Análise Arkade – A pancadaria digital em Digimon All-Star Rumble
Depois de 10 anos desde Rumble Arena 2 os Digimons caem novamente na pancadaria em All-Star Rumble. Confira com a gente em mais uma análise o que achamos de combater novamente com os monstros digitais.
A série Rumble sempre fez bastante sucesso nas gerações passadas. Começando com Rumble Arena lançado para o primeiro Playstation em 2002, durante o auge do sucesso dos monstros digitais. Seguido por Rumble Arena 2 para Playstation 2, Gamecube e o primeiro Xbox. Estes jogos ficaram conhecidos por ser uma espécie de Super Smash Bros, mas com digimons. E após todos estes anos a série volta a dar as caras, depois de tantos pedidos dos fãs.
Chegando para a geração passada, o novo Digimon surpreende pelo magnífico trabalho de localização em português brasileiro. Sem qualquer erro de gramática e adaptando muito bem nossas gírias e expressões, como um “aí sim!” de concordância, ou aquele famoso “afff” de desapontamento. As vozes estão em inglês, mas os menus, textos e legendas podem ser configurados em suas opções. Excelente trabalho, Namco-Bandai!
QUE COMECE A AVENTURA!
Digimon All-Star Rumble começa com apenas três modos de jogo: História, Batalha e Treino. O modo principal, História, vem com um enredo simples para explicar porque os digimons entraram para a briga. Após todas as aventuras que os monstrinhos tiveram no anime, o Digi Mundo estava em completa paz, uma paz até duradoura. Não existiam mais perigos e nem batalhas, e por isso , nenhum digimon conseguia digievoluir para se tornar mais forte. Cansados de todo o tédio, um torneio foi criado para permitir que os digimons digievoluam, visto que isso só é possível em batalha. Assim, o torneio se iniciou e vários digimons se inscreveram, cada um com seu motivo particular (alguns muito hilários).
A aventura progride de dois modos, primeiramente controlamos nosso digimon em pequenas fases até chegar ao seu final, onde está o oponente do torneio. No caminho, existem digimons selvagens de mau-humor querendo batalhar, em um pequeno beat’em up sem dificuldades. Derrotando os inimigos e quebrando caixas e baús pelo cenário, é possível coletar bolas de energia que recuperam o PS, que é a barra para ataques especiais, como bolas de fogo, raios e etc. Ou então coletar bits, a moeda do jogo. Vez ou outra algum digimon “dropará” pedaços de carne, que recuperam a vida perdida nas batalhas. Algo muito útil para o fim de cada fase.
Ao final de cada fase encontra-se um orelhão (lembra deles? Aqueles telefones no meio da rua, que existiam antes dos celulares dominarem tudo?) onde você poderá salvar o jogo, ao lado do oponente da rodada. Conversando com o oponente temos alguns diálogos simples, mas vez ou outra bem engraçados e as batalhas em si. Porém, você só enfrentará o oponente estando nas mesmas condições que chegou até ele.
OS DIFERENTES MODOS DE PANCADARIA
Uma evolução para os jogos anteriores, agora as batalhas acontecem em arenas 3D, diferente dos cenários 2.5D das versões anteriores, contendo armadilhas e power-ups. Cada digimon possui sua lista de combos, todos simples de realizar com sequências do mesmo botão e combinando-os. Existem três tipos de ataque: curto alcance rápido, curto alcance forte, e ataques a longa distância (que pode ser carregado para causar mais dano), que consomem a barra de magia (PS). Um botão para defesa e um para esquiva e cancelamento de ataques, que também gasta magia. Usando a esquiva no momento que o inimigo te acertar, você se “teleporta” para trás do inimigo, podendo contra-atacar. E o mesmo botão cancela combos que o jogador estiver fazendo, permitindo variar seus ataques e criar novos combos. E carregando o botão para ataque de curto alcance forte, é possível jogar os inimigos no ar e iniciar uma sequência poderosa de combo aéreo.
