Análise Arkade: Rocket Arena mistura conceitos de Overwatch com Super Smash Bros
Imagina que loucura um jogo que mistura tiro em terceira pessoa, visual num estilo meio Overwatch, e mecânicas de vitória no estilo Super Smash Bros. Pois a EA lançou esse jogo recentemente, ele se chama Rocket Arena, e você confere agora nossas impressões sobre ele!
O que é Rocket Arena?
Rocket Arena é o mais novo lançamento “indie” da EA, que chega apadrinhado pela iniciativa EA Originals, selo que já nos entregou ótimos games, como Unravel e A Way Out. A produtora é a novata Final Strike Games, e até onde eu consegui descobrir, este foi o primeiro jogo deles.
Em uma primeira olhada, Rocket Arena parece qualquer outro shooter de arena 3×3 que tenta pegar carona no estilo mais cartunesco e estilizado de jogos como Overwatch e Fortnite. Porém, depois que a gente joga, seus diferenciais — que não são muitos — logo se destacam.
Como o “Rocket” do título sugere, aqui tudo é sobre foguetes e explosões. Praticamente todos os personagens possuem algum tipo de projétil explosivo, cuja principal função é mandar os adversários pelos ares.
Aí entra o segundo diferencial de Rocket Arena, e talvez o mais interessante: não há barras de vida no jogo. Seu objetivo não é destruir os inimigos, mas enfraquecê-los a ponto de atirá-los para fora da arena, mais ou menos como fazemos em Super Smash Bros e Brawlhalla.
Jogando
Assim que você começar o game, um bem-vindo tutorial irá lhe explicar o básico do gameplay, que na verdade é bem simples: cada personagem possui um ataque principal básico e duas habilidades únicas, que funcionam mediante um período de cooldown.
Os controles seguem o básico dos jogos de tiro, com o diferencial que aí tudo é muito vertical: há pulos duplos, triplos e jetpacks ou poderes que vão manter você no ar por mais tempo, bem como uma esquiva — que também possui cooldown — e pode salvar sua vida em emergências.
Algumas artimanhas interessantes envolvem o uso passivo da sua arma principal. Se você atirar no chão, por exemplo, vai executar o famoso “rocket jump”, uma explosão que te joga pra cima. É possível fazer isso em paredes, também, para “escalar” partes do cenário em busca de itens e pontos estratégicos.
O que realmente faz diferença na hora do fight são as habilidades únicas de cada personagem. Há uma notável diferença no poder e na usabilidade destas habilidades, e está claro que a comunidade já escolheu alguns de seus favoritos com base em quem tem o poder mais apelão — o pirata Blastbeard está em todas as partidas, pois sua arma não demanda recarga e seu especial, Onda de Choque, é muito eficaz.
De resto, o jogo segue a cartilha de outros shooters, com o diferencial de que aqui ninguém mata ninguém: os ataques enchem uma barra de “vulnerabilidade” dos oponentes, o que os deixa mais suscetíveis a serem lançados para fora da arena — lembrando que sempre há respawn, então todos podem continuar jogando após alguns segundos
O custo x benefício
No momento em que escrevo esta análise Rocket Arena possui 11 personagens, e basicamente 3 modos de jogo: o modo Arena entrega aleatoriamente três tipos diferentes de partidas — Megafoguete, que é estilo “king of the hill” e os jogadores devem assegurar grandes foguetes que caem pela fase. Foguetebol é tipo o Lucioball de Overwatch, e nosso objetivo é pegar uma bola e levar até o “gol” adversário. Por fim, temos a Caça ao Tesouro, onde os times devem coletar moedas e proteger seus respectivos baús. O que eu mais gostei foi o Foguetebol, mas como não dá para escolher o tipo de jogo no modo Arena (é aleatório), acabei jogando muito menos dele do que eu gostaria.
Já o modo Nocaute é o “mata-mata” clássico, e ganha o time que alcançar o placar mais alto, mandando mais inimigos para fora da arena. Por fim, temos o modo Ataque dos Foguetobôs , que é um PvE de players contra ondas de bots controlados pela IA.
