Análise Arkade: Restaure o mundo e salve o seu futuro em Lost Sphear
Lost Sphear é o segundo game da Tokyo RPG Factory, um pequeno estúdio da Square Enix criado para produzir RPGs ao estilo dos antigos JRPGs, como Final Fantasy e principalmente Chrono Trigger. E agora chegou a hora de fazermos uma análise completa do game!
Um mundo em colapso e assolado por monstros
Em Lost Sphear o mundo está em terrível sofrimento. Gradativamente as coisas começam a desaparecer, por culpa do fenômeno conhecido como “Lost”: Pessoas, objetos e lugares inteiros se tornam brancos e ficam congelados, deixando de existir neste mundo. Além disso, o número de monstros ao redor de todo o mundo aumentou e o mundo tenta sobreviver a esses ataques e a sobreviver ao fenômeno “Lost”.
No meio disso tudo está um jovem chamado Kanata, que descobre que possui o poder de restaurar aquilo que foi perdido, trazendo de volta ao mundo pessoas e até mesmo cidades e regiões inteiras que foram perdidas. Com essa descoberta, ele decide viajar pelo mundo restaurando o que foi atingido pelo Lost e tentar salvar o mundo e entender a causa desse fenômeno, junto de seus amigos de infância Lumina e Locke e de muitos outros companheiros poderosos.
Viajando pelo mundo ao estilo old school
Como é da proposta da própria criação do estúdio, Lost Sphear é um típico JRPG, com batalhas por turnos, World Map, Estalagens para dormir e recuperar HP e tudo mais. O estúdio mais uma vez puxa sua inspiração no clássico Chrono Trigger, com um World Map dividido em pequenas cidades em diferentes continentes e sem os imprevisíveis encontros aleatórios.
Ao jogar você não precisa se preocupar em de repente cair numa batalha aleatória e demorar uma vida para atravessar mapas sendo bombardeado por inimigos a cada passo que der. Os monstros aparecem somente nas dungeons vagando pelos cenários, o que é uma grande vantagem para o jogador, mas que falaremos sobre mais adiante.
Lost Sphear tem duas coisas um pouco diferentes do habitual: Diferente de seu antecessor I am Setsuna, o game possui um protagonista falante e com personalidade definida. A outra é que o game acaba não tendo decisões que afetam o andamento da aventura. Na verdade, existe apenas uma única decisão a ser tomada no game, exatamente em sua última cena, que definirá qual o final do game. Dessa forma a história segure de forma bastante linear, apesar disso acabar não sendo muito prejudicial.
Em I am Setsuna, temos uma história mais madura, cujo principal tema abordado é sacrifício e tristeza. Em Lost Sphear a história tem como tema esperança e amizade. São duas perspectivas diferentes, e ainda que isso faça parecer inicialmente que Lost Sphear é um game mais infantil, ele tem seus momentos em abordar sentimentos de cada um de seus personagens e faz isso de forma belíssima. Enquanto em muitos outros RPGs você pode acabar não gostando de um ou outro personagem de sua party (estou falando de você, Cid de FFVII), aqui todos os personagens são muito carismáticos e com histórias emocionantes!
O game segue também o modelo de sidequests de Chrono Trigger, quando você chega na dungeon final, pode fazer sidequests de cada personagem de sua party, que liberam magias especiais para cada um. Essas side quests mostram um pouco mais da vida de cada um desses personagens, tornando-os ainda mais carismáticos. Por falar em carismático, o vilão do game é um personagem que merece elogios, ele não é do tipo que aparece para a luta final e acabou, ele detém vários momentos de diálogos memoráveis com o grupo de heróis. Tornando a batalha final ainda mais empolgante.
Jogabilidade
Lost Phear segue a mesma jogabilidade de I am Setsuna, mas adicionando alguns recursos extras. As batalhas rolam no bom e velho sistema ATB, em que a vez de um personagem chega quando um medidor de tempo de cada um se enche. Os personagens possuem ataques comuns e skills, que são um conjunto de magias e habilidades equipáveis através das Spritnites, que funcionam como as Materias de FFVII.
