Análise Arkade: Life is Strange 2 – Rules: Uma evolução positiva e negativa
O segundo episódio de Life is Strange 2 chegou, dando continuidade na história dos irmãos Sean e Daniel Diaz, que continuam sua jornada pelas estradas em direção a uma nova vida no México. O primeiro episódio foi um início um tanto conturbado para esse novo game, e agora seguiremos viagem por esse novo episódio!
Como estamos fazendo uma análise de um game episódico, de agora em diante não mais abordaremos temas como gráficos, trilha sonora e gameplay, mas poderão surgir menções desses quesitos em certos trechos da análise. O foco de agora em diante será na história que o game entrega, obviamente sem spoilers (ou ao menos tentando evitá-los ao máximo). Dito isso, é hora de saber como o segundo episódio, Rules, se saiu!
Uma definitiva melhora, porém…
O primeiro episódio de Life is Strange 2 teve um ritmo muito acelerado, sem se dar tempo para apresentar os seus personagens de forma completa. Logo no início, somos brevemente apresentados a Sean e Daniel, e logo em seguida eles já estão com os pés na estrada fugindo da polícia.
Nos momentos de diálogos entre os dois, não houve “química”, o que víamos eram dois personagens em fuga, com as mentes confusas e em urgência devido a situação em que se encontram. Somos apresentados aos personagens em um momento de intenso stress, o que não contribuiu para gerar afeição a eles, pois no fim das contas, não sabíamos quem eles eram.
O segundo episódio, Rules, se redime disso, enfim apresentando os personagens devidamente. O episódio começa de forma calma e tranquila, mostrando Sean ajudando o pequeno Daniel a controlar seus poderes de telecinésia. Assim, conhecemos melhor cada irmão, com Sean deixando de ser um adolescente irritante para se tornar um irmão mais velho responsável, tentando preservar a inocência de Daniel (dependendo das escolhas do jogador). E o próprio Daniel, uma criança aprendendo sobre as durezas da vida e seus estranhos poderes, mas sem deixar de ser uma criança.
Conforme o episódio avança, o game nos leva a uma nova localidade, a cidade de Beaver Creek, cidade em que o pequeno Chris de As Aventuras Iradas de Captain Spirit vive, além de ser a cidade dos avós maternos dos irmãos protagonistas. Nessa nova cidade, uma pequena cidade interiorana, acompanhamos um novo momento de desenvolvimento dos personagens.
Em Beaver Creek, os irmãos levam uma vida tranquila, evitando a todo custo chamar atenção, enfim tendo um período de sossego em sua jornada. Nesse novo cenário, vemos o envolvimento dos irmãos se estreitar ainda mais, pois, assim como o nome do episódio, o tema são as regras que Sean cria para a sobrevivência da dupla, regras sobre o uso dos poderes de Daniel, o que gera interessantes diálogos sobre “quando os poderes devem e não devem ser usados”? E também “usar os poderes para ajudar quem precisa, ou escondê-los a todo custo”?
Dessa forma, o segundo episódio é uma total evolução do morno primeiro episódio. Se a aventura começou de forma meio desinteressante e corrida, aqui ela segura o passo e enfim nos apresenta esse novo universo, vizinho ao mundo em que Max e Chloe viveram no primeiro game. Mas, há um imenso ponto negativo nesse novo episódio. E é IMENSO com todas as letras maiúsculas.
Um decepcionante golpe baixo
Como dito no início da análise, evitaremos spoilers sobre a história, ainda assim, há uma certa cena nesse segundo episódio do game que é um imenso golpe baixo no jogador. É uma cena que, pessoalmente, estragou toda a experiência do episódio, e pode ter o mesmo efeito em muitos outros jogadores, ou não, pois cada um terá sua própria reação a essa cena.
Apesar disso, fica aqui o aviso: se você jogou o primeiro episódio, saberá do que eu estou falando, mesmo tentando evitar os spoilers ao máximo. Leia por sua conta e risco!
O final do primeiro episódio de Life is Strange 2 apresenta um elemento bem interessante na narrativa, que abre um enorme leque de opções, que obviamente todos esperavam poder levar até o fim do game. Não, não vão. Esse elemento é removido do game logo no início do segundo episódio, de uma forma muito revoltante.
Life is Strange é um game baseado em escolhas, e apesar de que sim, obviamente eventos scriptados fora do controle do jogador acontecerão em certos momentos, esse em específico foi uma jogada barata e honestamente, que não parece ter sentido. É algo tão inesperado e principalmente algo que a maioria dos jogadores não queria ver de forma alguma.
Esse evento é jogado na cara do jogador de repente, com a única explicação instantânea para sua existência sendo “porque sim”. A sensação que eu tive jogando (além da minha insatisfação pessoal imensa com a cena) é a de que o game primeiro lhe entrega um elemento de muito potencial, um que você vai querer levar adiante, tentando tomar todas as melhores escolhas para tal, e logo depois o game decide que “não, você não vai levar isso adiante, e suas escolhas sobre esse elemento foram inúteis”.
Isso, em um game baseado em escolhas, é algo muito decepcionante. Fazendo uma breve comparação com Life is Strange 1, é como se a cena de Kate tivesse somente um resultado, não importando tudo o que o jogador fez desde o início do game. Foi uma cena feita unicamente para chocar o jogador, de forma gratuita.
É claro que essa cena teve repercussão no episódio, mas pequena, não demonstrando ter sido algo feito para ter um significado maior na história, a menos que em episódios futuros esse evento venha a ter verdadeiro significado. Mas até o momento, não é o que parece.
É preciso mencionar ainda que entre as várias escolhas que o jogador pode fazer nesse episódio, muitas podem levar a consequências realmente terríveis. Pelo menos, são consequências de ações do jogador, pois dependerão unicamente de como o jogador tocar a história. Mas isso não ameniza o gosto amargo da cena em questão.
Conclusão
O episódio 2 de Life is Strange 2 entrega uma experiência melhor que seu episódio predecessor. Dando mais profundidade a Sean e Daniel, e desenvolvendo-os melhor como personagens, com suas mentes, seus medos e a luta que ambos enfrentam para escapar de sua antiga vida.
Apesar do enorme banho de água fria que foi a cena que ocorre logo no começo do episódio, Rules mostrou um caminho positivo para o andamento de Life is Strange 2. Resta saber se o game continuará a seguir por um caminho de melhor desenvolvimento de personagens e situações, até chegar a seu fim. E é claro, levando em conta que não hajam mais cenas intensas com aparência de desnecessárias.
Rules já está disponível para Life is Strange 2, que foi lançado com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One.