Cada batalha ocorre de forma diferente, e elas aceitam no máximo 4 participantes. Existem seis modos de batalha diferentes: Tempo, Sobrevivência, Medalha, Disputa de Dano, Pega Bandeira, Batalha de Bomba. No modo Tempo os jogadores batalham para ver quem consegue derrotar mais inimigos antes do tempo acabar. E ao ser derrotado, a pontuação de um jogador diminui, fazendo-o ir atrás do prejuízo derrotando outros jogadores. No modo Sobrevivência, como o nome diz, o último jogador vivo vence. Cada jogador possui três vidas, quem ficar de pé até o fim vence, sem limite de tempo.
No modo Medalha, cada jogador derrotado solta uma medalha no cenário, quem pegar primeiro a conquista. E quem conseguir 3 medalhas primeiro vence. Em Disputa de Dano, vence o jogador que causar mais dano acumulado ao final do tempo. Quanto mais atacar, mais pontos conquistados. Pega Bandeira funciona semelhante a Disputa de Dano. Porém quem tiver a bandeira ganha pontos extras a cada segundo. E por fim a Batalha de Bomba, que é exatamente igual ao sobrevivência. No entanto todos os inimigos possuem uma bomba em suas costas, quando a bomba explode, o jogador perde uma vida, causando também dano nos inimigos próximos. Vence o último a se manter de pé.
Além disso, existem itens que podem mudar completamente o rumo das batalhas. Nas arenas de batalha após um período de tempo aparecem power-ups para os jogadores. Como item de cura, um míssil teleguiado (porém lento), um furacão que envolve o jogador e o torna muito poderoso, um raio poderoso e atordoante que cai do céu, um item para digievoluir instantaneamente, e o mais legal de todos que é o que transforma o inimigo num Numenon. Se você não o conhece, é aquele digimon com aparência de lesma verde e que joga cocô nos inimigos!
O modo de Medalha é exclusivo para o modo de batalhas, fora da história. No modo história as batalhas acontecem sempre 1 contra 1. Mas no modo de batalha até 4 jogadores podem se divertir. Em batalhas do tipo cada um por si ou 2 contra 2.
DIGICARDS E DIGIEVOLUÇÕES
Uma novidade é o uso de Digicards. Se você assistia o anime deve se lembrar da época onde os digimons se tornaram cartas no mundo humano, e para interagir com eles e fazê-los digievoluir era preciso coletar essas cartas. Isso faz parte do jogo, num recurso interessante de power-ups “passivos”. Cada digimon pode ter dois cards equipados: um para ataque e um para defesa. Os cards possuem um digimon representado, uma letra para classificar a raridade: C (menos rara), B, A e S (mais rara), uma classificação, que influencia quais digimons podem equipá-la e um número de poder e sua porcentagem de ativação.
Os cards são ativados após realizar ou ser atingido por um combo, dependendo de sua porcentagem de ativação. Os cards ativam-se aleatoriamente, e podem ser ativados mais de uma vez por batalha. Os efeitos são variados, e vão desde recuperar pontos de vida, causar dado a um ou a todos os adversários, anular o efeito do card adversário e etc. E se dois lutadores estiverem equipados com cards, ao final de um combo o card com maior pontuação vencerá a disputa. Uma boa escolha de cards antes das batalhas pode fazer muita diferença. Existem ao todo 200 cards, que podem tanto ser encontrados no modo história ou comprados, em ofertas de 3 a três. Apenas 3 cards são vendidos por vez, e ao entrar de novo no menu de cards novas 3 cartas estarão a venda.
