Análise Arkade: Monster Hunter Wilds é o ápice da franquia (até então)

5 de março de 2025
Análise Arkade: Monster Hunter Wilds é o ápice da franquia (até então)

Finalmente um dos jogos mais aguardados de 2025 (talvez o primeiro do ano) está entre nós! Desde o sucesso estrondoso que Monster Hunter World fez lá em 2018, muitos se perguntavam quando a franquia traria outro game mais focado no público ocidental (já que Monster Hunter Rise não caiu nas graças do ocidente). E é exatamente para este público que Monster Hunter Wilds chega.

Anunciado inicialmente no final de 2023, o game chegou aos PCs, Xbox Series e PlayStation 5 no dia 28 de fevereiro… com alguns problemas de performance que atrapalham a experiência, mas nem de longe conseguiram apagar seu brilho entre os jogadores (o que, nos dias atuais, é algo verdadeiramente surpreendente).

Mas então, por que Monster Hunter Wilds agradou tanto o público e a crítica mesmo com problemas de desempenho aos montes? Pois bem, que tal falarmos mais sobre isso nesta análise completa?

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Rumo a territórios esquecidos

Antes de mais nada, por mais incrível que possa parecer, Monster Hunter Wilds possui uma história até bem interessante. Digo isso pois a franquia é conhecidamente marcada por histórias e personagens esquecíveis uma vez que o foco é completamente voltado para a gameplay. Mas a franquia já vinha flertando com histórias um pouquinho melhor trabalhadas desde Monster Hunter 4 Ultimate de Nintendo 3DS.

Agora em Monster Hunter Wilds ela encontra seu ápice até então nesse aspecto, com personagens verdadeiramente carismáticos e um enredo que chama atenção. Nessa nova aventura, acompanhamos um grupo de exploradores rumo a um território até então desconhecido que, por muito tempo, foi considerado morto e vazio. Essa região desértica que era considerada o limite do mundo conhecido se provou cheia de vida e com povos isolados cheios de histórias próprias.

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Com isso, após alguns eventos emergenciais, nosso personagem acaba na liderança de um grupo de caçadores que precisa desbravar essa nova região e encontrar os povos esquecidos a fim de, talvez, reconectar leste e oeste no mundo da franquia.

Interessantíssimo notar como essa história acaba, de uma forma metafórica, representando o que Monster Hunter Wilds é para nós. Afinal, ele é o equilíbrio perfeito entre os games mais originais da franquia, voltados para o público oriental, e os títulos feitos pensando em agradar o ocidente (como foi Monster Hunter World). Unindo assim “leste e oeste” sob um único jogo. Bem bacana pensar dessa forma, já que Monster Hunter Wilds traz, em muitas camadas distintas, uma evolução marcante para a franquia.

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Uma evolução direta de MH World

Falando do que talvez seja o ponto mais conhecido da maioria dos jogadores hoje em dia, Monster Hunter Wilds é uma evolução de MH World em todos os aspectos. Ele tem modelos mais detalhados de cada monstro, um mundo muito mais imersivo e rico em detalhes, além de histórias mais envolventes. Mas claro que não estamos falando só de evoluções gráficas e narrativas aqui.

No que representa as mecânicas de jogo, Monster Hunter Wilds supera e muito tudo que havia sido feito na franquia até então. Não porque reinventa a roda, mas porque pega tudo que foi considerado um acerto e melhora ainda mais cada uma desses elementos, ao mesmo tempo em que não hesita em abandonar conceitos que talvez mais atrapalhassem do que qualquer outra coisa.

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O arroz com feijão da franquia ainda está aqui: caçamos monstros, coletamos suas partes, construímos armas e equipamentos mais fortes para subirmos nosso ranque de caçador e podermos enfrentar monstros ainda mais fortes, fazer novas armas e por aí vai. Não é nessa fórmula que a Capcom mexeu diretamente, mas sim nos detalhes que fazem ela acontecer.

O grind está muito mais orgânico em Wilds como nunca foi nos jogos anteriores. A movimentação é mais fluida, independente da arma que você utilize. As hit boxes dos monstros e dos nosso personagens nunca estiveram tão acertadas, deixando as batalhas ainda mais épicas e com momentos marcantes. Todas as armas passaram a ter novos movimentos e sofreram um rebalanceamento minucioso. Tudo aqui funciona bem demais como uma evolução da franquia.

