Análise Arkade – Shadow of the Ninja: Reborn, um remake fiel (até demais) de um clássico do NES

2 de setembro de 2024
Análise Arkade - Shadow of the Ninja: Reborn, um remake fiel (até demais) de um clássico do NES

Shadow of the Ninja é um jogo de ação e plataforma (nem tão) clássico lançado pela Natsume em 1990 para o saudoso Nintendinho. Eis que agora, em 2024, ele está de volta como Shadow of the Ninja: Reborn, e chega revitalizado e atualizado… mas ainda com alguns vícios de antigamente.

Dois ninjas contra o sistema

Shadow of the Ninja: Reborn nos apresenta a dois jovens ninjas do clã Ryuha Shippu: Hayate e Kaede, que vivem em um um futuro distópico cyberpunk.

A enorme nação de Laurasia, outrora um lugar próspero e civilizado, foi dominada pelo punho de ferro do temível ditador Garuda, que mergulhou-a em escuridão sob o domínio de monstros e seus lacaios.

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Cabe a Hayate e Kaede desembainharem suas espadas e enfrentarem hordas de inimigos, além de incontáveis armadilhas e perigos, para restabelecer Laurasia a toda sua glória.

Ação e plataforma 2D

Shadow of the Ninja: Reborn é um jogo de ação e plataforma 2D dividido em 6 fases. Cada fase, por sua vez, divide-se em diferentes telas que na prática, funcionam como checkpoints.

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Explicando: como o jogo não possui contador de vidas, perder toda a energia é Game Over na certa. Porém, ao tentar de novo, você não precisa recomeçar tudo, mas vai voltar do início da tela em que estava quando bateu as botas. Se uma área for composta por várias telas e você morrer na última, vai recomeçar da primeira.

O arsenal básico dos protagonistas inclui uma katana e uma espécie de garra presa em uma corrente. Além disso, podemos encontrar diversos outros equipamentos, incluindo shurikens, armas de fogo e variados tipos de espadas e bastões. Estes itens, porém, só podem ser utilizados um número específico de vezes antes de serem descartados.

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Como ninjas que são, Hayate e Kaede possuem certa agilidade acrobática, podendo escalar, se dependurar e correr em paredes. O problema é que essa perícia toda não foi muito bem transportada para o controle: a jogabilidade de Shadow of the Ninja: Reborn não é tão suave e precisa quanto deveria, e mesmo coisas simples (como navegar pelos itens que coletamos) é mais trabalhoso do que deveria.

O desafio old school de Shadow of the Ninja: Reborn

O gameplay nem tão responsivo acaba sendo um problema quando percebemos que estamos diante de um jogo bastante desafiador, sem muita preocupação em ser acessível, ou mesmo justo.

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Verdade seja dita, em muitos casos, a morte chega não por inabilidade do jogador, mas por algum elemento “injusto” de game design, ou pela pura e simples falta de precisão dos controles, que complica coisas que deveriam ser simples, como subir uma beirada, por exemplo.

Quer um exemplo de ideia “injusta” de game design que causa irritação e frustração e não depende da sua habilidade com o controle? Pois lá vai: este é aquele tipo de jogo em que, quando o personagem sofre dano, dá um pulinho para trás.

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Agora, coloque inimigos atirando coisas da beirada de abismos, ou de plataformas móveis, e você vai começar a entender o que quero dizer.

Shadow of the Ninja: Reborn e suas escolhas questionáveis

E se você acha que estou sendo muito reclamão, pega essa: o jogo só tem um slot de save, mas não quer que você pare de jogar. Os checkpoints que eu mencionei ali em cima só valem para a partida atual.

Vamos supor que você, com muito esforço, acabou a fase 4, mas apareceu um imprevisto que lhe obrigou a desligar o videogame e sair. Quando você voltar, vai começar direto na fase 5, certo? Errado! O jogo vai lhe obrigar a começar do início novamente.

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Se, por qualquer razão, você voltar à tela título ou fechar o jogo, vai perder o seu progresso. O save e os checkpoints só valem para a partida atual. É como se o jogo exigisse ser terminado “com uma ficha”, sem opção de continuar mais tarde. Uma atitude de rogue-like em um jogo de fases que não tem nada de procedural.

É curioso que, embora não tenha sido lançado para arcades, Shadow of the Ninja parece seguir aquela linha de pensamento “papa-fichas”. Digo isso porque, embora seja um jogo que poderia ser terminado em menos de uma hora, sua dificuldade um tanto injusta está aqui mais para prolongar a experiência do jogador do que para melhorar a qualidade do jogo.

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Claro que você pode achar que isso é mimimi da minha parte, que eu deveria “ficar melhor”. Fique à vontade para pensar tudo isso. O fato é que, atualmente, eu costumo preferir jogos que respeitam o meu tempo. Não tenho problema com jogos difíceis, meu problema é com jogos injustos, que me fazem perder tempo, ou que apresentam uma dificuldade que é mais culpa do game design do que do jogador.

Audiovisual

Existem diversos tipos de remakes no mundo dos games. Shadow of the Ninja: Reborn segue o caminho da fidelidade. Pelos vídeos comparativos, fica claro que o jogo é praticamente uma reprodução 1:1 do título original, mas com visual totalmente reformulado.

E esta repaginada audiovisual foi muito acertada: os gráficos estão belíssimos, uma pixel art bonita e colorida que injeta vida e personalidade no mundo do game. O design dos personagens foi totalmente refeito, e mesmo os inimigos comuns ganharam novas formas.

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A trilha sonora também é muito boa, grudenta e vibrante como eram as músicas de games dos anos 1990. Os efeitos sonoros também fazem um bom trabalho. Ficou faltando uma localização PT-BR, ainda que o jogo não tenha lá muita história para contar.

Conclusão

Shadow of the Ninja: Reborn é um remake que respeita (talvez até demais) seu conteúdo original. Ao optar por não oferecer opções decentes de salvamento e qualidade de vida, o que deveria ser desafiador acaba sendo frustrante.

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Dito isso, sem dúvida existe um nicho sedento por esse tipo de desafio old school. Porém, imagino que esse mesmo nicho também aprecie a estética retrô de seus jogos (aqui não é possível alternar entre o visual antigo e o novo, como alguns jogos deixam).

De qualquer modo, se você se enquadra neste grupo retrô-nostálgico — ou simplesmente é fã do Shadow of the Ninja de NES — Shadow of the Ninja: Reborn pode ser uma boa pedida.

Shadow of the Ninja: Reborn está disponível para PC, Playstation 4 e 5, Xbox One e Xbox Series e Nintendo Switch (versão analisada).

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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