeiro pedaço é vermelho, marcando interrupções de fala e geralmente respostas rudes. Quando a linha de tempo de diálogo ultrapassa a parte vermelha, mais opções surgem, mais respeitosas e mais diretas, dependendo das informações colhidas em diálogos anteriores. O jogador pode, se quiser, ser amigável com todos ou ser um completo babaca, interrompendo e sendo grosso com todos, se assim desejar.
Porém, dependendo do comportamento do jogador nos diálogos, a construção da narrativa pode acabar mais ou menos esclarecedora. Se você for educado e colher o máximo de informação possível em diálogos, a história será revelada de forma mais clara, com cada peça se encaixando de acordo com as decisões do jogador. Se o jogador for muito grosso, não colherá muitas informações, pois os NPCs estarão muito irritados com você e a história se desdobrará de forma diferente.
Gameplay rápido e criativo
Katana Zero é um game com um estilo de gameplay muito divertido. Uma forma aproximada de defini-lo é como se fosse um Hotline miami em perspectiva 2D padrão ao invés de top-down. O Dragão é um personagem extremamente frágil, basta apenas um ataque para ser derrotado, mas o mesmo vale para os inimigos.
Para combater, o jogador tem a sua disposição a rápida Katana do Dragão, e pode coletar itens no cenário para jogar em direção aos inimigos. A movimentação é bem simples, direcionais ou WASD para mover o samurai e mouse, analógico para mirar. O objetivo, como já mencionado é matar todos os inimigos em cada sala e chegar até o final da missão para matar o alvo marcado.
O jogador pode desacelerar o tempo brevemente em situações de perigo, fazer isso permite que o jogador rebata tiros de volta para inimigos e esquive de ataques e até tiros, tornando toda a ação do game muitíssimo estilosa. Certos inimigos podem se defender de ataques, assim, usar a desaceleração do tempo e atacá-los pelas costas é uma tática muito eficaz.
Ao final de cada sala, o game apresenta um replay de toda a ação que aconteceu ali numa tomada só, sem as desacelerações de tempo. Assistir esses replays é muito divertido, pois uma ação em câmera lenta durante o gameplay se torna numa sequência incrível em velocidade padrão, com o jogador esquivando e rebatendo tiros, pulando e eliminando três, quatro ou mais inimigos em sequência.
Todo o game rola como se fosse um vídeo em VHS, assim, se você morrer, o jogador literalmente rebobina a cena até o começo e a refaz quantas vezes for preciso até passar. Basta apenas uma tentativa sucedida para seguir adiante, não importa quantas vezes o jogador morra.
Audiovisual
Katana Zero é um game belíssimo! O game todo é feito com visual em pixel art, com muita fluidez de movimentação dos personagens. O game tem um estilo retro-futurista neo-noir, que é como se fosse um intermediário entre contemporâneo e cyberpunk. Eu digo quase pois não há ciborgues, robôs ou coisas do tipo, mas sim uma grande cidade, chamada Nova Meca, com arquitetura moderna, muito neon e um pouco de tecnologia misturada na receita, criando um visual excelente.
O game mistura pixels, neon e interferência de imagem ao estilo de vídeos VHS, uma combinação inusitada mas que tem um resultado incrível. O limite de tempo do game tem uma razão dentro do plot do game, que não mencionarei para evitar spoilers. Mas quando o tempo está acabando em uma área, sutilmente a imagem começa a ficar distorcida, com desfocamento nas bordas da tela que gradativamente vão aumentando conforme o tempo se aproxima do fim.
Uma amostra da excelente trilha sonora do game
A trilha sonora do game é simplesmente excelente. Com músicas predominantemente eletrônicas, mas num estilo mais “noir”, que casa perfeitamente com a estética do game, e com músicas feitas especialmente para cada missão do game, encaixando-se perfeitamente em cada momento, seja de ação intensa, de diálogo, momentos de tensão ou plot twists.
O game é inteiramente localizado em português brasileiro em seus menus e legendas (o game não possui vozes). E o trabalho de localização foi simplesmente impecável! Cada vez mais e mais games tem adicionado localização para o novo idioma, mas dá gosto ler cada linha de diálogo de Katana Zero, de tão bem feito que é!
Conclusão
Katana Zero é um game realmente surpreendente, contando uma história bem envolvente e cheia de plot twists e muitos mistérios. E aqui vai um pequeno spoiler, o game já deixa claro que terá continuação! Os divertidos e intensos diálogos do game montam uma história que se desdobra de formas muito surpreendentes, e aliando isso a seu rápido e simples gameplay, temos uma digna aventura com um belíssimo visual pixelado e uma trilha sonora ainda melhor.
Se você gosta de games ao estilo Hotline Miami, seja em seu gameplay rápido e principalmente em seu visual cheio de neon e enredo forte e surpreendente, então você precisa conferir Katana Zero, pois as chances de você curtir o game são altíssimas, mostrando mais uma vez os trabalhos surpreendentes que desenvolvedores independentes podem fazer!
Produzido pela Askiisoft e distribuído pela Devolver Digital, Katana Zero está sendo lançado hoje, dia 18 de abril, com versões para PC (através da Steam Humble Bundle e GOG) e Nintendo Switch.