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As influências de MH Rise e das raízes da franquia

Além disso, mesmo que a receita principal da franquia esteja intacta e as influências diretas de Monster Hunter World sejam bem claras, a Wilds não ignora aquilo que foi feito com excelência no lado mais oriental da franquia. Mesmo que uma maioria não tenha jogado Monster Hunter Rise (que analisamos aqui no Arkade em seu lançamento para Switch e para PCs), as influências dele em Monster Hunter Wilds são bem marcantes também.

A montaria que temos em Wilds, os simpáticos pássaros/lagartos Seikrets são uma clara evolução dos Kanynos de Rise. Eles tornam a movimentação muito mais fluida e dinâmica nos combates, mas sem a leveza exagerada que tínhamos em Rise, trazendo de volta o peso do golpes tanto dos nossos personagens quanto dos monstros que enfrentamos. Além de servirem também como uma extensão do nosso inventário, permitindo que o jogador recarregue potions e até troque entre duas armas diferentes durante as lutas.

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Os Seikrets são completamente customizáveis

As mecânicas de cabinsetos de Rise foi abandonada, retornando ao estilo de tentativa de agarrão nos monstros que víamos em World, mas com uma combinação com as montarias que deixa tudo muito mais divertido que antes. Além disso, determinados biomas pegam emprestado visuais mais orientais que bebem bastante da fonte de Rise e das raízes da franquia. O que acaba sendo uma espécie de aceno para os fãs mais “puristas”.

Com tudo isso, Monster Hunter Wilds ainda consegue ir além da mescla de qualidades de Rise e World, trazendo inovações narrativas, de mecânicas e de recursos que representam um próximo passo evolutivo para a franquia. Por exemplo, temos mais variantes de monstros agora, às quais não posso explicar a fundo para não dar spoilers do enredo do jogo. Além de conceitos que evoluem a fórmula da franquia de modos interessantes e criativos.

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O melhor ritmo de jogo de toda a franquia

E por falar em evolução, talvez o maior acerto do jogo seja o seu ritmo. Monster Hunter sempre foi uma franquia conhecida por ser um JRPG mais denso, com toneladas de horas de grind massivo para se obter recursos poderosos e lutas desleais contra monstros implacáveis. E isso fez a franquia ficar por muito tempo em um nicho pouco usual, levando décadas para ser considerada de fato uma AAA.

Mas Monster Hunter Wilds mostra um ápice de todos esses anos de evolução e adaptação ao grande público, mas sem abandonar os conceitos pelos quais essa IP se tornou tão única. O ritmo de obter recursos e construir armaduras é muito mais orgânico agora, mais do que nunca fora na franquia até então. Mas isso não faz do jogo algo fácil demais, na verdade, ele possui uma curva de dificuldade bem justa nesse aspecto.

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Novos jogadores vão poder rapidamente se deliciar com o ritmo de combates e crafting pelos quais a franquia ficou tão marcada com os anos. Mas para jogadores mais veteranos, sabemos que “o jogo só começa no pós-game” e é nele que está de fato o desafio mais “hardcore”. Só nos ranques de jogo mais altos que o ritmo de grind começa a pesar mais, tornando a evolução cada vez mais demorada,o que faz todo sentido.

Mas isso só acontece de fato após o encerramento da história principal, que leva cerca de 20 a 25 horas para ser completada, isso se você não optar por fazer todas as missões secundárias, o que faz essa jornada levar umas 40 horas. Já o pós-game gira em torno de missões e histórias complementares ao enredo principal, que servem de desculpa para a caçada continuar, com uma subida considerável do nível de desafios, mas de um modo muito orgânico e prazeroso.

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Deslizes já bem conhecidos da Capcom

Mas com tudo que o game acertou, não podemos deixar de falar de alguns problemas drásticos que o acompanham por enquanto. Isso porque, quando falamos de visual e desempenho, Monster Hunter Wilds desliza com força. O jogo foi lançado com problemas graves de fechamento repentino nos PCs, além de bugs de carregamento de textura que acabavam com a imersão do jogo, tornando tudo bastante difícil de se aceitar.

Porém, a Capcom tem sido relativamente rápida em resolver os problemas mais drásticos de desempenho, com quatro atualizações já tendo sido lançadas para corrigir os casos mais graves. Importante dizer também que a maioria desses problemas independe das configurações do PC do jogador, ocorrendo tanto em placas RTX 4000 quanto em máquinas mais modestas. Chegou ao ponto da própria Capcom soltar um post em suas redes dando dicas de como melhorar o desempenho do jogo no seu PC.