Essas Spritnites são equipáveis e exclusivas para cada personagem e consomem MP ao serem usadas. E essas habilidades podem ser melhoradas com outras Spritnites que adicionam efeitos extras. Esses efeitos extras são ativados através do Momentum, um recurso que adiciona efeitos extras às ações dos personagens em batalhas. Quanto mais se ataca, ou fica sem atacar quando o turno de um personagem começar um medidor vai se enchendo. Quando o medidor enche, um ponto de Momentum Charge é adicionado ao personagem, que é usado para adicionar efeitos extras, como recuperar mais HP numa skill de cura, paralisar inimigos e muito mais.
Uma outra novidade são as Vulcosuits, armaduras robóticas que tornam os personagens bem mais poderosos e permite que eles utilizem novos ataques poderosos, além de poder fazer ataques em grupo. O game permite que o jogador utilize até quatro personagens em batalha, permitindo ainda que o jogador os movimente durante seus turnos.
A movimentação é muito importante no game, a começar pela aproximação aos inimigos, chegar por trás lhe dará vantagem em combate, dando um ponto de Momentum Charge para cada personagem e prioridade nos ataques. Na hora de usar skills e ataques, o jogador pode movimentar o personagem pelo cenário antes de aplicar o ataque. Personagens de ataque a distância por exemplo podem se afastar dos inimigos e atacar de longe.
Por fim, a habilidade de Kanata de restaurar pedaços do mapa gera vantagens. Para restaurar o que foi perdido, Kanata precisa de memórias, coletadas ao derrotar inimigos ou nos cenários. Usando eles, o jogador cria monumentos que restauram o cenário e geram vantagens, como fazer inimigos droparem mais itens, recuperar vida enquanto anda pelo mapa, ganhar mais xp e dinheiro das batalhas e etc.
Audiovisual
Lost Sphear possui um visual muito bonito, com personagens em estilo Chibi e cenários que parecem até dioramas. O visual continua muito parecido com o de I Am Setsuna, inclusive repetindo NPCs, como os vendedores de armas e Spritnites, mas adicionando mais alguns pequenos detalhes a eles.
Uma coisa interessante a se notar é parece que há um tema sazonal nos games da Tokyo RPG Factory. Enquanto I Am Setsuna era um game em um mundo no inverno e coberto de neve, aqui temos um visual mais brilhante e amarelado, como se o mundo do game estivesse no outono. As florestas do game possuem árvores com folhas avermelhadas e amarelas, bem como o World Map. Mas dessa vez há uma boa variedade de cenários diferentes ao redor de todo o mundo do game. Isso talvez indicasse que os futuros games da produtora tenham mundos no verão ou primavera.
A parte sonora do game é belíssima, agora há mais instrumentos nas músicas, deixando-as ainda melhores e mais belas, diferente de I Am Setsuna em que as músicas eram tocadas apenas em piano. Os personagens são dublados em japonês durante as batalhas, interagindo entre si durante os combates, apesar de só haver dublagem nesses momentos, o resto do game não é prejudicado por isso. Apesar de haver cenas com muitos diálogos bem extensos.
Conclusão
Lost Sphear é mais um ótimo game da Tokyo RPG Factory, revivendo os bons tempos dos clássicos JRPGs de 20 anos atrás mais uma bela aventura para salvar o mundo. Ao final, o enredo do game acaba sendo menos memorável que seu antecessor, mas isso não tira os seus méritos, com personagens bastante carismáticos, um vilão muito poderoso e presente. E um mundo a beira do desaparecimento mas cheio de histórias para contar.
Se você gosta de JRPGs antigos e quer mais uma vez sentir o gostinho de jogar um, com o bom e velho sistema de batalhas por turnos e estética desses clássicos, Lost Sphear é certamente um game que vai te entreter e te divertir muito!
Lost Sphear foi lançado no dia 12 de outubro no Japão, e foi lançado para o resto do mundo no dia 23 de janeiro, com versões para PC, Playstation 4 e Nintendo Switch.