Análise Arkade: seja um “mago badass” no problemático mundo de Lichdom Battlemage
Entre na pelo de um feiticeiro poderoso e busque vingança em um mundo cheio de monstros e perigos. É a nossa análise de Lichdom: Battlemage que está no ar!
Contextualizando
Lichdom: Battlemage talvez não seja novidade para muita gente por uma razão muito simples: o game foi lançado no Steam em agosto de 2014 e só agora — mais precisamente em 19 de abril de 2016 — ele chegou aos consoles da nova geração. Mesmo assim, o game passou meio batido na época, então esta pode ser a chance para mais gente experimentá-lo.
Vingança e magia
No início de Lichdom você escolhe se quer ser um homem ou uma mulher. Não há nenhum tipo de customização, você simplesmente escolhe o sexo e o nome do seu personagem. Daí caímos em uma cutscene (estática, mas deveras estilosa) que mostra seu recém-criado personagem tendo um familiar (irmã se sua personagem for mulher, esposa se você for um homem) assassinado pelo maquiavélico Shax, que já de cara veste a carapuça de vilão do game.
Após esta treta, algo explode/desaba e seu personagem acorda na companhia de Roth, um mago que também tem assuntos a resolver com Shax e por isso lhe concede “o dom da magia” — na verdade é um par de braceletes — e lhe coloca no papel de “Dragon” de seu clã de magos, deixando-o livre para usar seus novos poderes para se vingar de Shax.
Claro que isso será só o começo de uma treta bem maior, pois logo fica claro que Shax era apenas um peão de um grupo muito maior, que tem a sua disposição uma verdadeira legião de mortos-vivos, monstros e outros feiticeiros.
Assim, cabe a você abrir caminho na marra por incontáveis fileiras de inimigos para derrotar estes vilões enquanto explora cenários enormes e vai descobrindo novas formas de usar seus poderes mágicos.
Monte seu combo
Lichdom é um jogo 100% focado na magia. Por conta disso, seu personagem não carrega nenhum tipo de arma ou ataque físico, valendo-se apenas de seus braceletes para lançar feitiços variados, conjurar escudos, summonar criaturas, manipular o tempo a seu favor e muitas outras variações.
Conforme o jogo se desenrola, você vai adquirindo novos Sigils, que podem ser equipados nos seus braceletes. A questão é que você pode ter apenas 3 Sigils equipados ao mesmo tempo, de modo que cabe a você a missão de montar um combo que se adeque ao seu estilo de jogo.
Temos Sigils elementais bem manjados (Fogo, Gelo, Eletricidade) até outros mais interessantes, como o Kinesis, que contempla “empurrões” e “arremessos” (como o Force Push dos Jedis), o Delirium (mexe com a mente dos inimigos, fazendo-os atacarem uns aos outros) e o bom e velho Necromancy, que lhe permite ressuscitar inimigos mortos e conjurar outras bestas para lhe ajudar.
Dá um bocado de trabalho administrar os 8 Sigils em apenas 3 espaços, de modo que você invariavelmente vai acabar mantendo e otimizando o set que mais lhe agrada. Porém, não pense que uma vez que você escolheu seus elementais a profundidade do jogo acaba, pois isso é só a ponta do iceberg de um jogo muito focado no crafting, onde você realmente pode criar o tipo de magia que você quiser.
Combatendo com Magia
Entre um trecho de exploração e outro, você invariavelmente irá cair em uma “arena” onde irão aparecer diversos inimigos. Alguns carregam armas comuns (espadas, tacapes), enquanto outros possuem bestas, e há ainda os inimigos também mágicos que voam, se teleportam, podem summonar outros inimigos e atirar projéteis de magia em você.
O gatilho esquerdo assume a função de magias defensivas (escudos, que podem ter efeitos variados conforme o tipo), enquanto o direito é o seu botão de ataque principal. Ao manter os dois gatilhos pressionados, você lança uma magia de área, que pode tanto ser uma armadilha quanto uma grande magia de dano direto.
Temos ainda um botão de esquiva (L1) e um que marca a direção de seu objetivo, mas de resto o que você realmente deve dominar para se dar bem é a troca de Sigils: usando o direcional digital ou os botões do controle (quadrado, triângulo e círculo no PS4) você alterna entre seus 3 Sigils equipados e forma “combos”, congelando inimigos para então dar cabo deles com ataques diretos, e coisas do tipo.