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Mas para além dos bugs a serem corrigidos, eu senti um pouco de falta das cores em Monster Hunter Wilds. Não me entenda mal, ele tem cenários muito bonitos e um dos desertos mais belos que eu já vi em um videogame. Mas alguns biomas mais avançados parecem cinzentos demais. Eles têm variações e complexidades interessantes, mas visualmente são exageradamente foscos e sem vida, tornando as lutas nesses biomas até um pouco menos exuberantes.

Fora isso, os recursos mais avançados como geração de quadros com IA e melhoria da resolução não vêm funcionando muito bem em PCs medianos (onde eles seriam mais úteis), criando uma oscilação exagerada de resolução e texturas que torna a jogatina um pouco estranha vez ou outra.

O próprio Ray-tracing não tem funcionado muito bem, exigindo muito processamento e entregando poucas diferenças visuais, — não por acaso, muitos sites especializados estão recomendando que você jogue com este recurso desligado.

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Um jogo excelente, mas bem longe da perfeição

Mas afinal, por que mesmo com tantos problemas Monster Hunter Wilds continua agradando público e crítica? Bom, muitos podem ser os fatores envolvidos nesse caso. Mas falando propriamente do jogo em si, o principal motivo talvez seja que as suas qualidades superam em muito os seus defeitos. Defeitos esses que, esperamos, serão remediados em breve.

Além disso, os problemas de otimização de Monster Hunter Wilds parece ocorrerem de forma mais aleatória do que em outros jogos. Eu mesmo testei o jogo em três máquinas diferentes: um notebook nos requisitos mínimos do jogo, um PC Gamer com requisitos medianos e uma RTX e no Steam Deck. Antes do lançamento o jogo estava rodando melhor no notebook do que no PC Gamer, com o Steam Deck rodando bem mal. Após o lançamento eu joguei muito mais o game no próprio Steam Deck, que passou a funcionar a 30 fps relativamente estáveis.

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Você que está lendo esse texto pode jogar o game de cabo a rabo e não passar por nenhum problema de otimização. Ou então o jogo pode não sair do seu menu principal sem fechar. Mas para além dos problemas em si, a honestidade da Capcom em admitir as dificuldades de otimização e prontamente estar lançando diversas atualizações para corrigir todos os problemas o mais rápido possível acalma bastante os jogadores.

E no saldo final, mesmo com problemas técnicos, Monster Hunter Wilds é tudo que qualquer um poderia esperar de uma evolução da franquia. Talvez um dos melhores exemplos em videogames como um todo de como um jogo pode se tornar mais popular e para diversos públicos sem perder suas origens e aquilo que faz ele se diferenciar como franquia.

Monster Hunter Wilds ainda é Monster Hunter, talvez seja em sua melhor forma ainda por cima. Mas agora, mais do que nunca, ele pode agradar a um maior número de pessoas.

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Um sucesso absoluto com muito ainda por vir

E o que eu digo sobre o jogo agradar ainda mais jogadores agora do que nunca antes não é um mero exagero editorial da minha parte, é um fato. Ontem mesmo a Cacpcom divulgou que o jogo conseguiu vender absurdas 8 milhões de cópias em apenas 3 dias. Além disso, ele também já é o quinto jogo com maior número de jogadores simultâneos da história da Steam, passando de 1 milhão e 300 mil jogadores ao mesmo tempo. Monster Hunter Wilds não só superou os números de World como se tornou o novo maior sucesso de vendas da Capcom!

É admirável notar que mesmo em uma empresa com tantas franquias de peso, que tem nomes como Resident Evil, Street Fighter, Devil May Cry, Dragon’s Dogma e Okami em seu catálogo, a franquia Monster Hunter conseguiu escalar aos pouquinhos ao longo de décadas e finalmente alcançou o topo.

Se esse topo já havia sido alcançado em MH World, agora com Monster Hunter Wilds fica claro que não foi um golpe de sorte. Aqui temos a consolidação do sucesso da franquia como uma das maiores da atualidade.

Monster Hunter Wilds foi lançado no dia 28 de fevereiro de 2025 para PCs (via Steam e Epic Games), PlayStation 5 e Xbox Series. Pela primeira vez o jogo se encontra totalmente localizado em português brasileiro, contanto inclusive com dublagem em nosso idioma.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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