Análise Arkade: destruindo robôs gigantes no divertido Mechstermination Force
Não se deixe enganar pelo nome complicado: Mechstermination Force é um jogo de ação sem frescura que parece uma versão “boss rush” do bom e velho Contra, e isso vale tanto para a qualidade quanto para o nível de desafio!
Exército de um homem só
Mechstermination Force se passa em um futuro não muito distante no qual a Terra foi tomada por robôs gigantes chamados MegaMechs. Ninguém sabe de onde eles vieram ou o que eles querem, mas é fato que eles estão causando um estrago considerável em nosso querido planetinha.
Para combater esta ameaça colossal, uma força tarefa é criada — adivinha o nome dela? Pois é, Mechstermination Force. A questão é: o que deveria ser um grupo de combate de elite resume-se basicamente ao nosso personagem (ou a uma dupla de protagonistas, visto que ele possui co-op local), pois o resto da galera vai estar o tempo todo dando desculpas para não participar ativamente das batalhas.
Essa é, na verdade, uma das coisas que gostei em Mechstermination Force: esse é aquele tipo de jogo que não se leva a sério, e os diálogos que rolam no quartel general são muito engraçados. Eu gosto desse tipo de humor, e ainda que não haja realmente uma grande narrativa sendo desenvolvida, os papos engraçadinhos que rolam concedem leveza e personalidade ao game.
Na prática é isso: assuma o comando de um destemido soldado e viaje pelo mundo, derrubando robôs que são centenas de vezes maiores do que você. Acumule dinheiro para comprar novas armas e upgrades para sua barra de vida, e boa sorte.
Boss rush de robôs gigantes
Ainda que em uma primeira olhada Mechstermination Force pareça uma versão moderna de Contra, o andamento de sua campanha é diferenciado. Este não é um run ‘n gun de visual 2D, ele é um boss rush bastante desafiador. Isso quer dizer que o jogo não tem fases propriamente ditas, focando-se exclusivamente nas batalhas contra chefes. Algo como Furi, ou Shadow of the Colossus, saca?
Isso poderia render uma experiência sem graça e repetitiva, mas felizmente os caras da Hörberg Productions sabem criar batalhas legais! Os chefes são incríveis, criativos e com comportamentos super variados, com pontos fracos espalhados por seus corpos metálicos gigantescos que você precisa arrumar um meio de acertar. Temos uma arma capaz de atirar em qualquer direção, e um ataque melee que serve especificamente para destruir certos tipos de pontos fracos (os amarelos).
Esse é aquele tipo de jogo que não dá para simplesmente ir “na louca”: você precisa respeitar o espaço do chefe, analisar seus movimentos e assimilar seus padrões de comportamento para saber identificar a brecha que lhe permitirá atacar. Esse tipo de batalha pode ser frustrante e difícil para o jogador mais afoito, mas a satisfação de derrubar o maldito robô gigante depois de algumas tentativas é extremamente recompensador.
Apesar do gênero boss rush em si ser um pouco limitado, o jogo possui um sentido de progressão ao conceder novos equipamentos ao jogador. Não demora para você ganhar um par de manoplas magnéticas que lhe permite escalar os robôs, ou botas que lhe concedem o bom e velho pulo duplo. Usar tudo isso durante os combates é fundamental para o sucesso, e os chefes vão ficando mais poderosos e mirabolantes conforme você avança!
A variedade de chefes impressiona: de caracóis gigantes a dragões robóticos de 3 cabeças, passando por robôs escaladores e enormes centopeias metálicas, cada chefe é realmente único, e vai demandar uma estratégia específica para ser derrubado. E quando você acha que já sacou tudo o que um robô é capaz de fazer, ele se transforma em algo novo, e a batalha ganha uma nova etapa, com dinâmicas totalmente novas.
Improviso e experimentação são importantes aqui. Pode acontecer de um chefe ter um ponto fraco dentro da boca, ou na parte interna da perna, por exemplo. Como alcançar esse ponto fraco? Bom, se você focar seus tiros no pé do robô, pode ser que ele erga a perna por um segundo, permitindo que você passe. Esse tipo de experimentação é importante, então se não souber o que fazer, experimente!
Difícil, mas prazeroso
Enquanto eu jogava Mechstermination Force, um jogo me vinha a mente ocasionalmente: Cuphead. Os jogos sem dúvida têm suas similaridades, mas acho que o Mechstermination pega um pouco mais leve na dificuldade, até por facilitar o acesso do jogador a armas e itens melhores.
Por exemplo, conforme você destrói partes de um robô, pode coletar moedas que vão dropando de sua carcaça metálica. Se você morrer, não perde a grana coletada, o que otimiza a compra de novas armas ou corações de vida. Há até corações de vida “provisórios” para você comprar, que só valem para a próxima missão, mas são bem mais baratos que os upgrades definitivos da barra de vida.
E, é aquilo: Mechstermination Force é um jogo de decorar padrões. Morrer e tentar de novo faz parte do processo, justamente porque você precisa entrar nesse loop de “tenta-morre-tenta de novo” para assimilar o comportamento do inimigo. Isso é algo que a gente aprendeu a fazer lá nos anos 90, e jogos como Contra, Double Dragon, Castlevania e Ghouls ‘n Ghosts meio que nos prepararam para esse tipo de experiência.
Audiovisual
Mechstermination Force é um jogo 2.5D com visual colorido e simpático. O protagonista em si — há 4 opções de personagem selecionável — nem se destaca muito, o foco aqui está nos robôs gigantes, e o design e a direção de arte deles é incrível. Como já dito, nenhum chefe é igual ao outro, e o visual de cada um é criativo e exótico.
Em alguns momentos a gente mal consegue enxergar nosso personagem na tela — eu mencionei que os chefes são gigantes? Pois é –, mas nossos tiros são bem visíveis, e os bons efeitos de iluminação e reflexos garantem que a gente sempre saiba onde está.
A trilha sonora não é nada realmente memorável, mas cumpre seu papel, tendo um ar um tanto militarista que combina com a proposta de “última esperança da humanidade” que o game carrega. Os sons de tiros, explosões e lasers, por sua vez, são muito competentes, e de fones de ouvido a gente realmente é transportado para dentro dos combates.
Conclusão
Mechstermination Force é um jogo simples, direto ao ponto e muito legal. Confesso que eu nem sabia da existência dele até receber o código de review, mas foi uma daquelas gratas surpresas, e é sempre bom ser surpreendido (positivamente) por um jogo que a gente mal conhecia.
Então, se você curte enfrentar robôs gigantes e não tem medo de encarar um desafio de alto nível, Mechstermination Force é recomendadíssimo. O gênero boss rush é um tanto limitado em seu escopo, mas o jogo sem dúvida faz tudo o que se propõe a fazer com muita competência.
Mechstermination Force foi lançado ontem (04/04), exclusivamente para o Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português (que parece ser de Portugal, mas quebra um galho).