Sendo bem sincero, o combate em si é extremamente repetitivo, mas funciona bem e até consegue ser divertido e desafiador. Capturamos uma batalha contra alguns inimigos genéricos, confira abaixo:
Alquimia Mágica
A criação e customização de magias sem dúvida é o ponto mais interessante de Lichdom: conforme derrota seus inimigos e explora os cenários, você vai encontrando inúmeros power ups que podem ser combinados para criar novos tipos de magias para os seus Sigils, o que aumenta drasticamente o número de possibilidades.
Pegue por exemplo o Sigil de eletricidade: em seu ataque principal, você pode atirar uma orbe eletrificada que causa dano de uma vez só… ou pode criar um raio contínuo de energia que causa dano cumulativo. Já o Sigil de gelo conta com habilidades do tipo “armadilha” que pode tanto congelar inimigos que pisem em uma determinada área, quanto causar dano direto através de estalactites de gelo que perfuram os inimigos.
Existem centenas de possibilidades de criação de novas magias, e você sempre pode fazer um comparativo entre tudo o que já tem para deixar seu personagem efetivamente mais poderoso. O que falta em customização de equipamentos (algo que nem existe aqui) é muito compensando pelo sistema de crafting de magias, que é meio confuso mas bem profundo, e carece de um bocado de experimentação para ser realmente entendido.
Isso deixa claro que a ideia do jogo — permitir ao jogador criar um “mago badass” — até funciona bem, pois as possibilidades de customização são bem amplas, e correspondem ao cerne do game. Se um chefe estiver dando muito trabalho, experimente mudar seus Sigils, criar novas magias, alterar seu tipo de escudo, enfim, explore seus poderes, pois é só eles que você tem à sua disposição em sua batalha contra as forças do mal.
Um jogo cheio de problemas
Lichdom: Battlemage é um jogo com boas ideias, mas que afunda em um mar de problemas técnicos. Para começar, seus load times são enormes, e mesmo quando a fase acabou de carregar, você vai ver o cenário em low resolution por alguns segundos, até que o jogo “pega no tranco” e carrega o jogo da maneira correta.
Além disso, o game tem um dos piores problemas de framerate que já vi em um jogo da nova geração: mesmo em batalhas tranquilas, o framerate despenca, o tempo de resposta dos comandos aumenta muito e a tela vira uma confusão borrada de inimigos (o motion blur exagerado do game também incomoda), e explosões mágicas. Quando temos chefes gigantes — que geralmente ficam summonando esqueletos e outros inimigos genéricos — a coisa fica ainda mais complicada.
Considerando que o jogo roda na poderosa CryEngine 3 — engine que costuma entregar uma boa performance — o que podemos deduzir é: ou a conversão de PCs para consoles foi muito mal feita, ou a produtora Xaviant Games simplesmente não soube aproveitar o que tinha em mãos.
O que é uma pena, pois o game possui uma direção de arte que, embora seja bem genérica na maior parte do tempo, vez ou outra surpreende e entrega belas paisagens. Confira algumas screenshots abaixo:
Infelizmente, as quedas de framerate e o motion blur não são os únicos problemas do game: os menus são confusos e têm fontes minúsculas, e mais de uma vez a narração de uma cutscene simplesmente desapareceu.
Fora isso, temos checkpoints muito mal distribuídos e alguns menus com “barra de rolagem” que claramente foram pensados para PC e não são muito práticos de se navegar usando um controle. Ah, e não há nenhum suporte ao nosso idioma, o jogo é 100% em inglês.
Conclusão
Lichdom: Battlemage é mais um daqueles típicos exemplos de “uma boa ideia mal executada”: o game acerta a mão com seu profundo sistema de customização de magias, mas peca ao entregar um sistema de combate repetitivo e uma parte técnica repleta de problemas que, somados, se tornam bem graves e irritantes.
Dado o teor das (centenas de) reviews negativos no Steam, acredito que a conversão para os consoles só piorou um jogo que já não era lá essas coisas em sua plataforma original. É triste que o game tenha tantos problemas técnicos, pois sua premissa de “seja um mago badass” é muito bacana e seu sistema de crafting é bem profundo e cheio de nuances.
Do jeito que está, Lichdom: Battlemage é um jogo que não vale o (alto) preço que custa. Se quiser encará-lo, sugiro que espere por uma promoção realmente boa, mas já vá sabendo que a chance de acabar decepcionado é grande.
https://youtu.be/iqieCFy-OkU
Lichdom: Battlemage foi lançado para PCs em agosto de 2014. Em 19 de abril deste ano (2016), o game chegou ao PS4 e ao Xbox One. Esta análise foi feita com base em uma cópia da versão PS4 do game.