Análise Arkade: Lego Marvel Super Heroes 2 repete a fórmula, mas diverte
A fusão superpoderosa e fofinha de Lego com Marvel está de volta em Lego Marvel Super Heroes 2, game que une dezenas de heróis da casa para uma aventura inédita! Confira nossas impressões sobre o game na sequência.
Uma nova história
Enquanto muitos jogos recentes da Lego se apoiam em histórias e diálogos já vistos no cinema, Lego Marvel Super Heroes 2 já ganha pontos por apresentar uma história nova, 100% original.
Na trama do game, o vilão Kang resolve economizar tempo, e ao invés de dominar uma dimensão de cada vez, utiliza um poderoso artefato para fundir 16 realidades diferentes em uma só, formando assim a Chronopolis, área que unifica diversas épocas e lugares em um imenso hub, que compreende a parte sandbox da aventura.
Para deter os planos megalomaníacos de Kang, heróis Marvel de diferentes dimensões e timelines terão que unir forças fazendo o de sempre: surrar inimigos, destruir coisas (para construir outras coisas), enfrentar vilões clássicos da casa… tudo isso com aquele mix de bom humor com fofura que é tão característico da franquia.
Personagens de ontem e hoje
A primeira coisa que você vai perceber em Lego Marvel Super Heroes 2 é que esta é mais uma propriedade intelectual da Marvel que está em sintonia com o que rola nas telinhas e nas telonas. A primeira missão já é com os Guardiões da Galáxia, e personagens como Doutor Estranho, Punho de Ferro, Pantera Negra, Capitã Marvel e Vespa ganham destaque na campanha, ofuscando até mesmo queridinhos como Hulk e Homem de Ferro.
Claro que a salada de realidades que o título propõe permite que muitos outros personagens ganhem seu espaço. Lembra de Spider-Man Shattered Dimensions? Pois é aqui também temos o Aranha “normal” agindo ao lado do Aranha 2099 e do estiloso Homem-Aranha Noir, além do Aranha Miles Morales e mais alguns. Temos também a versão feminina de Thor e meia dúzia de versões do Capitão América.
Como este é um jogo que passeia por dimensões nem tão conhecidas pelos fãs menos ardorosos de quadrinhos, também jogamos com alguns “ilustres desconhecidos” do universo Marvel, como Kid Colt, Gwenpool, os Inumanos e o pitoresco Hit-Monkey… e isso só para citar alguns.
É até legal vermos estes novo rostos, mas sabe o que definitivamente não é legal? A ausência de alguns dos personagens mais famosos da empresa. Como no recente Marvel vs. Capcom Infinite, os personagens cujos direitos cinematográficos não pertencem à Marvel simplesmente foram deixados de lado. Ou seja, nada de Wolverine, Ciclope, Magneto, ou qualquer outro X-Men. Nada de Quarteto Fantástico. E nada de Deadpool, também.
Chega a ser engraçado como a Marvel parece disposta a prejudicar produtos de seus próprios personagens em outras mídias para não “dar ibope” aos heróis cujos direitos cinematográficos ela não detém. Claro que deve haver muita coisa desta história que a gente não sabe, mas a gente sabe que quem acaba prejudicado é o game e, por tabela, nós jogadores.
O mesmo gameplay de sempre
O sucesso dos games da franquia Lego parece ter deixado a Traveller’s Tales preguiçosa, pois o gameplay se mantém essencialmente o mesmo… de novo. A novidade é que agora certos objetos e equipamentos podem ir e vir no tempo, abrindo ou bloqueando passagens — algo que já vimos em jogos como Prince of Persia, por exemplo.
Fora isso, as fases seguem basicamente a mesma estrutura pra lá de manjada, com inimigos que estão ali mais para encher o saco do que para oferecerem algum desafio, e vez ou outra você vai destruir algo e aproveitar suas peças para abrir uma porta, ou construir algum tipo de ponte.
Isso não chega a ser um problema se pensarmos que o público-alvo destes jogos são as crianças, que só querem se divertir sem ter que aprender mecânicas muito complexas… porém, como nós, marmanjos, geralmente estamos jogando junto, a repetição das mesmas situações e mecânicas de sempre cansa.
Deste modo, o que acaba levando o jogo adiante é simplesmente as situações engraçadinhas que os personagens irão se meter enquanto destroem blocos, constroem coisas, usam seus poderes em locais específicos e derrotam vilões. O jogo até tem momentos que se destacam — como a invasão ao QG do Rei do Crime na Nova York de 1920 e algumas boss battles bacanas — mas no geral, não espere nada muito diferente do que você já viu em outros games Lego.
Audiovisual
Outro ponto que traz um “mais do mesmo” bem feitinho: Lego Marvel Super Heroes 2 traz personagens bonitinhos bem modelados, que interagem bem entre eles e possuem boas representações de seus super poderes. uma das melhores é a do nosso querido Peter Quill, que coloca um som em seu walkman e atira de forma estilosa enquanto dá uma dançadinha!
Até gravei um destes momentos, de tão bonitinho que é, confere aí:
É interessante repararmos que o visual dos personagens também acompanha o momento atual de suas contrapartes de carne e osso: o Thor, por exemplo, está com cabelo curto, parecido com o que vimos recentemente em seu último filme. Os vilões também estão interessantes, e as formas criativas com que a produtora recria os mais bizarros — como o Mistério, por exemplo — é muito legal.
Também é impressionante o trabalho feito em elementos que não são de Lego, e, justamente por isso, ganham um visual mais realista. Repare no brilho do fogo das tochas da imagem abaixo, por exemplo: não deve nada para o efeito que vemos em jogos como Uncharted ou Tomb Raider, por exemplo, o que mostra que, apesar de se acomodar em alguns aspectos, os produtores sem dúvida seguem aprimorando os aspectos técnicos do jogo.
Uma coisa que melhorou (mas nem tanto): é a pentelha tela dividida quando jogamos em coop. Ela agora é fixa, e não fica mais girando loucamente como em Lego Marvel Avengers, o que já é um ponto positivo. Porém, o simples fato de ainda termos tela dividida é um saco. Porque diabos os produtores ainda não seguiram os passos de Diablo III, que simplesmente impede que os jogadores se afastem para manter todo mundo na tela ao mesmo tempo? Seria tão mais agradável…
A trilha sonora é incrível, misturando temas cinematográficos com as músicas licenciadas dos filmes que a gente adora — destaque óbvio para as músicas dos Guardiões da Galáxia. O game está 100% em português brasileiro, e as dublagens no geral estão excelentes, agregando carisma e personalidade aos bonequinhos.
Conclusão
Lego Marvel Super Heroes 2 definitivamente não é inovador, mas se mantém confortável dentro de suas próprias convenções. Talvez você já esteja um tanto cansado destas convenções, mas seu irmãozinho/priminho/sobrinho fã da Marvel sem dúvida vai se divertir pra caramba com este “mais do mesmo”.
E, convenhamos, a gente se diverte junto com eles, ainda que para nós, marmanjos, a ausência de novidades e de heróis que marcaram nossa infância como Wolverine, Gambit, Tempestade e cia. seja bem mais marcante do que para os pequenos.
Lego Marvel Super Heroes 2 foi lançado em 14 de novembro. O game tem versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Este review foi feito com base em uma cópia para Xbox One, que recebemos dos camaradas da WB Games.