Análise Arkade: Pharaonic é um Souls-like 2.5D com visual estiloso e temática egípcia

17 de outubro de 2017

Análise Arkade: Pharaonic é um Souls-like 2.5D com visual estiloso e temática egípcia

Que tal um Souls-like diferente? Pharaonic é um jogo 2.5D ambientado no antigo Egito com visual estiloso e um bom desafio, confira nossa análise!

Escravo guerreiro

Em Pharaonic, assumimos o papel de um ex-escravo (ou escrava, é possível escolher o sexo do personagem e customizar um pouco sua aparência) que recebe inesperadamente a dádiva da liberdade. Ao invés de sair correndo, porém, ele decide se equipar, para acabar com o legado de injustiça e sofrimento perpetrado por um faraó tirano.

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Claro que esta tarefa não será nada fácil: o tal “faraó vermelho” tem um verdadeiro exército à sua disposição, e suas tropas não pouparão esforços para eliminar o escravo fujão e evitar uma rebelião em massa.

E não pense que apenas os simples guerreiros humanos serão o seu problema: a ambientação egípcia permitiu que os produtores dessem asas à imaginação, de modo que, no decorrer da campanha, enfrentaremos criaturas sobrenaturais e inimigos que fazem alusão a divindades do Egito.

Quase um Dark Souls 2.5D

A popularidade do sub-gênero Souls-like deu origem à uma grande sorte de jogos com mecânicas similares ao sucesso da From Software. Algumas dessas “cópias” são boas, outras nem tanto, mas, salvo raras exceções, todas são RPGs de ação tridimensionais.

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Pharaonic foge deste clichê, e se apresenta como um jogo de exploração 2.5D. O personagem se move para a direita e esquerda — como em um side scroller — mas há muita profundidade de campo. Porém, mesmo quando avançamos para “o fundo” do cenário, a câmera muda para manter a perspectiva.

Apesar deste diferencial, a essência do gameplay é claramente inspirada em Dark Souls e seus derivados: temos dois tipos de ataque, bem como movimentos de defesa, parry e esquiva. Praticamente qualquer ação consome sua barra de stamina, e se ela zerar seu personagem fica vulnerável e cansado.

Confira um pouco de gameplay abaixo:

Você deve ter reparado que o que temos aqui são combates relativamente estratégicos, onde sair apertando ataque loucamente é uma sentença de morte: tudo é uma questão de timing e posicionamento, e a ideia é aproveitar a guarda baixa de um inimigo imediatamente depois de um ataque falho para atacá-lo.

Dominar o parry é fundamental, mas é um dos principais desafios do game. Não vá esperando um marcador na tela dizendo a hora de apertar o botão, aqui a coisa é no feeling, mesmo, e você precisa “ler” a linguagem corporal do inimigo para tentar rechaçar seu ataque na hora exata, o que abre sua guarda para um contra-ataque matador!

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A prática torna os combates 1×1 relativamente fáceis depois de um tempo, mas logo começam a surgir novos tipos de inimigos menos previsíveis, bem como grupos maiores que criam emboscadas para te cercar pelos 2 lados. O segredo é ter jogo de cintura, e saber que, além dos inimigos, os cenários também escondem armadilhas letais, ou seja, atenção redobrada quando estiver simplesmente explorando!

Isso cobre apenas o básico, mas também o cerne do gameplay. Pharaonic é quase um game de duelos — avance um pouco, encontre alguns inimigos, prossiga mais um pouco, encare mais inimigos. A cadência do game — e o fato dele ser side scroller — me lembrou um pouco do clássico Karateka, mas esta é uma referência que eu não sei se todo mundo aí vai pegar.

Um RPG simplificado

Ainda que não tenha a complexidade de Dark Souls em seus menus e equipamentos, Pharaonic tem sim um pezinho no RPG. Você começa sua jornada praticamente pelado (literalmente e figurativamente), mas vai coletando armas, escudos e peças de armadura conforme elimina inimigos e explora os ambientes.

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Existem diversos tipos de armas diferentes; de adagas e espadas de uma mão até maças, lanças  e enormes machados de duas mãos. Cada arma possui vantagens e desvantagens, e os stats mostram quais são mais rápidas ou mais poderosas. O mesmo vale para as armaduras, e além do nível de poder dos equipamentos, você também deve ficar de olho no peso deles, pois ficar muito pesado compromete muito suas esquivas e a sua eficácia em combate.

Completam as similaridades com a série Souls os save points e itens de energia: nada de save automático aqui,  você deve rezar perante estátuas se quiser guardar seu progresso, e não recomendo que abuse disso, pois cada save revive todos os inimigos comuns de uma área. Já os itens de energia são cantis, que devem ser preenchidos nas (escassas) fontes que encontramos pelo caminho.

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Uma coisa meio chata é que as estátuas/checkpoints ficam bem longe umas das outras, o que pode te fazer perder um tempo considerável de jogo caso morra. Aliás, caso seja abatido, um orbe luminoso com sua experiência acumulada até ali pode ser resgatado no local onde você morreu… mais ou menos como em Dark Souls.

Audiovisual

Ainda que seja um jogo de visual relativamente simples, Pharaonic possui uma identidade muito própria. Seu visual — um mix de cartoon com low poly — é estiloso, e a bem escolhida paleta de cores combina com o tema e agrega muito ao conjunto da obra.

O fato de sua câmera não ser tão fixa também é interessante: vez ou outra vemos a ação meio na diagonal, e a interessante sobreposição de “camadas” dos cenários cria belas composições, ainda que alguns pilares possam esconder inimigos e armadilhas. Tochas, fogueiras e os efeitos luminosos de magias também rendem efeitos interessantes.

Os diálogos são apenas em texto, e o que ouvimos de vozes são basicamente gritos de combate, choros e resmungos. A trilha sonora também é bastante sutil, o que deixa espaço para os efeitos do ambiente e dos combates se destacarem. Felizmente, eles são bons o bastante para não decepcionarem, e tornam o jogo bem imersivo e atmosférico. O Egito é um tema rico e bem pouco explorado nos videogames — se bem que Assassin’s Creed Origins vem aí para mudar isso –, e Pharaonic no geral faz um bom trabalho em representar esta cultura.

Conclusão

Pharaonic não almeja tirar Dark Souls de seu trono, nem nada do tipo. Ele é um Souls-like bem simplificado, mas honesto, e possui profundidade e estilo de sobra para agradar quem busca novas aventuras dentro deste nicho.

Análise Arkade: Pharaonic é um Souls-like 2.5D com visual estiloso e temática egípcia

Não há uma grande história sendo desenvolvida, de modo que cabe ao gameplay a missão de manter o jogador interessado. Se não é inovador, ele pelo menos transfere algo já conhecido para uma nova perspectiva com bastante competência.

Pharaonic pode não ser o melhor Souls-like do mercado, mas sem dúvida é um dos mais “diferentões”. E só por não ser mais um RPG de mundo aberto ele já merece uma chance, afinal, chega de RPGs de mundo aberto né? Por aqui tá faltando tempo pra jogos de +50 horas, então aventuras mais simples e lineares são muito bem-vindas.

Pharaonic recebeu uma Deluxe Edition em  22 de setembro, e foi esta a versão que testamos para esta análise. O game também está disponível para PCs, e possui menus e legendas em português brasileiro com traduções um pouco rústicas, mas esforçadas.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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