Análise Arkade – O mistério, o absurdo e o cotidiano inglês de Last Stop
Quem já foi em Londres sabe da importância do metrô local na vida das pessoas. Considerado um dos mais antigos do mundo, e que viveu momentos únicos em sua história, como quando serviu de abrigo para os cidadãos londrinos durante os bombardeios alemães na Segunda Guerra Mundial, hoje conta com mais de 270 estações e é a forma mais fácil de circular pela cidade.
E é neste mesmo metrô que temos início nesta jornada tipicamente inglesa. Last Stop é obra da londrina Variable State, que também nos trouxe Virginia, e que foi publicada pela mesma Annapurna Interactive de Twelve Minutes. E usando muito do jeito inglês de se contar uma história, e também do estilo de vida do cidadão londrino, temos uma aventura com mistérios, cara de sitcom e gameplay com o jeitão dos games da Quantic Dream, como Detroit.
A diferença é que, em Last Stop, apesar de contarmos com várias situações, que vão das cómicas até as mais embaraçosas, não há uma grande profundidade em seus temas abordados. O enredo prefere levar o caminho leve de uma sitcom, trazendo sim temas variados de discussão, mas de forma leve, e regadas a um humor leve. Humor leve inglês, neste caso.
O game oferece seis capítulos com três personagens, o que na verdade, são 18 partes diferentes de gameplay. E um sétimo capítulo, final, onde as histórias são unidas em uma só, para seguir o desfecho. No game você é John, um pai solteiro que precisa cuidar de sua filha, enquanto enfrenta problemas em um trabalho ruim; Meena, uma agente secreta do governo com problemas familiares; e Donna, uma adolescente que, junto de seus dois amigos, encontram um problema muito misterioso.
Sem entrar em muitos detalhes quanto ao enredo do game, o que podemos falar é que o jogo usa e abusa da mistura do casual com o absurdo. Quero dizer que, enquanto muitas cenas lembram muito situações do cotidiano, como conversar enquanto corre em um parque, ou vai levar a filha para a escola, situações muito diferentes vão acontecendo a todo momento. Mas como já falei, não espere nada “épico” por aqui. Apenas uma história simpática, divertida, mas que não é das mais memoráveis. Assim como aqueles filmes de Netflix que você assiste “no automático”.
Seu visual, que segue o estilo gráfico de uma animação infantil, também tira muito do clima mais sério que a história poderia ter, embora não incomode em nada o desenrolar dos eventos. E ainda consegue, desta forma, reproduzir as ruas londrinas, assim como as suas estações de metrô, de forma bem fiel. Se você já visitou Londres, sentirá um ambiente muito familiar.
Soma-se a tudo isso uma trilha sonora simpática e competente, boas dublagens (com legendas em português), e minigames muito simples, que estão ali apenas para complementar a história, e temos um game simpático. Que não há muito de extraordinário para se esperar, mas que ao mesmo tempo diverte como o game leve que quer ser, sem propor nenhuma jornada “épica”, mas ao mesmo tempo trazendo uma história divertida, no controle de pessoas comuns. Ou quase.
Last Stop já está disponível, para PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.