Análise Arkade: Life is Strange (Season 1 Ep. 1) não inova, mas é bem executado e nos deixou curiosos
Hoje está sendo lançado Chrysalis, primeiro capítulo do novo game episódico da Square Enix em parceria com a Dontnod Entertainment, Life Is Strange. Confira nossa análise sobre o início da jornada de Max e Chloe.
Jogos episódicos estão se tornando uma tendência no mercado dos games. Títulos como The Walking Dead: The Game e The Wolf Among Us, ambos da Telltale Games, trouxeram muito respeito a esse “novo” formato de distribuição de jogos. Até mesmo D4: Dark Dreams Don’t Die, exclusivo para Xbox One, merece uma menção honrosa pela proposta, apesar de ter algumas semelhanças com Life Is Strange.
Um dos fatores que torna Life Is Strange um game promissor é seu conceito que aborda viagem e manipulação do tempo. Apesar de não ser algo genuinamente inovador, este é um tema que geralmente rende boas histórias, se bem construídas, é claro. Felizmente, até aqui, parece que houve capricho nesta área.
Sinopse
Life Is Strange se passa na cidade fictícia de Arcadia Bay, Oregon, onde assumimos o papel de Max Caulfield, uma jovem estudante de fotografia que, ao ir ao banheiro após uma aula nem tão produtiva, testemunha um acontecimento sinistro envolvendo alguns colegas. Neste momento ela sem querer descobre que tem uma habilidade muito especial: ela é capaz de voltar no tempo e alterar acontecimentos no passado, o que muda a linha temporal natural.
A partir daí, todo o game é baseado nessa premissa: podemos retroceder o tempo em diversas situações para tomar outra decisão e/ou seguir por um outro caminho, o que afeta diretamente o presente/futuro. Aliás, lembre que toda escolha tem uma consequência, então alterando qualquer coisa, por mínima e irrelevante que possa parecer, haverá uma consequência.
O primeiro capítulo é ambientado em sua maior parte na escola de Max, mas já está claro que algo maior está por vir: em uma espécie de “visão/sonho”, Max vê uma tempestade gigante de proporções catastróficas está por vir.
Por conta disso, é de se presumir que o desfecho dessa primeira temporada será de alguma forma evitar ou minimizar os estragos causados pelo desastre natural iminente, enquanto tentamos resolver questões dramáticas e cotidianas da vida de Max e de sua exótica colega Chloe.
Somado a tudo isso, temos ainda outra situação, que nos é apresentada de maneira bem contextual nesse primeiro episódio: o desaparecimento misterioso de uma garota chamada Rachel, amiga fiel de Chloe.
Visual e gameplay
A mecânica do jogo segue o estilo dos point and clicks; há objetos com os quais podemos visualizar e/ou interagir nos cenários, e Max geralmente tem algo a dizer sobre tudo: pôsteres, objetos, pessoas, etc.
Passada a introdução, o jogador se torna capaz de usar os poderes temporais de Max após praticamente qualquer evento ou decisão importante. Ao clique de um botão, você “rebobina” o tempo e revive o momento em questão, podendo ter outra atitude e/ou dizer outra coisa, o que afeta os acontecimentos e a maneira como outros personagens encaram Max.
No geral, o game é linear e bem objetivo, até podemos explorar o cenário em que nos encontramos, mas com as limitações clássicas desse gênero.
A interface do jogo é bem interessante, com setas, marcações e destaques que parecem rabiscos típicos do caderno de um adolescente. Os gráficos são bem bonitos, coloridos mas não tão cartunescos quanto em outros games episódicos atuais.
A trilha sonora é simplesmente espetacular, fazendo com que a imersão do jogador seja ainda maior. A maneira como Max coloca os fones de ouvido para “se desligar” de um mundo no qual ela se sente deslocada é demais e é algo muito natural, que todos nós fazemos de vez em quando.
A real profundidade dos personagens é algo que veremos no futuro, mas nossa parceira Chloe parece ter uma construção interessante baseada muito na perda de pessoas queridas, o que a fez mudar drasticamente, não só suas atitudes, mas também seu estilo de vida.
O tom da protagonista, Max é de alguém perdida tentando se encontrar no mundo. Ela sentia-se deslocada na cidade em que morava antes, sente-se deslocada em Arcadia Bay e no colégio… talvez esse seu novo dom possa dar-lhe um real sentido para sua vida.
Conclusão
Por razões óbvias, ainda está cedo para dar um parecer final sobre Life Is Strange. Este primeiro episódio serviu basicamente para nos introduzir ao mundo do game, nos apresentar a alguns de seus personagens e aos dilemas e mistérios que aguardam Max e Chloe.
Mas, tal qual um bom livro que prende o leitor já nas primeiras páginas, ficou claro que a história tem potencial, e as maneiras como ela deve se modificar conforme o jogador toma decisões é algo que promete fortes emoções.
Se a história por si só não é necessariamente inovadora (já vimos filmes, séries e games com propostas parecidas… a própria DontNod já brincou com algo parecido no mediano Remember Me), o charme do jogo sem dúvida é capaz de fisgar o jogador.
Como tantos outros jogos, o ideal é experimentar para ver se o jogo é para você ou não. Para nós, este início de Life Is Strange funcionou, e conseguiu nos deixar ansiosos pelo próximo capítulo.
Life Is Strange está sendo lançado hoje, com versões para PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360 e PC.