Por fim, temos as famosas digievoluções! Elas ocorrem ao carregar a barra de PE, em forma de círculo. Essa barra se carrega ao bater nos inimigos, ou mesmo socando o ar (porém de forma mais lenta). Ao carregar esse círculo, ele começará a brilhar, e aí chega o tão esperado momento, que ocorre ao apertar os botões de defesa e esquiva: a digievolução acontece. Diferente das versões anteriores, que possuíam uma primeira digievolução e então a forma final, em All-Star Rumble temos somente uma digievolução durante as batalhas, infelizmente. Cada digimon ainda possui uma digievolução alternativa, para desbloqueá-las basta terminar o modo história com cada um dos digimons, existe uma digievolução alternativa para cada personagem, que só pode ser escolhida no menu de seleção de personagens. Infelizmente, alguns digimons compartilham a mesma digievolução alternativa, o que quebra a variedade de transformações totais que cada um poderia ter.
Na forma evoluída, os pontos de vida do digimon aumentam, bem como sua força. Possuindo cada um: um combo, um ataque a longa distância e um ataque forte. Tanto nas formas originais e nas formas evoluídas existem ataques carregados que causam mais dano. E nas formas evoluídas encontram-se os ataques especiais. Toda digievolução possui seu próprio ataque. Para usá-lo, basta recarregar novamente a barra de evolução batendo no inimigo. Quando ela estiver carregada, é só apertar defesa e esquiva e uma bela animação exibirá o potente golpe especial. Ao usar esse golpe o digimon volta imediatamente a sua forma original.
O GAME QUE MUITOS QUERIAM, MAS QUE PODERIA TER SIDO MELHOR
Apesar do divertido combate e das novidades do game, infelizmente houveram coisas que deixaram a desejar. A lista completa de personagens, excluindo digievoluções é de apenas 12 personagens, deixando de fora vários personagens queridos pelo público. Além disso, algumas digievoluções alternativas são incoerentes com o personagem.
O modo história possui poucas fases, e enfrentar os (poucos) inimigos pode rapidamente se tornar algo repetitivo. Se houvesse mais variedade de fases para cada digimon o jogo se renovaria a cada nova aventura, aumentando sua diversão. E voltando ao número de lutadores, o game bem que poderia ter mais personagens, dando mais opções de escolha ao jogador e até mesmo expandindo o modo História, que apesar de fazer o “simples, porém divertido”, poderia durar mais.
Graficamente, o jogo é bonito mas nada revolucionário, porém com certas falhas de acabamentos, principalmente nas sombras, totalmente serrilhadas, parecendo mais um defeito técnico do que a sombra em si. A parte sonora conta com os dubladores da versão americana do anime. Para nós brasileiros muitas vozes podem parecer muito estranhas, e algumas dublagens não são tão empolgadas quanto deveriam. As músicas de batalha são animadas e combinam com as arenas escolhidas. Arenas como as Planícies Digitais possuem sons mais rápidos, e arenas como a Praia Coela tem músicas mais calmas e serenas. Bem como o Vulcão Comber, uma arena dentro de um vulcão ativo, embalada por um rock pesado.
E o maior defeito do jogo é a ausência de um modo online. Em tempos onde 100% dos jogos de luta possuem um modo online, a falta desse modo prejudica a longevidade do game, que poderia render horas e mais horas de diversão online entre amigos ou mesmo com desconhecidos testando suas habilidades. O multiplayer fica restrito para partidas locais e entre 4 jogadores, o que é algo bom, pois resgata a diversão de reunir os amigos para a diversão em conjunto. Além é claro da falta de um video de abertura, uma chance perfeita, porém desperdiçada de relembrarmos o clássico tema cantado pela Angélica!
No geral, Digimon All-Star Rumble é um game bem divertido, que peca pela repetição, pouca variedade de personagens e falta de um modo online, mas que pode divertir bastante quem conseguir reunir a galera para a jogatina. O game poderia ter sido muito melhor, mas sua própria “simplicidade” o prejudicou.
Digimon All-Star Rumble está disponível para PS3 e Xbox 360, produzido pela Namco-Bandai.