Confira uma abaixo uma partida completa deste modo PvE e entenda como o jogo funciona na prática:
O jogo tem um sistema “casual” de upgrades individuais para cada personagem, e em breve deve receber um sistema de partidas ranqueadas para quem almeja formar um time e “jogar sério”. A ideia é que Rocket Arena funcione em um sistema de temporadas, sendo atualizado esporadicamente, como acontece com diversos outros games atuais.
A questão é: boa parte destes jogos por temporadas são gratuitos, e todos podem curtir o básico do jogo sem gastar nada. Isso não é uma opção em Rocket Arena: a versão mais básica do jogo custa 149 reais, um preço relativamente alto para um jogo que, até o momento, não entrega muito conteúdo.
E o mais engraçado é que ele tem a maior pinta de fre-to-play: há skins, emblemas e toneladas de itens cosméticos que você pode destravar a) jogando muito ou b) gastando dinheiro real. É possível comprar packs da moeda do jogo com grana real para investir nessas bijuterias, algo bem comum em jogos competitivos gratuitos.
É perfeitamente possível curtir o game sem tudo isso, mas o fato dele custar 149 reais sem dúvida é desencorajador para muita gente. Rocket Arena se beneficiaria muito de um “starter pack” gratuito, com um ou dois personagens liberados em esquema de rodízio, para que os jogadores pudessem experimentar o jogo e decidir se ele vale o investimento.
Isso ajudaria inclusive a manter os servidores mais cheios, algo que pode vir a ser um desafio no médio/longo prazo. Jogando agora, poucos dias após o lançamento, já é bem comum ficar 4 ou 5 minutos esperando o pareamento encontrar partidas — o que nunca é legal.
Eu não me surpreenderia se em breve a EA resolvesse lançar uma demo, ou uma versão gratuita do jogo. Até espero que isso aconteça, na real. Esse é o tipo de jogo que só funciona se houver uma comunidade engajada e participativa… mas talvez essa comunidade precise experimentar o jogo antes de decidir se quer pagar por ele — sem contar microtransações.
Audiovisual
É difícil olhar para Rocket Arena e não lembrar de sucessos recentes como Overwatch e Fortnite. O jogo tem a mesma pegada: visual colorido, estilizado, com personagens cartunescos que soltam bordões e frases de efeito — em inglês, infelizmente o jogo não recebeu dublagens em nosso idioma.
A apresentação como um todo é muito simpática, combina com a vibe do jogo e roda muito bem (joguei no PS4 Pro). As arenas são bastante compactas — até porque este é um jogo 3×3 –, mas há muita verticalidade em cada uma, o que torna os combates mais dinâmicos caso os jogadores se comuniquem e saibam se movimentar.
A trilha sonora também combina com o jogo, ainda que não seja particularmente marcante. A música dos menus — e do lobby de espera entre as partidas — logo enjoa. Algum tipo de mini-game ou partida rápida durante a espera é outro recurso que seria bem-vindo.
Conclusão
Rocket Arena é um jogo competitivo simples, mas que diverte, dentro de sua proposta. Porém, ele precisa de mais conteúdo — e mais gente jogando — para atingir seu potencial. Essa é a vantagem do formato por temporadas, sempre haverá coisa nova chegando… a dúvida é se haverá uma comunidade engajada esperando por estas novidades.
Eu devo voltar a ele esporadicamente, mas sem grandes ambições de me dedicar ferrenhamente. Até gostaria de ter dois amigos empolgados para formar um time… mas não acho que o jogo valha o investimento. Pelo menos ainda não.
Então, fica aqui um apelo ao pessoal da EA: lancem uma versão gratuita do game, um “starter pack” com acesso limitado para que todos possam experimentá-lo e decidam se querem ou não gastar dinheiro. Seria mais justo, e ajudaria a criar uma comunidade interessada.
Rocket Arena foi lançado em 14 de julho, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.