Análise Arkade: République (iOS) impressiona e leva os jogos móveis a um outro nível
Jogos móveis ainda são tratados como meros passatempos casuais por muita gente. Claro que existem alguns bons games mais complexos e que exigem mais dos aparelhos e de seus usuários, mas nomes como Angry Birds ou Candy Crush são praticamente sinônimos da jogatina em smartphones e tablets. Mas agora a Clamoufaj apresenta a qualidade e a ambição de République, projeto que pode levar os jogos móveis a um novo nível. Confira nossa análise na sequência!
République é um jogo de furtividade, mas sem espiões. Esqueça a furtividade letal de Snake e Sam Fisher, a personagem em questão é uma fugitiva chamada Hope que nem controlada é. Você apenas comanda seus passos e abre caminho para a fuga da garota. Isso pode parecer chato, mas na verdade é um novo jeito de se jogar em celulares e tablets.
A Camouflaj criou uma experiência sempre tensa, já que além de não controlar diretamente sua personagem, ela é apenas uma fugitiva, sem experiência em combate nem armas, contando apenas com uma ferramenta aqui ou um spray de pimenta ali, entre outros.
Você faz tudo por um sistema de celular, com um software que além de invadir as câmeras, também podem ser atualizada e desbloquear portas mais complexas além de observar itens e ajudar a analisa todo o local (Watch Dogs vai fazendo escola antes mesmo de ser lançado).
A mecânica é simples: entre numa sala, observe o ambiente, fuja do guarda, entre na próxima sala… mas tudo isso é feito com muito dinamismo graças ao fator “sempre alerta” que o jogo oferece.
Você pode comandar as câmeras do lugar, ajudando Hope a encontrar caminhos livres ou aguardar um guarda sair de seu posto, também podendo encontrar itens escondidos e roubar equipamentos dos guardas, além de fichá-los.
O controle diferenciado não é a única qualidade do jogo, pois République conta também com visual e animações de primeira qualidade. As expressões faciais assustam (positivamente) e os locais, embora todos semelhantes – não sabemos se é por causa das limitações dos aparelhos, se foi uma decisão baseada na história envolvendo ditadura ou se é apenas preguiça mesmo – são bem detalhados e obscuros, contribuindo com a sensação de tensão do jogo.
Falando em história, République insere a a sua num futuro onde um governo ditador e totalitário proíbe com punho de ferro qualquer coisa que seja contrária às suas vontades. Hope, a protagonista de quem temos que “tomar conta”, foi presa acusada de estar “contaminada” ideologicamente.
A partir de sua fuga, elementos da história vão sendo revelados pouco a pouco, ajudando a entender mais sobre o mundo e a personagem. Os itens que estão espalhados pelos cenários ajudam mais ainda a entender a história, lembrando muito os arquivos de games como Resident Evil.
O único ‘problema’ é que o jogo é muito curto: em uma hora e meia completamos o primeiro episódio. O lado bom é que République terá outros 4 episódios que serão disponibilizados a parte (mais ou menos como a Telltale faz). Você pode comprá-los um a um ou investir em um pacote que garante acesso a todos os episódios com 25% de desconto.
République é um jogo que conta com a experiência de profissionais que trabalharam com Halo e Metal Gear Solid. David Hayter, a eterna voz de Solid Snake, está nesse jogo. Talvez por isso, temos nos iPhones e iPads um jogo com uma personalidade muito forte, com muita beleza visual e uma narrativa acima da média. A interação minimalista com a personagem também funciona surpreendentemente bem, e deve servir de referência para futuros títulos mobile.
O primeiro capítulo de République já está disponível na AppStore e com todos os elogios que vem recebendo, a tendência é que mais jogos móveis possam tirar lições com o jogo da Camouflaj e iniciar uma nova tendência nestas plataformas, que são tão ricas, mas tão carentes de imersão.
Apesar de ser curto e ter seus deslizes, République é um jogo ousado e criativo, que foge do “casual” para oferecer algo muito mais denso e imersivo do que estamos acostumados a ver em tablets e smartphones.